Vida Urbana

Governo de Pernambuco toma medidas contra pânico nas escolas

Em meio a uma situação caótica de boatos que deixaram mães, pais e educadores assustados, com medo de que a realidade trágica de ataques em escolas venha para Pernambuco (sobretudo após o covarde ataque que deixou quatro crianças mortas em Santa Catarina), o governo do estado não teve outro jeito que não se reunir e anunciar providências. A responsável em tentar colocar ordem é a delegada Carla Patrícia Cintra, secretária de Defesa Social de Pernambuco (SDS).

Duas medidas foram anunciadas nesta terça-feira (11) e prometem causar impacto já nos próximos dias, de acordo com a gestão estadual: um aumento do efetivo da Polícia Militar que participa das rondas escolares (programa já existente, mas que vinha francamente sendo esquecido) e um número de telefone exclusivo para denúncias envolvendo riscos em escolas públicas e particulares, o 197, que já está em funcionamento (era usado, antes, para atender assuntos ligados a gestores, professores e pais de alunos).

"Ativamos o número 197 para atendimento exclusivo e recebimento de denúncias e ameaças às instituições de ensino públicas e privadas. Elaboramos um protocolo que será publicado para atuação em conjunto pelas secretarias e reforçamos que todas as ameaças feitas em perfis de redes sociais e fora da internet estão sendo investigadas. Todos os envolvidos, sendo maior de idade ou não, serão responsabilizados", afirmou Carla Patrícia. "O que nos ajuda bastante nessa triagem e nessa identificação é que nós temos uma equipe eficiente no monitoramento de rede."

A reunião envolveu representantes da Polícia Militar, Polícia Civil e Secretaria de Educação. Há dois dias a onda de boatos, sobretudo no Recife, tomou tal proporção que a maioria dos colégios de médio e grande porte da capital se viu obrigada a divulgar notas, em redes sociais ou correspondência interna, para acalmar os pais, que pressionavam após serem aterrorizados em grupos de aplicativos de mensagem, como os de WhastsApp. Falsas denúncias, fake news ou mesmo publicações tiradas de contexto tornaram o medo ainda maior. AInda mais quando confrontado com fatos concretos. Houve ameaças no interior, neste fim de semana, em caso investigado pela polícia. E, ontem, a SDS anunciou a apreensão de menor de 12 anos, acusado de divulgar ameaças contra uma escola estadual na Zona Sul do Recife. O teor das mensagens era grave e violento. O pré-adolescente foi detido na última segunda-feira (10), mas nada foi encontrado com ele.

Nesta terça-feira (11), as rondas policiais voltaram a acontecer com intensidade. A gestora, contudo, não quis se comprometer com um número específico de policiais que ficará responsável por esse trabalho. Os agentes não vão só "passar" pelas escolas, sobretudo as estaduais: entrarão. Essa foi a promessa. Além disso, o estado já havia anunciado que mantém vigilantes nas unidades. Nos colégios particulares, por sua vez, cada um resolve de seu jeito. A maioria anunciou medidas de controle de entradas e saídas de seus espaços, com proibição de de pais e mães, por exemplo. Em outros, providências mais drásticas. Em colégio de ensino fundamental de Casa Amarela, por exemplo, foi anunciada a instalação de cerca elétrica no muro. Por sua vez, uma unidade de ensino da Zona Norte, ligada à Igreja Católica, anunciou, entre procedimentos mais comuns, policiais à paisana e até mesmo o uso de detectores de metais.

Carla Patrícia ainda falou, após a reunião de mais de três horas, sobre a importância de os pais, sempre que possível, gerenciarem as redes sociais de seus filhos, estarem, portanto, atentos às atividades relacionadas ao mundo digital. A regra é observar comportamentos estranhos e procurar entender, com diálogo, se há algo errado. A escola e até mesmo psicólogas devem ser procuradas, caso algo ainda esteja ao alcance, comentou a secretaria.


Também apontou que denúncias podem ser feitas pelo número 190, da Polícia Militar, que atende casos de violência em geral. E, além disso, o governo federal, sobretudo como resposta aos recentes ataques em outros estados, colocou um serviço na internet à disposição das pessoas, o Escola Segura (www.gov.br/mj/pt-br/escolasegura). Os registros são anônimos.

A Polícia Federal monitora a internet brasileira com um grupo específico para o combate à violência nas escolas. De acordo com o Ministério da Justiça e da Defesa, prisões e apreensões já foram feitas, nas últimas duas semanas. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) participa do esforço investigativo, que vasculha redes sociais e fóruns de discussão virtuais, como os de jogos online, por exemplo, populares entre adolescentes.

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