Vida Urbana

Comerciantes do Recife Antigo veem futuro incerto com suspensão do Carnaval

A suspensão do Carnaval em Pernambuco, anunciada na última quinta-feira (17), mexeu com a rotina dos comerciantes que atuam no Recife Antigo, área central da capital. Muitos deles veem na festa uma oportunidade de ganhar dinheiro, mas vão ter que conviver com mais esta incerteza trazida pela pandemia.

Para Djalma Araújo, 64, atendente em um bar na Rua da Moeda há 25 anos, a suspensão da festa é um mal necessário. “Dinheiro não é tudo na vida não, o bom é a saúde da pessoa”, afirma. Mesmo com a diminuição do fluxo de pessoas desde o início da pandemia, o comerciante enxerga a situação com otimismo, já pensando no Carnaval de 2022. “Se estiver melhor, a gente brinca. Se não estiver, fecha também. O negócio é o pessoal ter paz e sossego”, diz.

Já o taxista Edson Paulino, 75, não vê com bons olhos a suspensão do Carnaval no estado. Segundo ele, a situação, que já estava difícil, tende a piorar. Ele ressalta que, mesmo antes da pandemia, quem trabalha no Recife Antigo já vinha sofrendo com o abandono e a insegurança no local. “Não é necessário [suspender o Carnaval], porque já não tinha nada”, diz.

Os comerciantes Tatiane Cristina, 31, e Bruno Santana, 30, temem os impactos da suspensão no bolso. Segundo Tatiane, as perspectivas não são muito boas para os comerciantes da área, que já vêm amargando a queda nas vendas desde março. “Vai quebrar todo mundo aqui, porque a maioria fica esperando o Carnaval começar para ter lucro. Ultimamente não está tendo lucro de nada”, diz. Para Bruno, a suspensão representa a perda de uma boa oportunidade. “Para quem é desempregado, é a melhor época para ganhar dinheiro. Você passa uns três meses sem precisar trabalhar”, destaca.

Supensão

A suspensão do Carnaval foi anunciada na última quinta-feira (17) pelo secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, durante uma entrevista coletiva transmitida pela internet. A decisão é válida para todo o estado, e se baseia nos atuais indicadores de contaminação pelo novo coronavírus em solo pernambucano. De acordo com os números, o estado se encontra na quarta semana consecutiva de crescimento nos índices.

Ao fazer o anúncio, o secretário destacou o peso da suspensão. “Essa não é uma decisão fácil, pois o Carnaval representa muito mais do que uma festa para o povo pernambucano. É fato que, até fevereiro, não teremos a maior parte da população vacinada. E, no atual contexto de pandemia, não há possibilidade de realização de um acontecimento desse porte, que mobiliza multidões e é, pela sua natureza, um momento de proximidade e aglomeração”, disse.

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