Jaboatão
Após morte de proprietário, ONG encerra atividades e articula adoção de animais
Por: Diogo Cavalcante
Publicado em: 19/05/2020 18:39 | Atualizado em: 19/05/2020 18:47
Fachada da ONG Pet PE, em Candeias. (Foto: Reprodução/Google Street View.) |
Com a morte do empresário Jaime Medeiros, na noite dessa segunda-feira (18), a família decidiu por fim à ONG PetPE, fundada por ele. Com isso, os cães sem dono que estavam abrigados serão entregues para adoção - tanto por pessoas físicas quanto por instituições. A articulação será feita por parentes do empresário, que estava sendo investigado pela Polícia Civil por crimes como assédio sexual e maus tratos a animais.
"Pedimos ajuda para achar lares para os cachorrinhos que estão lá. No momento, meus filhos estão cuidando dos focinhos. Precisamos alimentar e manter o ambiente limpo para eles. Peço que entrem em contato conosco para informações”, diz a nota divulgada pela família em redes sociais. Interessados devem entrar em contato pelos números (081) 99789-3661 (Lilian, irmã de Jaime) e (081) 99789-3662 (Alexandre, cunhado).
Estima-se que o local tenha 30 cães. Parte deles têm donos, que deixaram os animais abrigados na ONG enquanto viajavam. Já outra parte dos animais que viviam nas ruas. Antes da decisão da família do dono da instituição, o processo de adoção seria intermediado pela Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes. “Agora é uma questão para cada interessado resolver com os responsáveis”, explica coordenadora de Bem-Estar Animal de Jaboatão, Claucione Gomes.
A prefeitura ainda pode apurar o bem estar dos cachorros. “Houve muitas denúncias de maus tratos, mas nada chegou oficialmente até nós. Então, estamos aguardando ser acionados por alguma autoridade para poder verificar isso legalmente. Ontem (segunda, 18) não entramos no canil, o cheiro estava muito forte e a polícia tinha isolado a área. Mas o sobrinho do dono garantiu que eles estavam sendo bem cuidados e alimentados”, acrescenta Claucione.
Durante o fim de semana, viralizou nas redes sociais relatos de assédio sexual, pedofilia, desvio de dinheiro, assédio sexual e maus tratos a animais contra ele, através de depoimentos repassados ao perfil ExpondoPetPE no Instagram. Cerca de 28 mulheres relataram supostas situações abusivas vivenciadas durante o trabalho na ONG.
A Polícia Civil abriu inquérito para apurar o assunto, que rapidamente ganhou notoriedade, sendo repercutido por deputados estaduais como Gleide ngelo (PSB) e Romero Albuqueque (PP). Na noite dessa segunda, Jaime foi encontrado morto em sua casa - mesmo local onde fica o canil -, em Candeias. Sua morte é tratada pelas autoridades como suicídio.
“Todo o material de denúncia foi entregue à Polícia ontem. Algumas meninas formalizaram as queixas. Quando souberam da morte, por respeito aos familiares, optaram por desativar o perfil. De qualquer forma, não tem mais inquérito agora, porque foi extinta a punibilidade dele”, explica a advogada Labybe Ebrahim, responsável pela defesa das meninas.
Na noite do sábado (16), Jaime repassou um áudio para um abrigo do mesmo município, pedindo para que ficassem com os cachorros. O pedido chamou a atenção de ativistas da causa animal, como Douglas Brito. “Ontem (segunda, 18), de manhã, eu fui até o local para apurar a história direito e estranhei não ser atendido por ninguém, não ter barulho de cachorro latindo nem ruídos de televisão. À noite, veio a informação de que ele tinha morrido”, recorda.
“Várias vezes nós, da causa animal, alertávamos ele para que mantivesse o canil de maneira agradável. Ele recebia muitas doações e não tinha motivo, aparentemente, para ver cenas de desorganização por lá. Também não tínhamos conhecimento algum sobre as denúncias”, discorre.
“Ficamos sensíveis à dor da família, mas também olhamos as outras questões, como as vítimas e os animais. A causa animal nada tem com o desfecho trágico da história. Há pessoas honestas, que precisam de apoio para continuar ajudando os animais”, salienta.
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