Politica

Por pedido de votos, opositores se mobilizam contra Lula e Boulos

E movem ações por campanha eleitoral antecipada e abuso de poder econômico. Vídeos do presidente citando o deputado federal, em evento no 1º de Maio, foram tirados do ar por determinação da Justiça

Ao discursar para os apoiadores, presidente pediu voto para Boulos na corrida eleitoral paulistana

Ao incluir um pedido de voto em Guilherme Boulos (PSol-SP), no discurso que fez no evento elaborado pelas centrais sindicais para o 1º de Maio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu um flanco para que adversários recorram à Justiça Eleitoral contra ele e o pré-candidato à prefeitura de São Paulo por fazerem campanha antecipadamente e abuso de poder econômico. Especialistas ouvidos pelo Correio apontam que houve uma infração eleitoral que ameaça inviabilizar a candidatura de Boulos.

 

Um dos que reagiram à infração foi o diretório paulista do MDB, sigla do atual prefeito e pré-candidato à reeleição Ricardo Nunes. Anunciou, ontem, que vai acionar a Justiça Eleitoral contra Lula e o pré-candidato do PSol. "É uma afronta à legislação eleitoral vigente. Eleição não é guerra e a população paulistana não pode ser a vítima", observou Enrico Misasi, presidente do MDB em São Paulo, em nota.

 

O Novo, da pré-candidata Marina Helena à prefeitura paulistana, conseguiu a primeira vitória ao obter na Justiça Eleitoral a remoção do vídeo com o trecho do pedido de voto feito por Lula no evento que se realizou na Arena Neo Química, em Itaquera, na Zona Leste de São Paulo. Segundo o partido, a permanência das imagens no YouTube prejudica a paridade entre os pré-candidatos, "especialmente porque, além da extemporaneidade do ato de campanha, se trata de um 'cabo eleitoral' (Lula) de considerável relevância."

 

Com a decisão da Justiça Eleitoral, a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) e o próprio presidente removeram de seus canais no YouTube o recorte do discurso com a defesa da candidatura de Boulos.

 

Além do Novo, o União Brasil — que tem como possível candidato à prefeitura paulistana o deputado federal Kim Kataguiri (SP) — e PP moverão representações contra Lula e Boulos.

 

Para especialistas em direito eleitoral, não resta dúvida de que Lula cometeu uma infração. "Se enquadra como propaganda eleitoral antecipada, tendo em vista que foi realizada antes do pleito e com pedido explícito de voto. Desse modo, é passível de multa", esclareceu Iasmin Gonçalves, mestre em direito público pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e especialista em direito eleitoral.

 

O especialista em direito eleitoral Max Telesca adverte que a conduta do presidente se enquadra no art. 36-A, da Lei 9504/97, que não permite o pedido explícito de voto para uma pretensa candidatura. Ele salienta, porém, que os efeitos práticos de uma ação contra Lula e Boulos seriam ínfimos.

 

"Acredito que o presidente deve ser multado e os partidos antagônicos a Boulos deverão postular pela aplicação de uma eventual inelegibilidade por abuso do poder econômico ou político, após o registro da candidatura. Mas não creio que a atitude do presidente tenha impacto para desequilibrar o pleito", avaliou.

 

Segundo o cientista político e mestre em administração pública Felipe Espírito Santo, o discurso de Lula não configura crime, mas trata-se de falta de responsabilidade. "Infelizmente o presidente parece estar mal assessorado. Fazer do 1º de Maio palanque eleitoral não foi prudente e demonstra dificuldade de mobilizar massas e falta de adesão social. Mas, principalmente, dá munição para os adversários", advertiu.

 

As informações são do Correio Braziliense. 

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