Vida Urbana

Microcefalia pode ser descoberta mais cedo

Apenas três dos casos notificados até agora foram descobertos ainda dentro do útero. Maior rapidez poderia melhorar acompanhamento

Apartir de 32 semanas de gestação, no último trimestre de gravidez, já é possível identificar a microcefalia intraútero. Mas o número de notificações de bebês com perímetro cefálico abaixo da média de forma precoce, ainda durante o período gestacional, tem sido baixo diante do aumento de casos de recém-nascidos com microcefalia. No último Boletim Epidemiológico em Pernambuco, foram registrados 1.031 casos suspeitos de recém-nascidos microcéfalos e três gestantes detectadas com microcefalia intraútero.

Especialistas acreditam que a falta de preparo das unidades de saúde e o descuido das mães com exames pré-natal dificultam o diagnóstico rápido, que possibilita um melhor acompanhamento das mães de bebês.

“Na medida em que se fortalecem as notificações e o monitoramento de microcefalia intrauterina, o número de casos tende a aumentar, o que nos dá um panorama melhor mais fiel da situação. Por isso é tão importante manter o pré-natal de rotina, sobretudo nos três últimos meses”, diz a secretária-executiva de Atenção à Saúde da Secretaria estadual de Saúde, Cristina Mota.

Considerando que o volume maior de partos é realizado nas unidades públicas, obter mais fielmente o número de bebês com microcefalia permite acrescentar novas informações e novos dados às pesquisas científicas e direcionar melhor as políticas públicas para essa epidemia.

Além das três gestantes detectadas com microcefalia intraútero, no último boletim, também foram identificadas 155 grávidas com exantema (manchas vermelhas na pele que denotam infecção por zika vírus), notificadas entre 2 e 20 de dezembro. Os casos foram registrados em 32 municípios pernambucanos, mas a maioria no Recife (25,8%), em Vitória de Santo Antão (11%) e em Olinda (11%), onde estão os serviços de referência mais capacitados. A partir do momento que as unidades de saúde do interior intensifiquem as notificações, esse mapeamento pode ter outra configuração.

Para as mães, o diagnóstico precoce da lesão cerebral permite o acompanhamento psicossocial por equipe multidisciplinar para que a gestante tome os cuidados necessários. “O pré-natal por si só já é fundamental. A partir do sétimo mês, entre 32 e 35 semanas, a microcefalia é mais perceptível no exame de ultrassonografia, diminuindo a possibilidade de falso negativo (resultados errados). Isso porque nesse momento da gestação, o cerébro começa a crescer menos. O pré-natal nos três primeiros meses e nos três últimos são mais importantes”, explica o diretor-geral de Controle de Doenças e Agravos da SES/PE, George Santiago Dimech.

O resultado do último boletim mostrou que Pernambuco é o estado com 37% dos casos brasileiros de microcefalia ligada ao zika vírus, o que em números absolutos são 1.031 recém-nascidos com suspeita da lesão cerebral. Destes, 361 têm grandes chances de confirmação, porque o perímetro cerebral, no momento do nascimento, apresentou tamanho menor que 32 cm. Os outros 670 recém-nascidos tiveram circunferência craniana entre 32cm e 33cm e estão em investigação. A confirmação será realizada através de tomografia.

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