O grande desafio da esquerda
Alexandre Rands Barros
Economista
Publicado em: 02/11/2024 03:00 Atualizado em: 01/11/2024 22:09
A derrota da esquerda nas eleições municipais brasileiras e o crescimento de movimentos de direita ao redor do mundo, como a força de Trump, nos E.U.A., e Giorgia Meloni, na Itália, além de avanços em países, como França e Alemanha, tornaram claro que a esquerda precisa se reinventar para voltar a crescer politicamente. Vivemos em um mundo em que há muita informação. As pessoas facilmente informam-se sobre o sucesso econômico e prestígio pessoal de outrem, muitas vezes com distorção da realidade. Pessoas aparecem em público felizes, ricas, bem-sucedidas e bonitas, muitas vezes bem acima do que são de fato!
Antes das redes sociais, a esmagadora maioria das pessoas que um indivíduo comum poderia ter como modelo aspiracional possuía nível de sucesso comunitário, sendo desconhecidos para o grande público em nível nacional ou mesmo numa metrópole. Obviamente, sempre havia os grandes sucessos socialmente reconhecidos em ambientes amplos. Mas o contato com informações sobre eles era pequeno. Pelé, Roberto Carlos, Vera Fischer e José Ermírio de Moraes são exemplos de modelos com amplitude nacional desde longas datas. Mas, circulavam poucas informações sobre eles. Os modelos de sucesso com os quais as pessoas se defrontavam no seu dia a dia, e de quem dispunham de mais informações, eram do seu próprio ambiente de convivência.
As redes sociais mudaram completamente essa relação. As pessoas dispõem de tantas ou mais informações sobre modelos nacionais e internacionais, quanto sobre seus vizinhos e amigos. Esse fenômeno elevou os anseios pessoais da maioria, pois buscam um nível de sucesso semelhante ao dos destaques nacionais e internacionais, não mais dos locais. Infelizmente, esse desempenho não está acessível a todos, já que quanto maior o sucesso, mais difícil de ser atingido. Esse fenômeno fomenta dois comportamentos principais: (i) ele leva as pessoas a buscarem obter níveis de sucesso pessoal bem elevados, seja qual for a área que julguem mais relevantes (dinheiro, beleza, destaque profissional, etc), às vezes até rompendo com a legalidade; e (ii) o recalque no sentido popular, não psicanalítico. Quando se diz que uma pessoa está “recalcada”, geralmente significa que ela sente uma espécie de frustração, ressentimento e despeito por não ter algo que gostaria, ou por ver outra pessoa com algum sucesso que ela deseja. Ou seja, o conceito está mais relacionado com ressentimento e frustração do que com repressão, como no sentido mais técnico do termo em psicanálise. Psicologicamente, esse recalque gera agressividade. Então os indivíduos passam a ter simpatia por movimentos políticos que demonstrem força e agressividade em relação a grupos e perfis específicos. Daí surgem, entre outras posturas, racismo, homofobia, elitismo, machismo e crenças de que todo político é ladrão. Como aceitar que Lula, um operário, tenha mais sucesso do que ele(a)? Vale observar que movimentos de esquerda “radicais” têm origem semelhante. A diferença é que os direitistas analisam o mundo de um ponto de vista individualista, enquanto os esquerdistas radicais o avaliam de um ponto de vista de segmentos sociais, possivelmente classes sociais. Falar de paz, amor e fraternidade de forma que toque o coração desses recalcados é o grande desafio da esquerda.
Antes das redes sociais, a esmagadora maioria das pessoas que um indivíduo comum poderia ter como modelo aspiracional possuía nível de sucesso comunitário, sendo desconhecidos para o grande público em nível nacional ou mesmo numa metrópole. Obviamente, sempre havia os grandes sucessos socialmente reconhecidos em ambientes amplos. Mas o contato com informações sobre eles era pequeno. Pelé, Roberto Carlos, Vera Fischer e José Ermírio de Moraes são exemplos de modelos com amplitude nacional desde longas datas. Mas, circulavam poucas informações sobre eles. Os modelos de sucesso com os quais as pessoas se defrontavam no seu dia a dia, e de quem dispunham de mais informações, eram do seu próprio ambiente de convivência.
As redes sociais mudaram completamente essa relação. As pessoas dispõem de tantas ou mais informações sobre modelos nacionais e internacionais, quanto sobre seus vizinhos e amigos. Esse fenômeno elevou os anseios pessoais da maioria, pois buscam um nível de sucesso semelhante ao dos destaques nacionais e internacionais, não mais dos locais. Infelizmente, esse desempenho não está acessível a todos, já que quanto maior o sucesso, mais difícil de ser atingido. Esse fenômeno fomenta dois comportamentos principais: (i) ele leva as pessoas a buscarem obter níveis de sucesso pessoal bem elevados, seja qual for a área que julguem mais relevantes (dinheiro, beleza, destaque profissional, etc), às vezes até rompendo com a legalidade; e (ii) o recalque no sentido popular, não psicanalítico. Quando se diz que uma pessoa está “recalcada”, geralmente significa que ela sente uma espécie de frustração, ressentimento e despeito por não ter algo que gostaria, ou por ver outra pessoa com algum sucesso que ela deseja. Ou seja, o conceito está mais relacionado com ressentimento e frustração do que com repressão, como no sentido mais técnico do termo em psicanálise. Psicologicamente, esse recalque gera agressividade. Então os indivíduos passam a ter simpatia por movimentos políticos que demonstrem força e agressividade em relação a grupos e perfis específicos. Daí surgem, entre outras posturas, racismo, homofobia, elitismo, machismo e crenças de que todo político é ladrão. Como aceitar que Lula, um operário, tenha mais sucesso do que ele(a)? Vale observar que movimentos de esquerda “radicais” têm origem semelhante. A diferença é que os direitistas analisam o mundo de um ponto de vista individualista, enquanto os esquerdistas radicais o avaliam de um ponto de vista de segmentos sociais, possivelmente classes sociais. Falar de paz, amor e fraternidade de forma que toque o coração desses recalcados é o grande desafio da esquerda.
MAIS NOTÍCIAS DO CANAL
MAIS LIDAS
ÚLTIMAS