Vida Urbana

Virgens do Bairro Novo garantem a diversão de milhares de foliões em Olinda

Fundado em 1953, o bloco é um dos mais tradicionais do carnaval do estado

A organização do bloco estima que 300 mil pessoas tenham participado do evento. Foto: Rafael Martins/DP

No fim da manhã deste domingo, a Praça 12 de Março já estava repleta de pessoas que aguardavam o bloco sair. A concentração teve início às 9h. Isolados por uma corda ao redor do trio, os participantes do concurso de fantasias chamavam a atenção de todos  e não desanimavam nem mesmo com o forte calor que fazia no local. “Já desfilo há mais de 30 anos e tenho seis títulos em categorias diferentes”, afirmou o personal trainer Leguito Gomes, que na edição deste ano se fantasiou de Juju Danoninho, personagem que, segundo ele, é “a versão light da (cantora de funk) Jojo Todynho”. “Tenho 48 anos e hoje o meu lado mulher é sapatão”, brincou.

Já o pintor imobiliário Uapurã Florêncio apostou na fantasia de “Maria vai com as outras” para participar das Virgens. Ele faz questão de marcar presença no bloco desde 1978 e falou que a prévia é “o maior teatro masculino com guarda-roupa feminino” do carnaval, e que a festa também serve como termômetro para mostrar como serão as festas de momo a cada ano.

O produtor de eventos Carlos Mota chamou a atenção com a sua fantasia de Ivete Zangado. Foto: Rafael Martins/DP

A pequena Rivânia Silva, que em julho do ano passado emocionou o país ao salvar o s livros diante da enchente que atingiu a sua casa, em Sirinhaém, no litoral sul do estado, também foi homenageada. “Aquela menina é um exemplo de vida”, comentou o pesqueiro Altaíro Barbosa, que estava acompanhado da mulher, Jardina Conceição.              

"Como ela se candidata ao Ministério do Trabalho devendo aos funcionários? Tem que dar o exemplo%u201D, disse o mecânico Rubem Lourenço, que se fantasiou de Cristiane Brasil. Foto: Rafael Martins/DP

O professor Allan Carneiro, que foi caracterizado como a deusa romana Iustitia (símbolo da Justiça), disse que sua fantasia era uma forma de criticar o tratamento diferenciado dado pelo Judiciário brasileiro a réus. “Queremos mostrar como a Justiça é falha. Na nossa fantasia, colocamos a venda em apenas um dos olhos (na estátua original, os dois olhos da deusa são vendados) para mostrar como as decisões são tomadas de maneiras diferentes”, explicou.

Estrutura

Presidente executivo do bloco, Kaká Maranhão ressaltou que o formato da atração jamais sofreu modificações ao longo das décadas de existência. “A nossa expectativa é de um carnaval tranquilo, bem popular”. Foram 10 trios elétricos e quatro orquestras com 100 músicos cada, que percorreram um trajeto de 1,6 quilômetros pela avenida Getúlio Vargas. As bandas Asas da América e Som da Terra foram algumas das atrações. “Sempre prezamos atrações locais para valorizar pessoas da nossa terra. Não trabalhamos com artistas de fora”, frisou o organizador.

De acordo com a autarquia de trânsito de Olinda, 28 agentes trabalharam ao longo de todo o trajeto do bloco. Eles estavam motorizados, em viaturas e a pé, posicionados no início e no fim do percurso, além de estarem também na rua Alberto Lundgren, utilizada como saída de emergência. A Polícia Militar informou que 500 agentes foram escalados para garantir a segurança dos foliões.

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