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Suando juntos Cães são ótimos parceiros para praticar exercícios Se o cão é reconhecido como o melhor amigo do homem, ele é o camarada ideal para dar aquela força na hora do exercício

Por: Estado de Minas

Publicado em: 15/07/2015 09:25 Atualizado em: 15/07/2015 09:39

Rômulo Lagares, professor de aikido e seu boxer Kibu. Foto: Jair Amaral/EM/D.A Press
Rômulo Lagares, professor de aikido e seu boxer Kibu. Foto: Jair Amaral/EM/D.A Press

Ele não é apenas uma companhia carinhosa e sempre disposto a dar atenção. Quem tem um cachorro em casa pode contar com um amigo ideal para espantar a monotonia e levar uma vida saudável. É que, não importa a raça, macho ou fêmea, os cães são ótimos parceiros para praticar exercícios. E não pense que é só caminhada ou corrida. Muitos deles estão dispostos a estar ao seu lado seja para pegar onda, andar de skate, de bike ou mesmo entrar em ação e o ajudá-lo na sua performance, como fazia o boxer Kibu, de 10 anos, que treinava aikido com seu dono, Rômulo Lagares, de 41 anos, professor da arte marcial. “O boxer é protetor sem ser agressivo. Tem perfil equilibrado, é dócil, atlético e extremamente confiável. Meu mestre japonês me falou que treinar com cachorro grande e bravo melhora a esquiva, o reflexo, a agilidade e muito mais. Sempre pensei nisso e me apaixonei pelas características do boxer.”


Rômulo, que é dono da escola BuTokuDen Aikido, lembra que Kibu, ao longo dos anos, perdeu energia, ficou idoso, mas sempre foi seu parceiro ideal. “Encontrei o amigão da minha vida. Quando ficou adulto levava-o para treinar e começamos a lutar. A confiança era total. Ele nunca me atacou com raiva. Rosnava, ouriçava os pelos, mas jamais me machucou, só uns arranhões. Já não puxava tanto o ritmo do treino, pegava mais leve. E é impressionante o quanto minha técnica evoluiu. O incrível é que Kibu sabia como se comportar comigo, com uma criança ou com uma mulher, dosava sua força e adorava visitas. Em casa, ele tinha o terraço à disposição e sua cama era um tatame. E vivia à minha volta.”

Infelizmente, antes do fechamento desta edição, Kibu morreu. Depois de 10 anos de parceria, Rômulo está sem chão, triste. “Meu amigão foi embora. Fiz minha prova do quarto dan num sábado, ele me acompanhou, e pareceu esperar pelo resultado. Fui aprovado e, no domingo, ele morreu. Há sete anos, quando fiz o exame para o terceiro dan, treinei com ele. O amigão ficava o tempo todo atrás de mim, dormia na porta do meu quarto, a falta é gigantesca. O que me conforta é que ele não sofreu, não ficou doente, deitou para descansar e se foi. Acho que foi coração. Essa matéria será uma homenagem. Fico feliz.”

Na água

Num ritmo mais calmo, a empresária Luciana Mascarenhas Hermeto tem nos fins de semana a companhia da vira-lata Rebeca em cima de sua prancha de stand up paddle por uma hora e meia enquanto se exercita na Lagoa dos Ingleses. “Nós a chamamos de 'bichonlata', já que a avó dela tinha pedigree, era bichon frisé, mas namorou com dois vira-latas, assim como sua mãe, que era inteligente, aquática e minha companhia em todas as aventuras, inclusive pelas cachoeiras. A Rebeca é da pá virada, tem 11 anos, uma senhorinha, mas muito moleca, mesmo sem tanto pique.”

Luciana conta que há um ano se apaixonou pelo esporte e, arrasada por deixar Rebeca sozinha em terra e com medo de perdê-la (não queria prendê-la), a saída foi tê-la como companheira. “Ela adora, cai na água, às vezes, faz bagunça no barro e é um caos, mas se diverte. Outras vezes, ela fica com preguiça e foge. Mas sempre vai numa boa e fica quietinha, mesmo no frio. No calor, paro um pouco para ela se refrescar. Só não gosto que nade muito porque tem otite e é muito peluda.” Mas Luciana ressalta que a parte mais gostosa é a “Rebeca ser uma vira-lata inteligente, que adoece pouco, carinhosa, que faz a alegria dos meus dois netos, que pintam e bordam com ela”.

Palavra de Especialista

Izabela Gomes - veterinária, com especialização em ortopedia e fisioterapia

“Assim como as pessoas fazem avaliação física antes de começar a treinar, é preciso levar seu cachorro ao veterinário. Lembre-se de que nem sempre é possível fazer tudo com ele. Mas ter a companhia dele na hora da malhação é uma parceria e tanto, uma troca bacana para o dono e para o animal. Só é preciso atenção com as diferenças de raças. As que mais preocupam são cães braquicefálicos, aqueles com focinho achatado, como o buldogue e o pug. Eles têm maior dificuldade em respirar e baixa resistência. Então, a corrida não é indicada porque demoram na troca do gás carbônico com o oxigênio e demoram a dissipar o calor, correm risco de hipertermia. Basta tomar cuidado. Para eles, recomendam-se atividades leves, como as caminhadas. Mas mesmo o cachorro com massa genética para a corrida, como o whippet, precisa ser treinado. O fundamental é o dono estar atento e decifrar os sinais do animal. Tem de perceber o limite, se está ofegante, se é preciso parar e dar água. Assim, seu cão pode ir para quase todo lugar. Pescar, andar de bicicleta, na prancha, na corrida ou caminhada. Ele é uma companhia e tanto e, na verdade, também precisa se exercitar, é da sua natureza não ficar parado.”


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