Empoderamento

Projeto promove conscientização e incentiva empreendedorismo feminino através da culinária

Moradoras de Ponte do Maduro, no Recife, participam de dois dias de vivência no projeto Comunicação pela Igualdade de Direitos

Publicado em: 17/07/2024 07:00

Idealizadoras do projeto, as jornalistas Germana Pereira e Marcionila Teixeira (Foto: Divulgação)
Idealizadoras do projeto, as jornalistas Germana Pereira e Marcionila Teixeira (Foto: Divulgação)
Moradoras da Ponte do Maduro, na área central do Recife, participam do projeto "Comunicação para a Igualdade de Direitos”, nesta quarta-feira (17) e quinta-feira (18), das 8h às 17h. A iniciativa visa incentivar as mulheres socialmente mais vulneráveis a cozinhar e levar conscientização sobre as desigualdades sociais. 

Ao todo, 15 mulheres já selecionadas vão participar desta primeira edição do projeto,  que recebeu incentivo da Lei Paulo Gustavo, por meio do Edital de Fomento de Formação Cultural e Direitos Humanos, promovido pela Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE). A liderança comunitária, Fátima Silva, atuou como mobilizadora no recrutamento das participantes do projeto.

Durante o encontro, que será promovido na sede do grupo “Mulheres de Luta de Ponte do Maduro”, as participantes vão aprender a produzir o doce Nego Bom com a cozinheira e empresária Tayná Passos, que veio da periferia. O nome do doce, embora pareça algo carinhoso, remete à apropriação de características atribuídas à pessoa negra, como cor, maciez, doçura, além da erotização racista da figura do negro quando se fala “comer um nego bom.”

Além disso, as mulheres terão um momento de reflexão sobre as palavras e suas conotações racistas, ampliando o debate para outras populações estigmatizadas. Este momento é promovido pelas idealizadoras do projeto, as jornalistas Germana Pereira e Marcionila Teixeira.

“A gente costuma dizer que a oficina do Nego Bom é o mote para falar sobre direitos humanos. Enquanto elas [as participantes] cozinham, vamos conversando sobre termos racistas ou termos que estigmatizam. A ideia é atraí-las para dar um alerta neste empreendedorismo ao mesmo tempo que a gente comunica sobre direitos humanos”, explica Marcionila Teixeira.

Em dois dias, as jornalistas também apresentarão dicas e atividades práticas de comunicação comprometida com os direitos humanos. Quem participa, ainda, do encontro é a equipe da Com Acessibilidade Comunicacional, com reflexões didáticas sobre práticas inclusivas.
 
Com o projeto, as facilitadoras buscam proporcionar às mulheres um aprendizado do doce e a possibilidade de comercialização da iguaria, incentivando o empreendedorismo de mulheres da periferia, além de formar uma rede de comunicadoras pela igualdade de direitos em Ponte do Maduro.
 
De acordo com a idealizadoras do projeto, a Ponte do Maduro foi escolhida por se tratar de uma região com pessoas em situação de vulnerabilidade social, marcada por conflitos decorrentes do tráfico de drogas, desemprego e ausência de direitos básicos, como alimentação e moradia, contexto que afeta diretamente as mulheres, muitas delas, chefes de família. 

“Estou muito animada para a realização do projeto com as mulheres de Ponte do Maduro. Minha expectativa é que essa experiência seja transformadora, tanto para as participantes quanto para nós, facilitadoras.  Espero que possamos construir juntas um espaço de troca de saberes, onde possamos compartilhar nossas histórias, desafios e conquistas. Acredito que, ao final da oficina, as mulheres sairão mais empoderadas, com novas habilidades de comunicação e uma rede de apoio fortalecida. Estamos focadas em criar um ambiente inclusivo e acolhedor, onde cada voz seja ouvida e valorizada, contribuindo para a luta por igualdade de direitos e justiça social”, afirma Germana Pereira.