A entrevista coletiva marcada para o final da manhã desta terça-feira para anunciar o esquema de segurança para o carnaval foi tomada por um assunto mais urgente: a ousada investida de uma quadrilha fortemente armada que explodiu o cofre da empresa de segurança e transporte de valores Brinks e aterrorizou os moradores da Zona Oeste do Recife com disparos de armas de grosso calibre, esta madrugada.
Antes de falar sobre a festa, o secretário de Defesa Social, Ângelo Gioia, falou com a imprensa sobre o caso. Segundo ele, a polícia tem certeza de que a ação foi praticada por um grupo interestadual formado por mais de 20 homens e que usava armamento de guerra e armas importadas, como fuzil 762. O secretário
reconheceu que o armamento dos bandidos era muito superior ao da polícia, mas garantiu que a PM respondeu à altura. Ao final do dia, a SDS deve divulgar um balanço da ação.
Gioia adiantou que a SDS já tem as imagens das câmeras de segurança que flagraram toda a ação no entorno e que o setor de iteligência está trabalhando para identificar e prender os suspeitos. As imagens, no entanto, não serão divulgadas para não atrapalhar as investigações. O secretário acrescentou que os três PMs feridos durante confronto com a quadrilha passam bem.
Ao final da entrevista, o Ângelo Gioia falou sobre o ofício encaminhado pela bancada de oposição ao governo do estado na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) para que o estado solicite ao Governo Federal o envio de tropas federais para reforçar a segurança durante o carnaval. O secretário disse que não vê necessidade para a medida e que, se fosse preciso, o governador Paulo Câmara já teria solicitado, como fez ano passado. "A polícia de Pernambuco tem comando. Não existe nenhum lugar em Pernambuco onde a polícia não entre. Isso não resolve. De quaçquer forma, é preciso colocar a polícia na rua para ir nos lugares, porque os homens da Força Nacional não conhecem o lugar", justificou.
Diante dos fatos, o governador Paulo Câmara cancelou a agenda que tinha marcada em São Paulo nesta terça-feira. O governador havia embarcado para Campinas na segunda-feira, mas desistiu de cumprir a agenda no outro estado para retornar para Pernambuco.
O assalto
Hoje, moradores da área acordaram apavorados com o som de diversos disparos de armamento pesado e explosões. A quadrilha, formada por cerca de 30 homens encapuzados e fortemente armados, invadiu um posto de combustíveis e explodiu o cofre daempresa de segurança e transporte de valores Brinks, na Avenida Recife. De acordo com informações extra-oficiais, os bandidos conseguiram acessar o cofre da empresa e levar uma grande quantia em dinheiro. Fala-se em cerca de R$ 60 milhões.
Por volta das 2h30, a Polícia Militar chegou ao local e houve troca de tiros com os integrantes da quadrilha, assustando moradores da localidade, que fizeram relatos nas redes sociais. Três PMs ficaram feridos. Dois deles foram socorridos ao Hospital da Restauração (HR) e um foi atendido no local, com tiro de raspão. Um PM levou um tiro no braço e o outro, na perna. O terceiro foi atingido de raspão na orelha. Todos passam bem. Apesar do confronto, ninguém foi preso até o momento. Os policiais militares que entraram em confronto com os suspeitos acreditam que o grupo é formado por criminosos de outros estados, por terem ouvido sotaques do Sul e Sudeste do país. Na fuga, a quadrilha deixou cilindros de gás, armas e coletes. Além disso, comerciantes relataram prejuízos deixados pelos bandidos.
A investida, de grande porte, aconteceu no primeiro dia de trabalho do novo comandante da Polícia Militar, o coronel Vanildo Maranhão, no dia da posse do novo chefe de Polícia Civil, Joselito Amaral e em meio à operação padrão realizada pelos policiais e bombeiros, iniciada em dezembro do ano passado. Durante a operação de hoje, um PM chegou a criticar a falta de armamento da categoria, alegando que a frota utilizou fuzis emprestados do Exército para sair às ruas esta madrugada. Em entrevista à TV Globo, o coronel admitiu o uso de armamentos do Exército, mas garantiu que a frota está equipada para combater a criminalidade. Já a Polícia Civil só deve se pronunciar ao final da operação, realizada por uma força tarefa criada especialmente para investigar os cada vez mais recorrentes casos de assaltos e explosões a bancos, carros-fortes e empresas de segurança. [SAIBAMAIS]
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