Desabafo Médica vizinha da Brinks desabafa: 'senti impotência e vulnerabilidade' Anestesiologista dormia no primeiro andar de sua casa, distante cerca de um quarteirão do alvo dos bandidos, quando, acordou com o som de explosões e disparos de armas de grosso calibre

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 21/02/2017 10:48 Atualizado em: 21/02/2017 13:54

"Senti impotência e vulnerabilidade. Ficamos em pânico, medo extremo, terror mesmo", relatou a médica de 54 anos, moradora de uma área vizinha à empresa de segurança e transporte de valores Brinks, na Avenida Recife, invadida por bandidos na madrugada desta terça-feira. A anestesiologista dormia na companhia da filha, de 21 anos e da mãe, uma idosa de 87 anos, no primeiro andar de sua casa, na Rua Artur Campelo, bairro de Areias, distante cerca de um quarteirão do alvo dos bandidos, quando, por volta das 3h, acordou ao som de explosões e disparos de armas de grosso calibre.

"As explosões balançaram as vidraças da minha casa. Achei que era um acidente automobilístico. Depois, a vizinha da frente disse que estavam tentando entrar na casa dela. Ligamos para a polícia e a vizinhança entrou em contato uns com os outros. Ouvi os tiros muito perto. Ainda vi um gol branco na minha rua, que chegou e parou. Depois, corri para o quarto e ficamos deitadas no chão", detalhou a médica, acrescentando que a mãe não ouviu a movimentação por estar sem o aparelho de surdez, mas por outro lado não pôde deitar no chão para se proteger de balas perdidas por não andar, sequelada de uma lesão medular. Momentos dramáticos, segundo relata.  

Abalada, a profissional de saúde admite que o crescimento da violência tem alterado a sua rotina: "Nunca fui assaltada nessa área da minha casa. Sinto muito medo. Ontem mesmo estava no sobreaviso da anestesia e fui chamada às 20h30 e retornei para casa às 23h30. Como posso trabalhar em paz, se preciso sair para as urgências? Vou pensar duas vezes antes de sair de casa", ponderou.

A médica fez um apelo direto ao governador Paulo Câmara: "Apelo ao governo que tome medidas preventivas em volta dessas agências, pois eles fazem da mesma forma que nas agências do interior. Grampos na rua, explosivos, armamento pesado.Como conseguem?", indagou, lembrando que ocorrências do mesmo tipo vêm acontecendo há meses e com grande frequência, principalmente no Agreste e Sertão de Pernambuco.