O potencial do Nordeste para se transformar em um hub de dados

Rui Gomes
CEO da Um Telecom

Publicado em: 16/10/2024 03:00 Atualizado em: 16/10/2024 05:15

O Nordeste do Brasil está próximo de protagonizar uma nova era de infraestrutura digital, com Pernambuco em posição de destaque. O Estado, por sua localização estratégica, oferece condições para uma conectividade de alta qualidade, com baixíssima latência de apenas 13 milissegundos na entrega de dados para 90% da população da região, que são cerca de 50 milhões de pessoas.

A ascensão de tecnologias emergentes, como Inteligência Artificial (IA), está gerando uma demanda crescente por data centers, que necessitam de grandes capacidades de processamento e consumo energético. Uma simples pesquisa em IA, como o ChatGPT, consome 10 vezes mais energia que buscas convencionais, destacando a urgência de investir em infraestrutura de telecomunicações alimentada por fontes renováveis de energia.

Embora o Brasil ainda tenha uma participação modesta no mercado global de data centers, o país apresenta vantagens competitivas significativas. Com abundância de energia limpa e água para resfriamento, o Brasil se mostra atrativo para investidores, sobretudo considerando os desafios energéticos enfrentados por regiões como Estados Unidos e Europa.

Há também a necessidade de descentralizar infraestruturas tecnológicas no Brasil, atualmente concentradas no Sudeste. Ampliar polos em outras regiões, como o Nordeste, trará maior segurança e estabilidade, protegendo o país de potenciais desastres naturais e eventos isolados.

A construção do data center Tier III no Parque Tecnológico (Parqtel) do Recife, no bairro do Curado, é um projeto de infraestrutura que busca fortalecer a posição de Pernambuco no cenário digital. O empreendimento recebeu investimento de R$ 41 milhões do BNDES e contribui para a transformação de Pernambuco em um hub de dados para o Brasil, aproveitando sua localização estratégica.

O mercado brasileiro de data centers está crescendo rapidamente. Em 2023, atingiu US$ 4,6 bilhões, com previsão de aumento para US$ 6,5 bilhões até 2028, segundo o relatório do Santander. Empresas locais se beneficiam da maior utilização de fontes renováveis, com apenas 15% de dependência de energia não-renovável, em comparação à média global de 61%.

O Nordeste já mostra avanços, com Fortaleza como hub de cabos submarinos, mas há muito mais potencial a ser explorado, especialmente no setor de energia renovável. A Região se posiciona como um centro estratégico para a expansão de redes de telecomunicações, armazenamento de dados e serviços digitais avançados, como computação em nuvem, 5G e internet das coisas (IoT). A colaboração entre governos e o setor privado será essencial para o desenvolvimento de uma infraestrutura digital robusta.

O presente e o futuro são digitais, e o Nordeste tem a oportunidade de liderar essa transformação tecnológica no Brasil, especialmente no setor de infraestrutura de dados, garantindo segurança a empresas do presente e do futuro.

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