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Caso Rodrigo Carvalheira: advogados dizem que segunda prisão é "absurda"

Empresário foi detido, nesta quinta (6), em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Ele é réu em ao menos um processo por estupro de vulnerável

Rodrigo Carvalheira foi preso nesta quinta (6)

A prisão 

Rodrigo Carvalheira foi preso após o MPPE fazer o pedido, que foi aceito pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE).

O empresário foi preso no apartamento da família, na Avenida Navegantes, no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, e encaminhado para o 1º Departamento Especializado de Atendimento à Mulher (DEAM), no bairro de Santo Amaro, na área Central do Recife.
 
Em seguida, Rodrigo Carvalheira foi levado para fazer exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal (IML), também em Santo Amaro, na área Central da capital. 

Após concluir esta etapa, o empresário será recolhido para o Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, no Grande Recife. 

O que diz Rodrigo Carvalheira

Em entrevista à TV Globo, no momento em que chegava ao 1º Deam, Rodrigo Carvalheira falou  sobre a prisão. 

“Eu  faço uma pergunta aos ouvintes, para as mulheres que estão me ouvindo, em  que muitas me julgaram.  Se você fosse supostamente agredida e abusada por um homem, cinco meses após o fato, você postaria uma foto do aniversário, do Instagram? Ela (vítima) fez aniversário no meu restaurante, eu organizei tudo. Então, vamos parar para imaginar: eu  vou ligar para o cara que me estuprou? Eu vou  pedir para que ele  organize a minha festa de aniversário? Então não faz sentido. Eu  tenho  várias outras provas”, disse Carvalheira. 

Ainda segundo o empresário, esses temas foram levantados para "mostrar a perseguição". 

"Ela (vítima) criou um grupo com outras mulheres, que ela era minha melhor amiga, e ela colocou pessoas que eu inclusive nunca identifiquei. Meu apelido é Titela. Vocês transaram com Titela? Todo mundo ficou muito surpreso, foi quando fiquei sabendo que estava tendo um B.O contra mim. E aí, na verdade, hoje o motivo da minha prisão para surpresa de todos, é um negócio até meio sem lógica. Não foi um pedido da polícia, do juiz, e sim do Ministério Público. Eu  estou com a tornozeleira eletrônica, desde que saí da prisão. E o que que diz sobre a tornozeleira eletrônica? Que eu não posso falar com nenhuma testemunha, com  nenhuma suposta vítima, essas coisas, que não posso sair no final de semana, porém, a prisão foi por conta de uma mensagem que mandei no dia 6 de dezembro (2023). ou seja, quatro meses antes da minha prisão, para um grande amigo meu. Daí, a promotora (MPPE), pediu minha prisão por uma suposta mensagem de interferência”, finalizou o empresário. 

Inquéritos

No dia 31 de maio, a Polícia Civil pernambucana detalhou o estágio dos cinco inquéritos que investigaram o empresário, de 34 anos, por envolvimento em  crimes sexuais contra mulheres. 
 
Em três casos, ele foi indiciado por estupro de vulnerável. 

Os outros dois prescreveram. Ou seja, o Estado não tem mais como executar a punição contra o empresário.
 
Em todos , no entanto, a Polícia Civil encontrou um ponto em comum: Carvalheira aproveitou relações de amizade para poder estuprar as vítimas. 

 Além disso, em todos os episódios, segundo a polícia, as vítimas estavam sob efeito de álcool ou em estado de sonolência. 

A corporação também afirmou que duas das cinco mulheres abusadas pelo empresário eram adolescentes na época em que os estupros aconteceram.
 
Uma delas sofreu a violência sexual no dia do próprio aniversário de 16 anos, em 2009. 
 
A outra também tinha 16 anos na época em que foi estuprada, em 2005. 
 
Esses dois são justamente os casos que  prescreveram.

Dessas duas vítimas, uma delas foi estuprada quando estava em estado de embriaguez e outra quando estava sob o efeito parcial de embriaguez, segundo a polícia.  

 
As delegadas responsáveis pelos cinco inquéritos, Larissa Azedo e Jéssica Ramos, detalharam como o empresário agia. 

“A conduta do investigado revelou o mesmo método de ação. Foram feitas várias diligências, algumas sigilosas. A gente constatou que  existiam elementos suficientes para fazer o indiciamento. A gente identificava o estado de vulnerabilidade das vítimas e o elo de confiança que o investigado tinha com elas. O que torna elas mais vulneráveis ainda, pela relação de confiança e retirada de vigilância. Eram relação de amizade prévia. Outras mulheres  que também eram consideradas amigas do investigado perceberam que passaram pela mesma coisa. Essas vítimas levavam um bom tempo para perceber que tinham sido vítimas de um crime”, disse a delegada Jéssica Ramos, titular da 1ª Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM). 

A investigadora ainda disse que “esses fatos são bem diferentes dos casos de estupro que estamos acostumados a ver".
 
Segundo ela, trata-se de uma relação de grupo de amigos, em que a vítima não espera ser abordada de alguma maneira indesejada que está ali convivendo com o agressor.
 
"Aquele pessoal que faz parte do grupo de amigos se surpreende com atitudes de violência sexual. Ficaram evidenciadas tentativas de relações sexuais,  quando as vítimas estavam em  estado de sonolência ou embriagadas, pelo uso de álcool. Então, esse estado em que a pessoa se encontra em sonolência ou embriaguez acaba tornando vulnerável. Ela não consegue optar, de fato, e saber o que   quer ou não quer  deixar acontecer. Algumas vítimas nem se lembram como deixam acontecer as situações. Então, o ponto-chave é que havia sempre essa relação de amizade e confiança. Algumas vítimas tiveram somente a coragem de denunciar anos depois, o que não significa que o crime não deixou de acontecer”, afirmou. 

Leia a notícia no Diario de Pernambuco