O Carnaval de 2021 está oficialmente suspenso em Pernambuco. O anúncio foi feito pelo secretário de Saúde do estado, André Longo, durante uma entrevista coletiva transmitida pela internet nesta quinta-feira (17). "O Carnaval representa muito mais do que uma festa para o povo pernambucano, mas, no atual contexto de pandemia, não há possibilidade de realização de um acontecimento desse porte, que mobiliza multidões e é, pela sua natureza, um momento de encontro, de aglomeração que, por vezes, reúne milhões de pessoas", disse.
A declaração do secretário foi feita na semana em que o estado atinge a quarta semana consecutiva de aumento no número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave. Na semana epidemiológica 50, houve um novo crescimento, chegando aos 427 casos, o que representa um aumento de 2,5%, em relação à semana 49, e de 9,8% em quinze dias.
Com o aumento, Pernambuco atinge níveis semelhantes aos registrados entre o final de setembro e início de outubro. Em decorrência desse aumento, houve crescimento, também, na taxa de ocupação de leitos hospitalares ao redor do estado. Foram abertos novos 151 novas vagas em hospitais, um aumento de 1% em comparação à semana anterior.
Apesar da suspensão das festas do período carnavalesco em Pernambuco, Longo afirmou que não existe a previsão de um novo lockdown no estado. Contudo, o secretário não descartou que medidas mais severas possam ser aplicadas no futuro. "Neste momento, não há necessidade lockdown, ou de medida mais agressiva, mas, não tenham dúvidas, da mesma forma que nós já fizemos isso outras vezes, é possível, sim, que haja essa necessidade", destacou.
André Longo ressaltou que, quanto à vacinação, o estado vai continuar monitorando os processos de autorização das vacinas, para garantir a imunização aos pernambucanos. "Estamos buscando um diálogo produtivo com o Ministério da Saúde, incluindo reuniões com o ministro. Já foi anunciado que o Recife será uma das sedes para a distribuição da vacina no país, o que nos coloca em papel estratégico no processo de imunização", disse. "Vamos continuar atuando e cobrando atitudes efetivas", garantiu.
REPERCUSSÃO
Lideranças empresariais repercutiram a suspensão do carnaval. Um dos setores mais afetados é a indústria de eventos, que chegou a passar cinco meses paralisada durante a fase mais crítica de transmissão do coronavírus, o que gerou uma onda de falências no setor milhares de postos de trabalho fechados. A atividade voltou a operar no segunda semestre, mas sob diversas restrições, ampliadas nesse momento de risco de uma segunda onda da covid-19.
%u201CCom a proibição de todas as festas de Natal, Ano Novo e principalmente o carnaval %u2013 que representa dois a três meses de atividades %u2013 o setor voltou para a UTI. O maior prejuízo vem do cancelamento do carnaval, que representa entre 60% e 70% de todo o faturamento anual no nicho de eventos culturais%u201D, contabiliza a empresária Tatiana Marques, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Eventos em Pernambuco (ABEOC-PE), entidade que integra o Movimento Pró-Pernambuco (MPP).
Já Carlos Periquito, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Pernambuco (ABHI-PE) %u2013 entidade que também faz parte do MPP - destaca os efeitos negativos da medida, mas avalia que %u201Cnão adianta chorar o leite derramado%u201D, considerando a instabilidade gerada pela pandemia em atividades como o turismo.
Ele defende que, diante da suspensão, o governo estadual deveria destinar para a promoção turística as verbas públicas que seriam investidas no carnaval, com o objetivo de incrementar o fluxo de turistas ao longo do ano, o que reduziria o impacto da não realização do maior evento de Pernambuco.
%u201CVários estados no Brasil já estão adotando essa estratégia para tentar reverter os efeitos da pandemia na indústria do turismo. No Nordeste, temos exemplos como o da Paraíba e Alagoas, que lançaram campanhas recentemente%u201D, afirma.
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