Vida Urbana

Após estalos, moradores desocupam outro prédio em Olinda

Com medo de que uma tragédia se repita, 36 famílias tiveram que deixar, ainda na terça-feira (2), à noite, o Edifício Brooklin,, em Rio Doce, em Olinda. A desocupação de outro prédio no estilo “caixão” acontece quase uma semana depois da tragédia do Leme, imóvel que desabou na quinta-feira da semana passada (27), matando seis pessoas e deixando feridos e desabrigados, na mesma cidade. Assim como o Leme, o Brooklin, que fica no Conjunto Resicial Edifício Brooklin fica no Residencial Juscelino Kubitschek, também está condenado pela Defesa Civil de Olinda e não deveria estar sendo usado como habitação. A Defesa Civil de Olinda divulgou que há 110 prédios nessa condição. 
 
Também como no Leme, cuja demolição foi finalizada ontem, o imóvel da na Rua Professor Ênio Carlos de Albuquerque foi invadido e se iniciou um mercado irregular de compra e aluguel de residências. "A gente sabia que estava condenado, mas precisava de moradia. Daí ele não suportou tanta gente aqui", explicou Rosilene Maria da Silva, de 54 anos, que não tem emprego e não sabe para onde vai agora que sua casa foi interditada. A Prefeitura de Olinda disponibilizou vagas nos abrigos municipais, mas, até o fechamento desta reportagem, não se tinha conhecimento se alguma das 36 famílias foi para um deles. No Leme, que havia cerca de dez famílias, ninguém aceitou a oferta ainda, preferindo ficar em parentes e vizinhos, enquato esperam pelo auxílio-moradia, que em Olinda é de R$ 260 e deve sair só no mês que vem.
 
O Brooklin foi desocupado após moradores ouviram um forte estalo. O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 22h30. Sabendo que o imóvel está na lista de interditados, ordenou a desocupação. A revolta tomou conta de Joyce Alane, 20, que mora no local há mais de cinco anos com o marido, o filho e a mãe. O grande pedido é ter moradia digna. "Muita gente aqui tem criança pequena e está nessas condições, sem ter pra onde ir", falou. 

A Prefeitura de Olinda se reuniu com os moradores à tarde. O provável percurso é o mesmo do Leme: cadastro social. Para as que residiam no Leme, a Prefeitura está promovendo um mutirão que deve seguir até esta sexta-feira (5). No mutirão, as famílias recebem assistência jurídica, psicológica e social. Novos documentos estão sendo providenciados. No local, também estão sendo oferecidas refeição e cestas básicas. 

 
DOAÇÕES  
A enfermeira Mariana Azeredo, de 48 anos, iniciou uma campanha para arrecadar doações para as vítimas do desabamento do Edifício Leme. "Não vem quase ninguém de autoridade para verificar o que essas pessoas precisam, então eu e meus vizinhos pensamos em arrecadar roupas, alimentos para essas pessoas que perderam tudo, porque a fome não espera nem pra amanhã, nem para depois", disse.
 
As doações podem ser feitas em um prédio da mesma Rua Acapulco, em Jardim Atlântico. Ração para cachorros também está sendo recebida. "Estamos precisando de um caminhão para buscar outras doações como eletrodomésticos, camas, essas coisas maiores", apelou.
 

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