Pandemia
Gravatá busca reduzir impactos do coronavírus em Semana Santa atípica
Por: Emannuel Bento
Publicado em: 10/04/2020 16:05 | Atualizado em: 10/04/2020 16:15
Barreira sanitária no Polo Moveleiro, área com fluxo de carros em Gravatá. (Foto: Paulo Paiva/DP Foto) |
Gravatá (PE) - Conhecido pela habitual calmaria e clima ameno, o município de Gravatá, no Agreste de Pernambuco, está passando por uma Semana Santa atípica devido à pandemia do coronavírus. Mesmo com o fechamento dos estabelecimentos não essenciais e o cancelamento dos espetáculos culturais públicos e privados, turistas optaram por não romper a tradição de celebrar o período cristão nas casas de veraneio da cidade. Há algumas semanas, a gestão do prefeito Joaquim Neto abriu um comitê de crise para pensar em estratégias de enfrentamento, seguindo orientações da SES-PE, Ministério da Saúde e OMS. Algumas ações foram colocadas em prática a partir desta sexta-feira (10), especialmente para o feriado.
A atmosfera atípica da data já é sentida ao percorrer os trechos da BR-232, onde comerciantes de frutas amargam vendas pelo baixo número de veículos na estrada. Chegando em Gravatá, o motorista que passar por áreas de maior fluxo vai se deparar com "barreiras sanitárias" montadas pela prefeitura. Os veículos com placas de outros municípios estão sendo parados por equipes da administração, recebendo orientações sobre higiene e cuidados pessoais. Em seguida, as partes inferiores do carro estão sendo higienizadas por um desinfetante e desengordurante de alto desempenho, a base de cloreto de benzalcônio. Os ocupantes dos carros ainda estão tendo a temperatura medida com termômetros infravermelhos.
Profissional de educação dando orientações sobre higiene. (Foto: Paulo Paiva/DP Foto) |
Com cerca de 50 profissionais envolvidos, as barreiras sanitárias foram montadas em quatro pontos: Rua Duarte Coelho, no bairro do Prado (onde fica o famoso Polo Moveleiro), Rua do Norte, no bairro de Santa Luiza, na Rua Quinze de Novembro, no bairro de mesmo nome, e nos acessos da Volta do Rio, próximo do Centro. O trânsito também foi alterado devido ao feriado: da sexta ao domingo (12), no período das 5h às 15h, motoristas que chegarem ao município pelos sentidos Caruaru ou Recife, na Avenida Cícero Batista de Oliveira, terão mão única. Equipes da Guarda Municipal estão orientando os condutores.
Edmilson Farias, 55, chegou na cidade por volta das 8h desta sexta para ficar se hospedar em uma casa com parentes até a segunda-feira (13). Ele se deparou com uma das barreiras na Rua do Norte, quando dirigia até um mercado. “Estamos indo comprar alimentos que faltam, mas após isso queremos evitar ao máximo estar saindo de casa. Nós alugamos essa casa há cinco meses, já havíamos feito um investimento, então não queríamos abrir mão do feriado por conta do ocorrido. Contudo, tomaremos cuidado”, disse, acompanhado pelo pai, irmãs e cunhado.
Luiz Melo, secretário de saúde da prefeitura de Gravatá. (Foto: Paulo Paiva/DP Foto) |
Luiz Melo, secretário de saúde da prefeitura de Gravatá, explica que a cidade recebe um público flutuante muito intenso, sobretudo em condomínios e privês, o que impossibilita informações precisas sobre áreas com maior incidência do novo coronavírus. "Por isso, achamos necessário instituir essa barreira humana educativa e de higienização. Também fortalecemos ações junto à vigilância sanitária, com agentes sanitários que estão visitando a zona urbana e também rural, incluindo condomínios, privês, mercados, bancos e lotéricas para higienização”, explica.
De acordo com o boletim municipal atualizado desta sexta-feira, Gravatá ainda não confirmou casos de Covid-19. Existem dois casos em investigação, quatro casos descartados e um óbito em investigação. “Não temos leitos de UTI, considerando que o nosso perfil hospitalar não é esse. Existem, porém, leitos voltados para pacientes mais graves, que precisam esperar até que saia uma senha do fluxo estadual. Caso o paciente precise de um leito de UTI, será direcionado para um apropriado”, explica Luiz Melo. O hospital municipal de Gravatá, Paulo da Veiga Pessoa, também deve receber 31 novos leitos de baixa complexidade para os gravataenses.
Lucineide Medeiros, moradora do Centro de Gravatá (Foto: Paulo Paiva/DP Foto) |
Lucineide Medeiros, 65, mora no Centro de Gravatá e saiu de casa para entregar o almoço do esposo, que trabalha no bairro Novo Gravatá. “A cidade está mais tranquila, mesmo com esse feriado. As pessoas estão mais caseiras. Eu, por exemplo, só tenho ido para a rua quando necessário, como para entregar o almoço ou pagar as contas. Ao chegar, tiro a roupa e tomo banho”. Ela avalia positivamente a ação das barreiras sanitárias. “Temos que prevenir cada vez mais. No Centro também vi quase todos os feirantes com luvas e máscaras”.
Cláudio José de Silva, 23, trabalha vendendo alimentos estocados em um carro. Neste feriado, tentou vender camarão, caranguejo e guaiamum, pratos típicos da Semana Santa, próximo do Polo Moveleiro. “As coisas já não estavam muito boas, mas depois dessa doença… Ultimamente a venda caiu em 60%. Nos feriados, geralmente conseguimos bater boas metas. Mas hoje, basta olhar para a rua que você não vê quase ninguém. Em outros anos, já teríamos ido embora no final da manhã. Hoje, pretendemos ir embora às 14h”, diz o rapaz, acompanhado pelos tios.
Cláudio José de Silva, 23, comerciantes de alimentos. (Foto: Paulo Paiva/DP Foto) |
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