A velocidade com que links são compartilhados na internet é oposta à verificação prévia do conteúdo. Foto: Pixabay/Reprodução

Um estudo desenvolvido por cientistas da Universidade de Columbia e do French National Institute constatou que 59% dos usuários da internet compartilham links nas redes sociais sem ler seus conteúdos antes.

Isso mesmo: os links sequer são clicados, basta a informação que consta no link para ser curtido, compartilhado, retuitado, reblogado. O estudo considera que esse tipo de "ação cega" está moldando nossas agendas políticas e culturais compartilhadas.

Em um comunicado, citado pelo jornal The Washington Post, um dos co-autores da pesquisa, Arnaud Legout, afirma que "pessoas estão mais propensas a compartilhar um artigo do que a lê-lo". Segundo o pesquisador, "isso é típico do consumo da informação moderna. Pessoas formam uma opinião com base em um resumo ou em um resumo do resumo, sem fazer o esforço para ir mais fundo".

Metodologia e descobertas
Legout e os outros autores, para executar o estudo, coletaram duas peças de dados no Twitter: uma, eles selecionaram todos tuítes que continham links encurtados pelo Bit.ly - famoso encurtador de endereços - que direcionavam para cinco grandes fontes de notícias durante um período de um mês; a outra, composta por todos os cliques relacionados a essa mesma peça de links encurtados, no mesmo período. Desta maneira, após a análise dos dados, os cientistas descobriram como notícias se tornam virais na rede social dos 140 caracteres.

A equipe elaborou uma espécie de mapa, que mostra que notícias virais são amplamente compartilhadas, mas não necessariamente lidas por 60% das pessoas.

Outra descoberta do estudo foi que a maioria dos cliques em notícias foram feitos em links compartilhados por usuários comuns do Twitter, não por perfis oficiais de imprensa.

Pegadinha
No começo de junho, o site de notícias fictícias the Science Post fez uma espécie de pegadinha com seus leitores: publicou uma "matéria" que continha apenas um parágrafo sério, citando um suposto estudo que afirmava que 70% dos usuários do Facebook apenas liam a manchete de notícias científicas antes de comentá-las. O restante do post contém apenas "lorem ipsum", recurso em latim normalmente utilizado para preencher espaço de texto em publicações impressas e online para checar o layout e a formatação da página..

Cerca de 46 mil pessoas compartilharam o post na rede social, algumas quase que imediatamente após a publicação. Apressadinhos.