Apesar de o governo do estado ainda não ter definido uma data para o retorno das atividades presenciais nas escolas da educação básica e instituições do ensino superior, unidades privadas do estado mantêm uma rotina de preparação das instalações para a chegada dos estudantes. As aulas presenciais, suspensas desde o dia 18 de março em Pernambuco, continuam proibidas até o dia 15 de agosto. Nesta quinta-feira (6), o estado autorizou a retomada das atividades em instituições de cursos livres, como cursos de idiomas e profissionalizantes.
Entre as determinações definidas no protocolo do estado para o setor educacional, está a definição da distância mínima de um metro e meio entre os estudantes, trabalhadores em educação e colaboradores em todos os ambientes da unidade de ensino. A equipe gestora deve observar o número de alunos por turma, reduzindo a quantidade, se necessário, inclusive com a possibilidade de adoção de um sistema de rodízio nas escolas. Outra medida é a promoção de diferentes intervalos de entrada, saída e alimentação para evitar aglomerações nas dependências da escola. O documento também prevê a disponibilização de álcool 70% para limpeza das mãos dos estudantes, trabalhadores em educação, colaboradores e ao público em geral ao entrar e sair do estabelecimento de ensino.
Na Escola Planeta Kids, voltada para berçário e educação infantil, um protocolo próprio foi criado, considerando as exigências do estado e as recomendações feitas pelo Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de Pernambuco (Sinepe-PE). "Vamos priorizar as atividades ao ar livre. Instalamos pias na entrada da escola, com diferentes tamanhos, para serem usadas por adultos e pelas crianças", disse a diretora pedagógica da escola, Flávia Lyra.
Segundo a pedagoga, a espera por uma data de retorno das aulas presenciais tem sido angustiante. "Estamos prontos e com segurança para a retomada. Trazer o filho será uma opção dos pais, que precisam optar pelo ensino presencial. Muitos deles já voltaram ao trabalho e nos pedem um retorno sobre a volta, mas dependemos da decisão do estado", afirmou. Considerando o público infantil, a escola adaptou a estrutura para tornar as novas medidas mais lúdicas. "Pintamos o chão com as marcas de pezinhos para que eles entendam, no universo deles, onde cada um deve ficar. Não teremos mais materiais coletivos. Apenas os individuais", pontuou Flávia.
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O Colégio Boa Viagem também criou um documento próprio para guiar a retomada. O protocolo da escola contempla métodos e procedimentos para prevenir a transmissão da Covid-19 e foi revisado e validado pela D'Or Soluções, empresa do Grupo Rede D’Or São Luiz, especializada em gestão de saúde e segurança do trabalho. "O momento ainda exige muita atenção e responsabilidade, por isso, estamos trabalhando com todo o cuidado para garantir a segurança e a saúde dos nossos colaboradores, responsáveis e alunos nesta volta", disse o diretor do CBV George Diniz.
Diferentes realidades
Das 2,4 mil escolas privadas de Pernambuco, cerca de 80% têm até 250 alunos. Muitas unidades estão passando por dificuldades financeiras. "Quando as aulas foram proibidas no estado, a escola suspendeu os contratos dos professores. Depois, demitiu metade do quadro de funcionários. No começo deste mês, fechou as portas e negociou com outras unidades do bairro para receberem os alunos", disse uma professora de uma escola de pequeno porte na Imbiribeira, Zona Sul do Recife, que não quis se identificar.
Carta
"Esses grupos não compartilham os mesmos espaços, têm acessos distintos, horários de entrada, saída e intervalo de aulas também distintos. Na semana seguinte, chegariam os alunos do segundo ao quinto ano do ensino fundamental e, finalmente, na terceira semana, sexto; sétimo e oitavo anos do ensino fundamental", pontuou o sindicato, na carta.
Confira, na íntegra, a carta do Sinepe-PE:
O novo coronavírus tem deixado todos apreensivos em relação ao futuro. Durante esses quatro meses de pandemia, o foco foi a superação dos desafios. Agora é o momento de se reerguer! Com o avanço e eficácia do Plano de Monitoramento e Convivência com a Covid-19 do Governo de Pernambuco, diversas atividades econômicas no estado, de forma ordenada e segura, começaram a ajustar o seu eixo para o “novo normal”. E essa retomada nos inspira a conciliar saúde e educação. O Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de Pernambuco (SINEPE-PE), desde a suspensão das aulas presenciais em face da pandemia, vem assessorando as escolas particulares de Educação Básica nos aspectos educacionais, sanitários e legais.
Entendemos que a volta das aulas presenciais deve observar condições e prazos articulados com a saúde e aprendizagem. A prioridade absoluta será a biossegurança em relação aos estudantes, familiares e profissionais da educação. Portanto, como princípios básicos de proteção, as escolas particulares de Pernambuco providenciaram medidas como o distanciamento social de 1,5m entre as pessoas, a aquisição de equipamentos de proteção facial para os profissionais da educação, com uma atenção especial para aqueles que integram grupos de risco.
Haverá aferição de temperatura na entrada, uso obrigatório de máscaras, sanitização contínua dos ambientes internos, e a higienização das mãos na entrada, permanência e saída dos espaços escolares. Tais medidas, entre tantas outras, estão orientadas pela consultoria do Infecto Associados do Recife (IAR), que atua segundo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
De acordo com o infectologista e diretor médico do IAR, Dr. Filipe Prohaska, é necessário que os estabelecimentos de ensino modifiquem sua estrutura física, criem fluxos e redescubram a higienização adequada do ambiente. Cada escola possui peculiaridades próprias, com necessidade de adaptações para minimizar o risco de contágio pelo novo coronavírus. A escola exerce um papel de formação que possibilita a expansão desse aprendizado em ambiente escolar para outros locais, como casa de familiares, áreas de convívio coletivo e cuidados com situações diárias de possível exposição. Grupos de risco devem permanecer com atividades remotas, e a presença do pediatra/hebiatra assistente é de suma importância nessa decisão junto aos pais.
O SINEPE-PE propõe um retorno às aulas presenciais progressivo, iniciando com as turmas da Educação Infantil ao 1º ano do Ensino Fundamental, e do 9º ano ao Ensino Médio. Esses grupos não compartilham os mesmos espaços, têm acessos distintos, horários de entrada, saída e intervalo de aulas também distintos. Na semana seguinte, chegariam os alunos do 2º ao 5º ano do Ensino Fundamental e, finalmente, na terceira semana, 6º, 7º e 8º anos do Ensino Fundamental. Sempre haverá 50% dos alunos no presencial e a outra metade em casa, acompanhando as mesmas aulas on-line, alternando os grupos a cada dia da semana.
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