Vida Urbana

Aflição e pouco dinheiro no bolso: conheça a rotina de acompanhantes de pacientes de hospitais públicos

As dificuldades diárias não são o suficiente para fazer com que os acompanhantes deixem as entradas dos hospitais à espera de boas notícias

Acompanhantes de pacientes ficar do lado do HR, no Recife

Pode-se entender como acompanhante a pessoa que ficará ao lado do paciente durante o período em que ele está hospitalizado.  
O acompanhante deve ter um vínculo de convivência com o paciente, já que o cuidado é inerente ao contato verbal ou físico e necessita de interação. 
 
Além disso,  o acompanhamento familiar contribui muito para uma melhor recuperação e preparação da alta do paciente, e consequentemente na continuidade dos cuidados. Mas o paciente possui o direito de escolher a pessoa que irá acompanhá-lo, podendo ser um amigo ou parente.

Entre os principais direitos dos acompanhantes estão permanecer junto à paciente, prestando o cuidado necessário, informar à equipe de saúde alterações importantes que ocorram  com a paciente, evitar trazer preocupação ao paciente, manter silêncio nas dependências do hospital e seguir as orientações da equipe de saúde.

Estas pessoas também possuem seus direitos assegurados, entre elas receber informação acerca das normas, regulamentos e rotinas da instituição hospitalar, receber pulseira de acompanhante para sua identificação, receber alimentação, ter acomodações adequadas, ter acesso ao conteúdo do prontuário do seu paciente e receber informação sobre o estado de saúde do seu paciente, de forma objetiva, respeitosa, compreensível e em linguagem adequada.

Acompanhantes levam objetos para frente de hospitais públicos

Diante destas informações, ainda surge o questionamento de por que há tantas pessoas dormindo do lado de fora dos hospitais enquanto esperam seus parentes e amigos? 
 
Isso ocorre porque muitos acompanhantes vêm de outras cidades e revezam o acompanhamento com outro parente ou amigo. Além disso, muitos deles não possuem dinheiro para se locomover até a cidade onde moram todos os dias. 

Acompanhante conta as dificuldades

O cenário de revezamento entre acompanhantes é comum nos hospitais, uma vez que nem todas as pessoas podem ficar na unidade hospitalar 24h por dia. 
 
Outra acompanhante que está nas mesmas condições de Maria das Graças é Evelyn Nascimento, que acompanha a mãe há 23 dias no HR. Ela mora em Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife, e faz o revezamento com a irmã.

“É uma rotina muito cansativa e fico revezando, pois tenho filho em casa. Ficamos muito desassistidos aqui, tanto pelos médicos quanto pela assistência social. O acompanhante fica extremamente aflito, sem saber o que fazer, com quem falar e o que falar. Eu revezo com minha irmã a cada três dias e a gente dorme do lado de fora mesmo. Também temos um gasto muito grande porque quem está aqui fora tem que comprar comida. O que poderia melhorar é a questão do atendimento, pois ficamos sem informações. A maior aflição dos acompanhantes é a falta de respostas”, contou.

O cenário se estende por outros hospitais da rede pública, como o Hospital Agamenon Magalhães, no Recife. Luciana Deodato mora na cidade de Goiana e também estava acompanhando a mãe no hospital há cerca de 15 dias, mas ela não pôde ficar mais tempo pois se sente nervosa diante da situação. 
 
“Eu fico abalada e chorando diante desta situação, por isso quem vai ficar a partir de hoje com a minha mãe é o meu irmão. Até agora eu estou sofrendo, mas só tenho expectativa de que minha mãe vai sair bem”, relatou.

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