Prisão

Família de Deolane financiou protestos na frente da cadeia, diz desembargador

Em decisão, magistrado do TJPE decidiu manter Deolane Bezerra atrás das grades e concordou com cárcere em Buíque, longe de grandes centros urbanos

Publicado em: 12/09/2024 15:44

Rafael Vieira/DP Foto
 
 
Na decisão que manteve Deolane Bezerra atrás das grades, o desembargador Eduardo Guilliod Maranhão, da 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), afirmou que familiares da influenciadora financiaram manifestantes para protestar na frente da cadeia e pressionar a Justiça para soltá-la.

Essa foi uma das justificativas usadas pelo magistrado para concordar em deixar Deolane encarcerada na Colônia Penal Feminina de Buíque, no Agreste, a cerca de 280 quilômetros de distância do Recife. Superlotada e conhecida por abrigar as chamadas “Canibais de Garanhuns”, a unidade fica distante de grandes centros urbanos. O habeas corpus foi julgdo na quarta-feira (11/9)

Alvo da Operação Integration, Deolane Bezerra, de 36 anos, é investigada por suposto esquema de lavagem de dinheiro por meio de jogos de azar e de empresa de apostas. Ela alega inocência e diz que os valores contestados na investigação são oriundos das suas atividade publicitárias.

Com mandado de prisão preventiva em seu desfavor, a influenciadora deu entrada, no dia 4 de setembro, na Colônia Penal Feminina do Recife, onde ficou cinco dias. Com cartazes e até queima de fogos, dezenas de fãs se aglomeraram no portão da cadeia e promoveram tumultos.
 

Volta à cadeia

Por Deolane ser mãe de uma menina de 8 anos, a Justiça acatou o seu pedido de prisão domiciliar na segunda (9) e estabeleceu uma série de medidas cautelares, como não poder falar com a imprensa ou usar as redes sociais. A soltura da influenciadora, no entanto, durou menos de 24 horas.

Assim que pisou na rua, a investigada declarou que a sua prisão seria ilegal e publicou uma foto, em que aparece amordaçada, no seu perfil do Instagram, que reúne mais de 21 milhões de seguidores. Para o desembargador, tratou-se de tentativa de insuflar a opinião pública contra o sistema de Justiça.

“Essa tentativa de mobilização da população contra as investigações em cursos fica ainda mais evidente quando a imprensa noticiou que familiares da paciente (Deolane) estão financiando as manifestações em frente ao cárcere, como se pode ler em vários sites de notícias hoje consultados”, diz o magistrado.

“O financiamento de manifestantes, por iniciativa de familiares da paciente, para se aglomerarem diante da Colônia Penal Feminina do Recife (Bom Pastor) e realizarem protesto, demonstra a total inconveniência da permanência da paciente em suas instalações, justificando o seu encarceramento em Buíque”, registra.

Investigação

Conforme mostrou o Diario de Pernambuco, a influenciadora é suspeita de movimentar pelo menos R$ 15 milhões, em transações de origem desconhecida que envolveria até contas bancárias de filhos.

Mãe da influenciadora, Solange Bezerra também foi presa na ação e nega participação em crimes. Em habeas corpus, que já foi negado pela Justiça, a investigada alegou, ainda, ter problemas cardíacos que a impediram de permanecer atrás das grades.

O pivô do suposto esquema seria a empresa Esportes da Sorte, com sede no Recife, ligada ao empresário Darwin Henrique da Silva Filho. Ele se entregou à polícia na semana passada.

A suposta lavagem de dinheiro também envolveria carros de luxo. Segundo a investigação, Deolane e Darwin teriam negociado um Lamborghini Urus, que foi comprado pela influenciadora por R$ 3,85 milhões.