AÇÃO

Terreiro realiza projeto de cultura, territorialidades e ecossistemas

Publicado em: 04/07/2023 09:44 | Atualizado em: 04/07/2023 13:35

A iniciativa promove imersão sobre métodos tradicionais de cultivo e manejo da terra resguardados pelas comunidades de matrizes afro-indígenas de Pernambuco e tem o incentivo do Funcultura 
 (Divulgação/Uenni Mirielle )
A iniciativa promove imersão sobre métodos tradicionais de cultivo e manejo da terra resguardados pelas comunidades de matrizes afro-indígenas de Pernambuco e tem o incentivo do Funcultura (Divulgação/Uenni Mirielle )
Neste sábado (8) e domingo (9), o Terreiro Ilê Axé Talabí, realiza gratuitamente o projeto Articula Matriz Africana: Cultura, Territorialidades e Ecossistemas com incentivo do Funcultura. Os encontros promovem troca de experiências e ensinamentos de saberes, fazeres e métodos tradicionais de cultivo e manejo da terra resguardados pelas comunidades de matrizes afro-indígenas de Pernambuco. 

A iniciativa promove vivências orais, gastronomia tradicionais dos orixás, além da produção de uma horta comunitária de ervas medicinais dentro do espaço geográfico do terreiro, além da produção de mudas de árvores frutíferas e sagradas para compartilhamentos com outros terreiros da região metropolitana do Recife. 

Entre as mudas frutíferas que serão estão a manga, o abacate, a jaca, a carambola, entre outras. Dentro do campo sagrado serão plantadas o Igi Opé (Dendezeiro), Jurema Preta, Akoko, Obí e Iroko. 

Na gastronomia, o público junto com a comunidade irão se alimentar das comidas tradicionais, como: Èwà Obaluaiê (feijão do senhor rei da terra), Àgbàdo Funfun – milho branco (mungunzá), Fèsélù Òbúko – Pirão de bode e Isu - inhame;

Os dois dias de atividades serão ótimas oportunidades para sensibilizar de crianças aos idosos, sobre os conhecimentos oriundos da ancestralidade negrindígena, no campo do uso sustentável dos recursos naturais e da alimentação ancestral da Jurema Sagrada e do Orixá. Com produção do  Núcleo de Mídia, Comunicação e Tecnologia Social do terreiro, o momento será coordenado pela RAE - Rede de Autogestão em Ecossistemas da Comunidade Tradicional do Terreiro Axé Talabi e valoriza os territórios terreiros enquanto espaços de preservação do ecossistema natural e da biodiversidade.

 “Sem natureza não há Orixás, os Orixás são as próprias manifestações e vitalidades dos elementos naturais. Não há cultura, cultivo e continuidade sem água, sem terra, sem ar. E é neste sentido que nossas comunidades de Terreiros atuam como espaços de envolvimento para preservação de um legado, um sentido de mundo que relaciona espiritualidade, cuidados e vida”, explica o Babalorixá e Juremeiro Pai Júnior de Odé, membro do conselho religioso do Terreiro Axé Talabi e idealizador do projeto. 

A importância da Natureza para o Povo de Terreiro

A cultura do Candomblé e da Jurema Sagrada está fortemente presente no estado de Pernambuco, e em outros estados brasileiros. É de fundamental importância as narrativas dos povos indígenas e africanos, que sustentam a base filosófica das comunidades de terreiros, para a cultura popular e tradicional, assim como para a diversidade cultural do Brasil. 
 
O entendimento de cultura para os membros das comunidades tradicionais de matrizes afro-indígena – Povos de Terreiros – é integralizado, vai muito além das manifestações de ordens estéticas, dos brinquedos e das produções artísticas, entende-se como cultura um complexo que inclui a salvaguarda de práticas tradicionais ligadas aos diversos valores morais, éticos e comportamentais, integrados a preservação dos elementos e manifestações da Mãe Natureza.



Confira a programação completa abaixo: 



8 de Julho (Sábado)
localizado na rua Orobó, 257, em Paratibe - Paulista


9h - Acolhida dos participantes e vivência Ilè ògérè: a Mãe Terra;



10h

A ciência das folhas: apresentação das espécies e tratamento da terra;



12h às 14h – O alimento que nos une: preparação e refeição coletiva do Èwà Obaluaiê – feijão do senhor rei da terra;



15h às 17h – Produção da horta: processos de plantio das espécies na horta comunitária de ervas medicinais;



18h – O alimento que nos une: refeição coletiva do àgbàdo funfun – milho branco (mungunzá) e fechamento do primeiro dia de atividades.

9 de Julho - (Domingo)



9h - Vivência as folhas têm segredos;



10h - Sementes de Jurema: apresentação das sementes, narrativas ancestrais e produção das mudas de árvores e ervas sagradas;



12h – O alimento que nos uni: preparação e refeição coletiva do fèsélù òbúko – Pirão de bode;



15h – Vivência corpo templo, morada da natureza;



17h – Vivência ensinamentos que vêm da terra: memórias do território de Paratibe;



18h – O alimento que nos une: refeição coletiva do isu - inhame; fechamento do segundo dia de atividades com a entrega dos certificados para todos os participantes.

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