Saúde

''Qdenga é o primeiro passo para o controle da doença'' dizem especialistas sobre vacina contra dengue

Segundo infectologista, doença será controlada quando houver vacina suficiente para a população; Pernambuco ficou de fora da primeira etapa de imunização

Publicado em: 29/01/2024 05:30 | Atualizado em: 29/01/2024 05:27

 (Foto: Rogério Vidmantas/ Prefeitura Dourados/ Via Agência Brasil)
Foto: Rogério Vidmantas/ Prefeitura Dourados/ Via Agência Brasil
 
A chegada de uma vacina contra a dengue foi festejada por médicos de todo o Brasil. Afinal, a doença causa preocupação a cada temporada. Diante da dificuldade de erradicar o mosquito Aedes Aegypti, a imunização surge como uma esperança para controlar a doença. 
 
No entanto, especialistas ouvidos pelo Diario de Pernambuco fazem ressalvas.

De acordo com o médico pediatra e representante regional da Sociedade Brasileira de Imunização em Pernambuco, Eduardo Jorge, essa é uma boa notícia diante de altos índices.

‘’É uma grande notícia, pois a dengue é uma das arboviroses mais importantes do mundo. Estamos observando um aumento crescente no número de casos. Em 2023, aconteceram mais de um milhão de casos, com mais de mil mortes. Esta é uma preocupação crescente, esse aumento’’. 

Ele ainda comenta que, evidentemente, apenas a vacina em um grupo tão restrito não será suficiente para o controle efetivo desta doença, mas é um primeiro passo dado para o controle dela.

Para o médico infectologista e sanitarista Bruno Ishigami, de fato, a chegada da Qdenga vem em boa hora para a população.

‘’A vacina Qdenga é um bom imunizante, com eficácia de mais de 80% quando se avalia os quatro sorotipos, que é o DENV1, 2, 3 e 4, mas os estudos são mais consistentes para os sorotipos do tipo 1 e tipo 2’’.

Ishigami enfatiza que uma das preocupações é o tipo 3, por ele não estar em circulação há muito tempo no país e no ano passado foi identificado novamente, por isso, é bom comemorar o surgimento do imunizante.
 
 (Foto: Reprodução/Freepik
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Foto: Reprodução/Freepik
 
Prevenção
 
O infectologista acentua que as pessoas não devem deixar de se prevenir com a chegada da vacina, que de primeira, não será capaz de impedir uma epidemia pela falta de imunizante necessário para toda a população.

‘’A vacinação contra a dengue tem potencial para controlar a doença no país quando tivermos capacidade para imunizar massivamente a população. Nesse caso o que a gente tem que fazer para prevenir o aumento dos casos de dengue são aquelas orientações de sempre evitar água empoçada e água parada nas nossas residências, porque é onde a larva do mosquito tem o seu ciclo de vida’’.

Ainda segundo ele, é importante refletir sobre os impactos das alterações climáticas, o ano mais quente que favorece também estações chuvosas. 

‘’Tudo isso favorece o ciclo de multiplicação do mosquito, então para além da vacina e desses cuidados com água parada. A gente precisa ter uma reflexão sobre o impacto das mudanças climáticas nessas doenças que têm animais no seu ciclo de transmissão, na sua cadeia de transmissão’’ disse Ishigami.

Vacina

O imunizante Qdenga, é produzido pelo laboratório japonês Takeda, e passou pelo crivo da Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias (Conitec) no SUS. 

Após isso foi recomendada a incorporação no calendário priorizando regiões do país com maior incidência e transmissão do vírus, além de faixas etárias de maior risco de agravamento da doença. Crianças e adolescentes de 10 a 14 anos serão vacinadas.

A primeira etapa de imunização, que deve começar em fevereiro deste ano, serão beneficiados moradores de 521 municípios do País. Veja a lista completa dos municípios contemplados, disponível aqui.

Pernambuco de fora da primeira etapa de vacinação com a Qdenga

Pernambuco está fora da primeira etapa da vacinação nacional contra a dengue. 
A informação foi confirmada, nesta quinta-feira (25), pelo escritório do Ministério da Saúde no Estado e pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE).

No nordeste apenas os estados da Bahia, Maranhão, Rio Grande do Norte e a Paraíba receberão os imunizantes.

De acordo com nota divulgada pela SES-PE, "Pernambuco não foi contemplado com o Plano de Vacinação contra a dengue". 

Ainda segundo a administração estadual, o Ministério da Saúde alegou problemas com a "capacidade limitada de produção de vacinas pelo laboratório".

Por isso, acrescentou o Governo do Estado, foi "necessário definir critérios para estratégia de vacinação em conjunto com as entidades representantes de estados e municípios".

Ainda de acordo com a SES-PE, para entrar nos critérios do Ministério da Saúde seria preciso atender a alguns pré-requisitos.

Entre eles, estão:
 
Municípios de grande porte (mais de 100 mil habitantes) com alta transmissão de dengue; 

Maior número de casos em 2023 e 2024; 
 
Predominância do sorotipo DENV2 (dezembro de 2023); 
 
Definição por Regiões de Saúde, abrangendo todas as regiões do país.

Questionado pelo Diario de Pernambuco, nesta quinta, o escritório do Ministério da Saúde no Estado afirmou que Pernambuco não atendeu aos critérios estabelecidos que foram acordados entre a pasta federal, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). 

Dengue em Pernambuco
 
Conforme dados divulgados pela SES-PE, entre os dias 1º de janeiro de 2023 e o dia 30 de dezembro do mesmo ano, foram contabilizados 3.262 casos da doença, sendo 54 considerados graves e três óbitos.

Entre os dias 31 de dezembro de 2023 e 20 de janeiro de 2024, foram confirmados 35 casos de dengue. Também há 282 casos em investigação.

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