À sombra do serrote ( II )
Samuel Albuquerque
Historiador, Professor da Universidade Federal de Sergipe e sócio do IAHGPE
Publicado em: 19/11/2024 03:00 Atualizado em: 19/11/2024 06:24
“Voltando ao que íamos”, dizia-lhes da excursão ao povoado Cipó de Leite, em Pedro Alexandre, no que chamo de “nordeste sergipanizado” da Bahia. Era 15 de abril de 2017, um Sábado de Aleluia, e eu procurava pela Serra da Vaca, local presumível de captura e morte do bandoleiro alagoano José Caetano de Morais, após perseguição levada a cabo por Apolinário Florentino de Albuquerque Maranhão, coronel da Legião das Guardas Nacionais de Garanhuns, em agosto de 1851.
Viajei em companhia de familiares afeitos à História: minha mãe e meu tio Luiz. Tenho essa mania de buscar, nos lugares que serviram de cenário para os fatos que estudo, os vestígios ou, no mínimo, a ambientação que inspire minha pena de historiógrafo.
Fui ciceroneado em Pedro Alexandre e guiado ao Cipó de Leite por Orlando Nascimento Carvalho (Orlando de João de Ioiô), professor de Geografia, membro de tradicional família local, com quem estabeleci contato prévio, pedindo informações e ajuda. Ele fora amigo do meu padrasto, já falecido àquela altura. Estudioso e escritor dedicado ao tema do Cangaço, Alcino Alves Costa, meu padrasto, mantinha boas relações com as famílias daquelas raias, tão acossadas pelo bando de Lampião nas primeiras décadas do século XX.
Na sede daquele município baiano (sergipaníssimo em sua alma, diga-se), fomos bem-recebidos no casarão do coronel João Maria de Carvalho, por descendentes e familiares daquele patriarca. A senhora Ana Margareth Almeida Carvalho, neta do coronel, aguardava-nos com uma mesa farta e bem-posta. De lá, seguimos para Cipó de Leite, sempre na boa companhia do nosso anfitrião.
Orlando havia me adiantado não ter notícias de nenhuma Serra da Vaca naquela região. Mas, insistente que sou, precisava ir até o povoado e inquirir os mais velhos da localidade, tentando garimpar em suas memórias indicação de serra ou serrote que, no presente ou no passado, tivesse aquela denominação.
“O Cipó” é uma vetusta povoação (remarcada nas rotas de bandos de cangaceiros), localizada no sudeste do município de Pedro Alexandre, próxima à margem direita do Rio Sergipe. Para lá, seguimos pela rodovia BA-305, um estirão de terra vermelho-amarelada que, passando pelo povoado, parte da sede municipal até a BR-235.
Dei com os burros n’água, e não com a Serra da Vaca. Das acreditadas pessoas com as quais conversei, incluindo a senhora Clotilde Benigna do Rosário (Tidinha), considerada a guardiã da memória da comunidade, nenhum miúdo indício da existência desse lugar ou de tradição que remetesse à bandoleiro diferente de Lampião e seus asseclas.
Nossa viagem teria sido um fracasso, não fossem os bons contatos estabelecidos no município de Pedro Alexandre e a oportunidade de melhor conhecer a região da Serra Negra. Ao fim do dia, tivemos uma calorosa despedida em casa de Orlando e sua esposa, Maria José Vasconcelos Barreto Carvalho, regada à excelente variedade de cachaças, frutas da época, café, bolos, doces.
Viajei em companhia de familiares afeitos à História: minha mãe e meu tio Luiz. Tenho essa mania de buscar, nos lugares que serviram de cenário para os fatos que estudo, os vestígios ou, no mínimo, a ambientação que inspire minha pena de historiógrafo.
Fui ciceroneado em Pedro Alexandre e guiado ao Cipó de Leite por Orlando Nascimento Carvalho (Orlando de João de Ioiô), professor de Geografia, membro de tradicional família local, com quem estabeleci contato prévio, pedindo informações e ajuda. Ele fora amigo do meu padrasto, já falecido àquela altura. Estudioso e escritor dedicado ao tema do Cangaço, Alcino Alves Costa, meu padrasto, mantinha boas relações com as famílias daquelas raias, tão acossadas pelo bando de Lampião nas primeiras décadas do século XX.
Na sede daquele município baiano (sergipaníssimo em sua alma, diga-se), fomos bem-recebidos no casarão do coronel João Maria de Carvalho, por descendentes e familiares daquele patriarca. A senhora Ana Margareth Almeida Carvalho, neta do coronel, aguardava-nos com uma mesa farta e bem-posta. De lá, seguimos para Cipó de Leite, sempre na boa companhia do nosso anfitrião.
Orlando havia me adiantado não ter notícias de nenhuma Serra da Vaca naquela região. Mas, insistente que sou, precisava ir até o povoado e inquirir os mais velhos da localidade, tentando garimpar em suas memórias indicação de serra ou serrote que, no presente ou no passado, tivesse aquela denominação.
“O Cipó” é uma vetusta povoação (remarcada nas rotas de bandos de cangaceiros), localizada no sudeste do município de Pedro Alexandre, próxima à margem direita do Rio Sergipe. Para lá, seguimos pela rodovia BA-305, um estirão de terra vermelho-amarelada que, passando pelo povoado, parte da sede municipal até a BR-235.
Dei com os burros n’água, e não com a Serra da Vaca. Das acreditadas pessoas com as quais conversei, incluindo a senhora Clotilde Benigna do Rosário (Tidinha), considerada a guardiã da memória da comunidade, nenhum miúdo indício da existência desse lugar ou de tradição que remetesse à bandoleiro diferente de Lampião e seus asseclas.
Nossa viagem teria sido um fracasso, não fossem os bons contatos estabelecidos no município de Pedro Alexandre e a oportunidade de melhor conhecer a região da Serra Negra. Ao fim do dia, tivemos uma calorosa despedida em casa de Orlando e sua esposa, Maria José Vasconcelos Barreto Carvalho, regada à excelente variedade de cachaças, frutas da época, café, bolos, doces.
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