JUNHO LARANJA

Brasil teve 31,8% de aumento nos casos de leucemia em 2020

Publicado em: 21/06/2021 09:00 | Atualizado em: 18/06/2021 21:33

Médica hematologista do Hospital das Clínicas da UFPE/Ebserh, Lorena Corrêa. (Foto: Paula Maestrali/HC
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Médica hematologista do Hospital das Clínicas da UFPE/Ebserh, Lorena Corrêa. (Foto: Paula Maestrali/HC )
Um dos tipos mais frequentes e agressivos de câncer é a leucemia, que se manifesta na medula óssea. Para evitar essa doença e chamar atenção para o diagnóstico precoce, o mês de junho, representado pela cor laranja, é dedicado à conscientização sobre a leucemia e a anemia, ambas doenças que afetam o sangue. Segundo os dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), só em 2020, o Brasil teve 10.810 novos casos de leucemia, um aumento de 31,8% em relação aos 7.370  de 2020. Ela atingiu 5.920 homens e 4.890 mulheres. A doença, em alguns casos, também pode se manifestar de forma silenciosa.

Essa enfermidade maligna dos glóbulos brancos, ainda não tem a origem reconhecida pelas pesquisas e pelos médicos. O nome leucemia é uma classificação para uma série de doenças que se manifestam na medula óssea, onde ocorre a fabricação do sangue, popularmente chamada de tutano - parte vermelha dos ossos. O aumento da produção de células defeituosas acaba prejudicando a formação das células sanguíneas normais, podendo também diminuir a quantidade de glóbulos vermelhos, podendo causar a anemia.

O paciente que tem o diagnóstico positivo para a leucemia pode apresentar sintomas como febre; perda de peso; desconforto abdominal; dores de cabeça; náuseas e vômitos. Entre os tipos, existem algumas variantes, separadas em agudas e graves. As graves, agravam-se lentamente e as agudas pedem um tratamento mais imediato.

A médica hematologista do Hospital das Clínicas da UFPE/Ebserh, Lorena Costa, explica que a classificação das leucemias agudas e crônicas podem ser separadas em mieloides e linfoides. As crônicas consistem na multiplicação das células estranhas na medula óssea, já as agudas são as células jovens que estão se multiplicando. "Através do leucograma podemos ver a quantidade dessas células que podem indicar algo, todas são produzidas na medula óssea, a fábrica do nosso sangue", disse Lorena.

Ainda segundo a hematologista, todas as leucemias são doenças genéticas que ocorrem por mutações variadas. "Não sabemos o que causa, contribuintes importantes são a radiação, agentes tóxicos como agrotóxicos e também o benzeno, pessoas em contato com essa substância podem desenvolver a leucemia", afirmou. Um dos tratamentos suportes é a transfusão de sangue, mas não é o único, em 80% dos casos de leucemias agudas os pacientes precisam de transfusão de sangue.

Existe também, a possibilidade de o paciente melhorar com o uso de comprimidos orais, quimioterapia e imunobiológicos -células criadas industrialmente voltadas para atacar as células de algumas leucemias. Com a ajuda do tratamento o paciente pode ficar sem sangramentos, melhorando o seu estado clínico. A duração do tratamento varia de pessoa para pessoa e também considera o tipo de leucemia. Para as crônicas, o tratamento pode pedir que o paciente use medicamentos orais para o resto da vida, já para as aguadas o paciente pode enfrentar um tratamento mais agressivo que dura de um até cinco anos e contar ainda com o transplante de medula.

Eliciane Alves, de 37 anos,  portadora de Leucemia Mieloiede Aguda (LMA). (Foto: Acervo Pessoal)
Eliciane Alves, de 37 anos, portadora de Leucemia Mieloiede Aguda (LMA). (Foto: Acervo Pessoal)

Portadora de Leucemia Mieloiede Aguda (LMA), Eliciane Alves, de 37 anos, descobriu a doença em dezembro de 2018 e foi tratada no hospital, até abril de 2019. Tudo começou com tosse e muita secreção. Depois de alguns dias acordou com falta de ar e foi direto para o hospital, quando descobriu a doença e ficou internada por três meses e meio. "Fiz três sessões de quimioterapia no hospital e minha imunidade baixou muito. Foi horrível, mas meu organismo estava resistente à quimioterapia", disse Eliciane.

Ainda hoje ela convive com um cateter para tomar as medicações. O maior medo durante o tratamento foi a possibilidade de transplante de medula. "O risco de morte pós-transplante era muito grande. Eu dizia que lutava pelo meu filho e era por ele que eu queria sair do hospital", relembrou. 
 
Números da leucemia no Brasil:

2020 - 10.810
2019 - 7.370

Por sexo

Homens
2020- 5.920
2019- 4.014

Mulheres
2020- 4.890
2019- 3.356
 
Fonte: Instituto Nacional de Câncer (Inca). 
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