Pedir licença a Xangô, uma das principais divindades do panteão dos deuses africanos, bastante cultuada nas religiões de matriz africana. Com muito respeito, é isso o que fazem os participantes de um dos Afoxés mais tradicionais de Pernambuco, o Alafin Oyó que adotou este orixá como patrono. O nome, traduzido como ‘senhor dos palácios’, está ligado à quarta majestade do reino de Iorubá, no continente africano, onde hoje fica a Nigéria. Fundado em 1986, o grupo comemora 31 anos de militância e resistência negra no estado de Pernambuco.
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Afoxé Alafin Oyó: 31 anos de resistência negra em Pernambuco
Quem vê o grupo cantando músicas de resistência negra não imagina as duras batalhas que enfrentou nas ruas contra o preconceito e a discriminação
Os participantes relatam que cresceram dentro do afoxé e foi através dele que aprenderam a valorizar e defender a identidade negra. Foi dentro do Alafin que nasceram outros grupos conhecidos como o Afoxé Oxum Pandá, o quarto mais antigo de Pernambuco. O babalorixá Genivaldo Lemos Barbosa, presidente do Oxum Pandá, relata que foi um dos associados do Alafin. “O meu afoxé foi fundado em 1995. Antes, eu já era do Alafin, fui um dos primeiros sócios”.
Apesar do regimento burocrático que obriga a entidade possuir um estatuto que estabeleça uma hierarquia formalizada, os coordenadores explicam que a interação entre os integrantes acontece de forma democrática e horizontalizada. Todos possuem voz. Isso faz a diferença no grupo, evidenciando sobretudo o caráter político.
Bailarina e coordenadora do Balé Alafin Oyó, Maria Luiza (25) explica que as coreografias do grupo respeitam e reverenciam cada divindade: “De Exu a Oxalá, todos são respeitados e cultuados através dos movimentos”.
Há mais de 20 anos, o Diario de Pernambuco publicou uma matéria sobre o trabalho de comunicação do grupo, que possuía um boletim chamado Negração. Esse material continha textos de militância e informações direcionadas às comunidades e à população afrodescendente, conhecido por exercer um importante papel de representatividade.
Além do Negração, o grupo também já participou da produção dos álbuns Afoxés de Pernambuco - lançado em 2004 pelo Movimento Negro Unificado (MNU) -, Umbilical, de Juraci Tavares - lançado em 2016 com apoio da Secretaria de Cultura da Bahia - e Liberdade de expressão, promovido pela Secretaria da Justiça de Pernambuco.
No audiovisual, estrelou um documentário produzido pela TV Viva - produtora local de TV aberta ligada ao Centro Cultural Luiz Freire -, e foi premiado no 4º Vídeo Music Festival Democracy and Comunication/IMRE, em 1992, em Nova York.
É possível pesquisar na Biblioteca Pública de Pernambuco e na internet, diversos livros, artigos e outros materiais bibliográficos sobre o grupo.
Dentro e fora
Entre as milhares de apresentações nacionais e internacionais do grupo, destacam-se a participação de mais de 10 anos na Festa da Lavadeira (Paiva, Olinda, Recife e no estado de Goiás), os vários anos no Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), e o Festival Del Fuego (Santiago de Cuba), em 2010.
Manutenção e limitações
Durante todo esse tempo, o afoxé tem se mantido com doações e com os cachês de apresentações. Seus membros são voluntários e o grupo tem o sonho de reformar a sede para melhor receber os visitantes e acolher os participantes. As pessoas que quiserem doar, participar das oficinas ou visitar a sede do Alafin podem ligar para a sede ou acessar as redes sociais.
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Serviço
Endereço: Avenida Joaquim Nabuco, nº 475, Varadouro, Olinda - PE
Facebook: Afoxé Alafin Oyó
Instagram: @alafineusou
Contatos: (81) 99823-8769 e 98500-0568.
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