Proclamação da República, uma articulação de maçons, intelectuais e militares brasileiros
Alexandre Acioli
Jornalista, pesquisador de Folkcomunicação e produtor cultural
Publicado em: 15/11/2024 03:00 Atualizado em:
Acontecimentos importantes da vida brasileira tiveram a participação da Maçonaria. Além da Independência (1822) e da Abolição da Escravatura (1888), a Proclamação da República (1889), que comemora 135 anos neste dia 15 de novembro, também foi obra articulada e orientada por esta Ordem Filantrópica e Filosófica, e teve como líderes o Marechal Manuel Deodoro da Fonseca e o também militar Benjamin Constant Botelho de Magalhães - idealizador da expressão “Ordem e Progresso” na bandeira brasileira, inspirado nas ideias positivistas de Augusto Comte. Diferentemente da Revolução Francesa (1789-1799), a mudança do regime, no Brasil, se deu sem o derramamento de sangue.
A República, ideal do jornalista e político Joaquim Gonçalves Lêdo, que sonhava com o regime republicano mesmo antes de o Brasil ser declarado independente de Portugal, foi consequência da crise institucional ocorrida durante o Período Imperial. A agrura é resultado das transformações na sociedade, principalmente a partir de 1870, com o término do maior conflito armado internacional ocorrido na América do Sul: a Guerra do Paraguai.
As questões militares, religiosa e de cunho libertário (Abolição dos Escravos) foram as causas que levaram à queda do Império e a Proclamação da República, uma vez que o poder imperial sustentava-se no tripé Escravidão-Exército-Igreja.
Em 1868, uma cisão no Partido Liberal (que defendia os interesses dos senhores rurais e da classe média urbana) deu origem ao Partido Radical, em 1869. No ano seguinte, o partido publicou um manifesto criticando o fato de o Brasil ser a única Monarquia em todo o continente americano. O manifesto, assinado por Quintino Bocaiuva, Rangel Pestana, Saldanha Marinho e Salvador de Mendonça, fundadores do Clube Republicado (embrião do partido Republicano), apresentava uma proposta de descentralização política, típica de uma Federação.
Fundado em 1873, o Partido Republicano realiza uma grande convenção, dando a largada para uma campanha nacional de criação de clubes e jornais com ideário republicano. Nos seus quadros o partido abrigava duas fortes correntes de pensamento: os “Evolucionistas” e os “Revolucionários”. Os primeiros, representados por Quintino Bocaiuva, acreditavam na não-violência e que a República aconteceria naturalmente, sem lutas. Já os revolucionários, representados pelo advogado e jornalista Antônio da Silva Jardim, defendiam a luta armada para derrubar o Império.
As reuniões e encontros para articular a derrubada do Império eram feitas às claras e os seus líderes agiam abertamente. A Imprensa atacava com violência a Monarquia. Uma reunião, de caráter maçônico, foi realizada em 11 de novembro, na residência do Marechal Deodoro da Fonseca, quando Benjamin Constant o convenceu de que deveria chefiar a “revolução”.
Na tarde do dia 14 de novembro de 1889, o major Solón Ribeiro lança o boato de que o Governo havia mandado prender Deodoro da Fonseca, Benjamin Constant e outros oficiais do Exército. A informação circulou rápido pelos quartéis e provocou o levante de dois Regimentos sediados em São Cristóvão (RJ), desencadeando a ação militar do dia seguinte, já sob o comando de Deodoro da Fonseca, que proclamou a República.
Primeiro presidente do Brasil, o Marechal Deodoro da Fonseca e o Ministério por ele nomeado foi formado por maçons, a exemplo de Campos Sales (Justiça), Floriano Peixoto (Guerra), Eduardo Nandenjkolk (Marinha), Rui Barbosa (Fazenda), Benjamin Constant (Instrução Pública), Francisco Glicéreo (Agricultura), Aristides Lobo (Interior) e Quintino Bocaiúva (Exterior). O primeiro governo republicano brasileiro implantou importantes transformações econômicas, sociais e políticas, que modernizaram o país.
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