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Críticas contra ausência de João, poucas propostas e clima morno: veja como foi o primeiro debate à prefeitura do Recife, na UFPE

Esse foi o primeiro debate com candidatos à prefeitura do Recife

Debate ocorreu nesta quarta-feira (18)

Sete dos oito candidatos à Prefeitura do Recife participaram do debate da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pernambuco (Adufepe), nesta quarta-feira (18). Em pouco mais de duas horas e meia, os candidatos debateram sobre saúde, habitação e infraestrutura, questionaram a falta do candidato à reeleição João Campos (PSB), falaram do conflito em Israel x Hamas e responderam como será o diálogo de suas gestões com as outras prefeituras do Grande Recife. 

Participaram os candidatos Daniel Coelho (PSD), Dani Portela (PSOL), Gilson Machado (PL), Victor Assis (PCO), Ludmila (UP), Técio Teles (Novo) e Simone Fontana (PSTU). Segundo o mediador do debate, o professor Ricardo Oliveira, diretor da Adufepe, a equipe de João Campos (PSB) não respondeu ao convite feito pela organização do debate. Além disso, a assessoria informou que João foi acompanhar o enterro do deputado estadual José Patriota (PSB), em Afogados da Ingazeira, no sertão do Estado. 

Dividido em quatro blocos, o debate começou com a apresentação dos candidatos; no 2º, os concorrentes fizeram perguntas entre si; no 3º bloco, responderam a perguntas feitas pelo mediador; no 4º e último bloco, a Adufepe questionou os candidatos sobre como será o diálogo com as outras prefeituras da Região Metropolitana, e então, as considerações finais. 

Logo no início, o candidato Daniel Coelho (PSD) e Gilson Machado (PL) aproveitaram para demonstrar repúdio à decisão da Justiça Eleitoral ao suspender as propagandas eleitorais do candidato liberal. Segundo a sentença, a decisão foi tomada após as propagandas eleitorais do candidato trazerem um “suposto esquema intitulado de ‘máfia das creches’” contra o candidato à reeleição, João Campos (PSB).

“Deixo aqui também meu repúdio à censura. Não é aceitável que estejamos proibidos de falar desse assunto na televisão. O processo democratico deveria ser colocado onde a gente fala e ele (João Campos) teria a oportunidade de responder. Mas corre de responder aqui e vai tentar nos calar pela televisão, mas vamos continuar firmes falando do assunto”, afirmou Daniel Coelho.

A fala foi apoiada por Gilson Machado, que indagou: 

“Ontem, João Campos mandou cancelar mais 13 creches. Depois da nossa denúncia, já são 35 e o que é mais grave, Daniel, eles colocaram sigilo nisso para que os jornalistas não tenham acesso. Dani, você como deputada, é importante que solicite o acesso porque isso transcende ideologia. Isso é um problema que precisa ser passado a limpo. Por que a mãe, hoje, precisa pedir autorização ao político da ocasião para colocar o filho na creche?”.

Ainda no 2º bloco, os candidatos debateram sobre temas ligados à habitação, saúde, desigualdade, infraestrutura, segurança e turismo. 

Nesse bloco, Victor Assis (PCO) chegou a afirmar que Técio Teles (Novo) apoia o genocidio na faixa de Gaza. Esse foi o único direito de resposta concedido durante o debate: “Isso é uma acusação muito séria porque atrás de cada candidato tem uma vida. Não tenho família na política, perdi meus pais em hospitais públicos, não estou representando ninguém do ponto de vista financeiro ou ideológico. Quero mudar a política do estado de Pernambuco e da cidade do Recife. Então, antes de dirigirmos palavras ofensivas e comparar as pessoas à terroristas precisamos conhecer a história de vida de cada um”. 

O debate ainda teve conflitos entre a esquerda e a direita. Os representantes da esquerda questionaram as Parcerias Públicas Privadas na cidade como uma forma de solucionar problemas. Indagação defendida pelos candidatos de direita, que explicaram que apoiam o uso das PPP desde que seja feito de forma criteriosa e fiscalizada.

Último bloco

No último bloco, os candidatos foram questionados como será feita a articulação com as outras prefeituras da Região Metropolitana do Recife para tratar de problemas estruturais concernentes à região. 

“Enfrentar a desigualdade do Recife é pensar em políticas públicas que olhem para a questão da mobilidade. Não podemos discutir mobilidade sem fortalecer o transporte público e abrir a caixa preta do transporte público metropolitano na cidade do Recife e seu entorno. As mesmas famílias vem lucrando há anos, é bom para os mesmos empresários, mas é ruim para quem trabalha e para quem usa. Precisamos dialogar, sim, com o Estado, com a Federação, com o Governo Lula”, pontuou Dani Portela (PSOL). 

“A RMR é composta por 14 municípios, região que concentra, aproximadamente, 50% da população do estado de Pernambuco. O que a gente acompanha hoje é uma total falta de iniciativa por parte do gestor da cidade do Recife de liderar esse processo. Temos na região não só o transporte público de interesse comum, mas o lixo da nossa cidade, infraestrutura, segurança pública. O cidadão não é somente cidadão do Recife, ele mora em Olinda, trabalha em Jaboatão, mora em Araçoiaba e trabalha no Cabo e precisa se conectar por metrô e ônibus. Eu entendo que os problemas do Recife precisam ser resolvidos de maneira integrada, o Recife entendendo seu papel enquanto capital de nosso Estado”, disse Técio Teles (Novo).

“Transporte é inevitavelmente metropolitano. Quando prefeito da cidade do Recife no ano que vem, nós vamos bater no peito e dizer que o sistema de ônibus e transporte é problema nosso, assim como saúde é problema nosso, assim como saúde e segurança é problema nosso. A pergunta que fica no ar, que essa cadeira vazia grita, mas não responde: ‘por que não colocar um real no sistema de ônibus da cidade do Recife?’”, respondeu Daniel Coelho (PSD).

“Quem estiver no comando da capital, precisa atender as demandas da população em conjunto. Onde a classe trabalhadora tiver necessidade de moradia, transporte, saúde, quem tá na gestão precisa atender. Precisamos fazer com que a população seja atendida onde estiver. Queremos fortalecer conselhos populares em toda a Região Metropolitana”, falou a candidata do PSTU, Simone Fontana. 

“A integração com outros municípios da região e com outros estados, não seria por meio das empresas entre as diversas cidades, nem nas Câmaras de Vereadores e nem prefeitos picaretas, mas por meio de conselhos populares”, explicou Victor Assis (PCO). 

“Eu vou chamar pra mim essa responsabilidade. Eu vou liderar o consórcio que vai fiscalizar, através de um aplicativo, para saber que horas o ônibus chega, que horas sai e controlar a quantidade de ônibus nas ruas. Nós vamos fazer com que se tenha um serviço de qualidade nos ônibus”, contou Gilson Machado (PL). 

“O que resolve o problema do transporte coletivo, é ele ser de fato público. Porque a saúde pública a gente não paga, a educação pública também não, por que esse transporte ruim, de péssima qualidade, que a gente paga uma fortuna, chamamos de público? É transporte privado. Porque essas empresas pensam no lucro, não investem na frota, elas querem o mínimo de ônibus, os de menor qualidade para nos amontoar como se fossemos sardinha dentro de lata para que eles lucrem mais. Essa é a realidade”, declarou Ludmila (UP). 

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