Dentre os protocolos em discussão estão os estudos de casos-controles da microcefalia, as pesquisas sobre crianças com a malformação, a análise de gestantes com exantemas (manchas vermelhas), a transmissão sexual do zika vírus e todas as manifestações neurológicas ocasionadas pelo vírus.
As reuniões que visam a elaboração desses parâmetros envolvem cientistas de Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Colômbia, El Salvador, México e Equador, além de representantes da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização Panamericana de Saúde (Opas). Os encontros, divididos em grupos de trabalho, começaram ontem e serão concluídos hoje.
Segundo a Fiocruz, a unificação dos procedimentos permitirá que especialistas de um país utilizem dados apurados em outro para chegar a conclusões em seus estudos. Dessa forma, um cientista que estiver fazendo uma pesquisa sobre grávidas com exantemas e precisar de uma estatística em escala superior à que dispõe em seu país, por exemplo, poderá usar informações de colegas estrangeiros.
Atualmente esse intercâmbio é dificultado pelas diferenças de metodologia na coleta dos dados, que cria variáveis com potencial de comprometer a fidelidade dos dados. A partir da unificação, os mesmos questionamentos serão usados para a elaboração de diagnósticos.
Um dos impactos práticos dessas diferenças é que os resultados de uma pesquisa sobre o surto de zika na Polínésia Francesa, ocorrido em 2013 e 2014, não podem servir de referência para as epidemias em outros países. O estudo publicado na revista médica britânica The Lancet afirma que a microcefalia atingiu uma em cada cem grávidas infectadas pelo zika no primeiro trimestre da gestação.
Entre os presentes à reunião da Fiocruz estão Sylvian Aidighieri, chefe da Unidade de Alerta e Resposta Epidemiológica do escritório central da OPAS/OMS em Washington (EUA) e Enrique Vasques, que ocupa o mesmo cargo para a America Latina. Eles vieram acompanhar as atividades desenvolvidas pelo Microcephaly Epidemic Research Group (Merg), grupo coordenado pela Fiocruz Pernambuco sobre pesquisas clínicas e epidemiológicas envolvendo o zika.
O Ministério da Saúde e os estados investigam 4.268 casos suspeitos de microcefalia em todo o país, de acordo com os dados mais recentes da epidemia. Isso representa 65,9% dos casos notificados. O informe, divulgado na quarta-feira, aponta, também que 2.212 casos foram investigados e classificados, sendo 1.349 descartados e 863 confirmados para microcefalia e outras alterações do sistema nervoso.
Os casos confirmados ocorreram em 327 municípios de de 19 unidades da federação - Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pará, Rondônia, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul. Os descartes foram ocasionados porque as crianças apresentarem exames normais ou microcefalia por causas não infeciosas.
Pernambuco tem 1.179 notificações de microcefalia, das quais 256 estão confirmadas e 297 descartadas, segundo boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde.
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