CULTURA
Com mais de 80% de participação local e apostando na geração de empregos temporários, Fenearte 2022 homenageia Manguebeat
Publicado em: 29/06/2022 14:09 | Atualizado em: 29/06/2022 16:08
Apresentação dos detalhes do evento aconteceu na manhã desta quarta-feira, no Recife Antigo (Rômulo Chico/DP Foto) |
A Feira de Negócios e Artesanato (Fenearte) deste ano retorna ao seu modelo tradicional de 12 dias de evento, e acontecerá entre seis e 17 de julho, no Centro de Convenções de Pernambuco (Cecon), em Olinda. A temática escolhida para 2022 foi "Arte é o nosso manifesto", em uma homenagem ao gênero musical manguebeat. A geração de empregos temporários assim como o percentual de mais de 80% de participação local foram alguns dos detalhes apresentados durante uma coletiva de imprensa realizada no auditório do Centro de Artesanato de Pernambuco, no bairro do Recife Antigo.
Neste ano, acontecerão visitas guiadas para pessoas com deficiências visual, sensorial ou audiovisual durante todos os dias e horários da feira. As pessoas que têm distúrbios de atenção também poderão ser acompanhadas.
Depois de uma lacuna em 2020, devido a pandemia da Covid-19, a edição mais recente aconteceu no mês de dezembro do ano passado, mas num formato reduzido, de apenas 10 dias. Agora, a expectativa para essa retomada é de que cerca de 200 mil pessoas visitem os 700 espaços onde cerca de cinco mil expositores estarão apresentando suas mais variadas obras, a exemplo de acessórios, roupas, comidas e itens de decoração nacionais e também internacionais.
O investimento total foi de R$ 7 milhões e a movimentação financeira esperada como retorno é de R$ 40 milhões.
A edição da Fenearte deste ano irá possibilitar cerca de 2,5 mil empregos temporários. De olho nisso, o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (ADEPE), Roberto Abreu, citou novas formas de trabalho do contexto atual, intensificadas com a chegada da pandemia da Covid-19, e taxou como um "alento" a chance de gerar vagas com o evento.
"A economia está evoluindo para novas formas de trabalho, então os temporários e o home office são realidades hoje. Poder gerar tantas vagas de empregos temporários hoje é um alento para a economia e um reforço pra o plano de retomada do governo", disse.
Roberto de Abreu é o atual presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Rômulo Chico/DP Foto) |
Roberto Abreu também ressaltou o fato de que mais de 80% da participação da feira será local, e revelou uma estratégia para que esse número continue alto.
"Sempre temos um espaço muito generoso para os artesãos pernambucanos, sejam os mestres ou o que chamamos de individual, que concorrem a uma vaga. Sempre que há um espaço que é dedicado às prefeituras e que aparecem vagas, colocamos os artesãos pernambucanos que estão na fila de espera", assegurou o presidente.
A coordenadora da Fenearte, Márcia Souto, reforçou a representatividade do estado através das obras e de seus artistas que confirmaram presença na edição deste ano, e também exemplificou os tipos de trabalhos que poderão ser encontrados na exposição. "O grande peso da feira é Pernambuco, que vem representado com seus mestres em cerâmica, palha, têxtil e madeira, com mais de 80 municípios que trazem seu artesanato local. A feira é pernambucana, tem outros estados e também uma parte internacional, mas são nossos artistas que sustentam", disse a coordenadora.
Márcia Souto, coordenadora da Fenearte, exaltou a presença de pernambucanos envolvidos no evento (Rômulo Chico/DP Foto) |
Ela também voltou sua atenção para os desdobramentos que a Fenearte possibilita após a realização da feira, através de encomendas, por exemplo. É daí, inclusive, que a renda anual de alguns artesãos é garantida. "Ela mexe com a economia de uma forma importante e garante o sustento de alguns artesãos durante todo o ano. Ela não é só a comercialização, mas as encomendas e os negócios que são feitos também", afirmou Márcia.
A primeira-dama de Pernambuco, Ana Luiza Câmara, foi quem encerrou a apresentação dos detalhes do evento. Emocionada, ela resgatou alguns temas de edições anteriores da feira e fez agradecimentos aos parceiros envolvidos.
Entre lágrimas, apontou a realização da Fenearte como uma forma de transformar a vida dos artesãos envolvidos. "A gente vê a transformação da Fenearte na vida do artista pernambucano. Ela transforma a vida das pessoas. A gente tem exemplos lindo disso retratados em livros e documentários", disse inicialmente.
A primeira-dama de Pernambuco se emocionou ao falar da importância do evento na vida dos artesãos (Rômulo Chico/DP Foto) |
Além da quantidade gerada de empregos temporários, outros pontos, como turismo e economia, também foram salientados por ela. "A quantidade de empregos que gera, a ocupação da cidade com os turistas, os circuitos nas galerias de arte e nas visitações, tudo isso de forma indireta por conta dessa grande feira", disse
Assegurando presença durante os 12 dias de evento, ela também afirmou que seu marido, o governador Paulo Câmara, irá comparecer no Centro de Convenções na inauguração e também em outras oportunidades.
"Vou estar lá em todos os dias, inclusive recebendo os convidados. O governador vai estar na inauguração e vai também em outros dias para apoiar essa política pública", garantiu.
Manguebeat
Fred Zero Quatro foi o único representante do manguebeat a compor a mesa de apresentação da Fenearte (Rômulo Chico/DP Foto) |
O músico e compositor Fred Zero Quatro está entre as pessoas que vivenciam o gênero musical manguebeat, homenageado na Fenearte 2022. Para ele, essa menção acontece de forma justa, uma vez que o movimento é responsável por integrar variadas culturas em um só ambiente.
"Acho mais que justa e oportuna essa homenagem. O mangue antecipou dois conceitos, o de multiculturalismo e o de ocupação", afirmou de início.
Em tom de desabafo, Fred Zero Quatro comentou que anteriormente a falta de um local para que a identidade do manguebeat fosse desfrutada incomodava. Agora, receber uma homenagem através de um evento como a Fenearte torna o cenário menos marginalizado.
"A gente fazia parte de algumas subculturas que se sentiam marginalizadas, em termos de presença no ambiente cultural. A gente praticamente não tinha quase nenhum local onde pudesse desfrutar da nossa identidade enquanto consumidor de música e arte", disse o músico.
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