Apesar da proximidade das eleições municipais, que acontecem no dia 6 de outubro, cerca de 56% dos eleitores do Recife ainda não sabem em qual candidato a vereador vão votar. O dado é da pesquisa sobre Obrigatoriedade do Voto e Decisão para o Pleito Atual, realizada pela Fafire Inteligência de Mercado.
Enquanto apenas 43,94% dos recifenses escolheram seus representantes à Câmara Municipal, 66,62% dos entrevistados já decidiram qual o seu candidato à Prefeitura da capital. 33,38% seguem indecisos.
O cientista político e especialista em Direito Eleitoral Felipe Ferreira Lima, consultor da pesquisa, explicou a diferença entre os dados levantados.
“Tradicionalmente, o voto no vereador são de escolha secundária. Geralmente, o eleitor só escolhe nos últimos dias de campanha, ou até no dia da eleição. Isso acontece pela variedade de candidatos que existem numa eleição de vereador. A concorrência é maior em um espaço geográfico menor, que gera a demora na escolha do candidato”, analisou.
Para Ferreira Lima, o desconhecimento quanto ao trabalho do parlamentar também pesa para a falta de prioridade na escolha.
“A falta de clareza quanto a função do vereador também contribui. Em razão disso, o eleitor pode condicionar o voto dele a uma questão pessoal, por critério de afinidade, como é o caso do prefeito, do líder comunitário, alguém que ele possa recorrer, ter contato”, afirmou.
A pesquisa foi realizada entre os dias 04 e 19 de setembro, entrevistando 776 recifenses de diferentes gêneros, faixas etárias e regiões da capital pernambucana, sob a orientação do Pesquisador e Coordenador da Fafire Inteligência de Mercado, João Paulo Nogueira.
A margem de erro do levantamento é de 3,5% para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%.
Abstenções
O levantamento revela ainda que 47,66% dos eleitores recifenses não concordam com o voto obrigatório, contra 50,12% que apoiam a obrigatoriedade, e 2,22% que não souberam responder.
Dentre os entrevistados contrários ao voto obrigatório, 48,76% afirmaram que não iriam às urnas, enquanto 47,38% ainda exerceriam seu papel democrático. 3,86% não souberam responder.
Para Ferreira Lima, é comum que os eleitores se identifiquem com o voto facultativo pelos ideais de liberdade de escolha, mas defender a abstenção pode ser um sintoma da insatisfação com a política - o que também impacta a falta de prioridade na escolha do candidato.
“O momento que estamos vivendo de polarização e rejeição não só a partidos, mas também da classe política, faz com que aqueles que perdem a esperança após perder a eleição se rebelem contra o sistema. Uma forma de protestar é não votar, ou votar nulo”, explicou.
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