OLinda

Garota que teve bebê de padrasto após série de estupros foi obrigada por ele a mentir para encobrir crimes

Segundo a polícia, agressor mandava adolescente dizer que tinha engravidado de rapaz que conheceu na internet

Publicado em: 10/07/2024 13:53 | Atualizado em: 10/07/2024 14:01

 (Foto: Priscilla Melo/DP)
Foto: Priscilla Melo/DP
Antes de ser preso, o padrasto que estuprou a própria enteada pressionou a vítima para que ela inventasse que estava grávida de um rapaz que conheceu na internet, afirma a Polícia Civil. 
 
O crime foi denunciado para a polícia, em março deste ano, em Olinda, no Grande Recife, pela mãe da vítima, hoje com 15 anos de idade. 
 
A jovem deu à luz ao bebê, que, atualmente, tem meses de vida.
 
O caso veio à tona nesta quarta (10), com a divulgação de uma nota da Polícia Civil, em virtude da captura realizada na sexta (5). 
 
Desde então, a Polícia adotou medidas protetivas de urgência para afastar a vítima de seu agressor. A partir disso, foram realizadas investigações para confirmar os abusos.
 
O homem, que não teve a identidade divulgada, está no Cotel, em Abreu e Lima, no Grande Recife. 
 
Detalhes
 
Os detalhes desse caso foram repassados em entrevista coletiva no prédio da Polícia Civil, no bairro da Boa Vista, área central do Recife. 
 
Nívia Lima, titular da Delegacia de Olinda, afirma que as agressões começaram na infância da jovem e gradativamente foram sendo intensificadas.
 
 “Este homem, quando soube que a enteada estava grávida, a obrigou a dizer que conheceu uma pessoa pela internet e que esse filho era dessa pessoa”, explicou. 
 
A delegada afirmou, também, que “mesmo após exame pericial que comprovou os abusos, ele negou que tinha tocado na enteada”.
 
A Polícia informou, também, que os exames periciais mostraram que o bebê de poucos meses é, sim, filho do padrasto da vítima. 
 
O padrasto da vítima responderá pelo crime de estupro de vulnerável em continuidade delitiva.  Ou seja, esse crime teve continuidade, ao longo do tempo,  e nunca foi interrompido.
 
Como foi
 
Segundo a Polícia, os crimes começaram quando a jovem tinha 5 anos e continuaram aos 15, idade atual da jovem. No dia 17 de março, a mãe e a vítima foram à delegacia denunciar os abusos. 
 
A Polícia contou que ao ser notificado da denúncia, o agressor se apresentou, com um  advogado, e disse que "estaria à disposição para esclarecimentos".
 
A partir disso “ele foi interrogado, aceitou fazer o exame pericial e após o resultado, tivemos a prova cabal de que o crime aconteceu”, diz Nívia.
 
Na coletiva, a polícia contou que a vítima tem dois irmãos pequenos. 
 
“Na investigação da menor, não houve nenhum indicativo de que esses irmãos também foram abusados. Ela contou que muitas vezes ficava em casa para proteger os irmãos dele”, explicou a delegada. “Ela é uma adolescente tímida, retraída, ela é uma menina”. 
 
Como denunciar
 
A delegada Fabiana Leandro, gestora do Departamento de Polícia da Mulher, explica como as famílias podem perceber que crianças e adolescentes podem estar sendo abusadas.
 
“Infelizmente, a maioria dos casos acontecem de abuso acontece com pessoas próximas, pais, padrastos, tios, vizinhos, amigos. Então, às vezes, as crianças não têm compreensão de que aquilo ali é crime”, explica a delegada.
 
“As podem ser levadas a não falar, porque a pessoa, por ser de confiança àquela criança, promete que não vai fazer mais, diz que aquilo é um segredo entre eles, ou até pode até ameaçar mesmo. Então, é importante sempre o acompanhamento dessas crianças”, ressaltou.
 
Alguns números estão disponíveis para que vítimas menores de idade e adultas, também, façam denúncia. “O Disque 100, ou o 180, são canais nacionais de acolhimento e denúncia. Também há a ouvidoria da Mulher do Estado, que é o 0800-281-8187. Todas essas denúncias são repassadas para as delegacias de polícia”.