Movimentação suspeita
Irmã de Deolane tentou sacar R$ 2 milhões em espécie, diz investigação de lavagem
Ao banco, Dayanne Bezerra alegou que iria comprar um imóvel, em dinheiro vivo, por exigência do vendedor; saque foi barrado por suspeita de atividade ilegal
Por: Felipe Resk
Por: Igor Fonseca
Por: Igor Fonseca
Publicado em: 18/09/2024 15:00 | Atualizado em: 18/09/2024 15:12
Dayanne é irmã mais nova da influenciadora Deolane Bezerra, presa por suspeita de lavagem dedinheiro (Reprodução/Instagram) |
Investigação da Polícia Civil de Pernambuco mostra que a advogada Dayanne Bezerra Santos, de 35 anos, irmã mais nova da influenciadora Deolane Bezerra, tentou sacar R$ 2 milhões, em espécie, para comprar um imóvel à vista no estado de São Paulo.
O provisionamento para realização do saque fez o Conselho de Controle de Atividades Finanças (Coaf), órgão ligado ao Banco Central que apura suspeitas de lavagem de dinheiro, emitir um alerta, de forma espontânea, para a Diretoria Integrada Metropolitana (DIM), da Polícia Civil, no dia 24 de novembro de 2023.
Já no alerta, obtido pelo Diario de Pernambuco, o Coaf também sinalizava que a movimentação era suspeita e “incompatível” com a renda da irmã de Deolane, calculada em R$ 21,4 mil, de acordo com o documento.
Esse relatório integra o inquérito da Operação Integration, deflagrada neste mês, que obteve mandado de prisão preventiva contra Deolane, a mãe dela, Solange Bezerra, e outros 18 investigados. Dayanne não está na lista de suspeitos.
A ação da Polícia Civil, que investiga um suposto esquema de lavagem por meio de jogos de azar e apostas esportivas, conseguiu bloquear na Justiça cerca de R$ 2,27 bilhões de 53 alvos, incluindo empresas e pessoas físicas.
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Saque suspeito
Na ocasião, Dayanne alegou no banco que iria adquirir um imóvel a Deric Elias Costa Silva, de 20 anos, irmão do também influenciador digital Nino Abravanel, de 18, que teria solicitado o recebimento do valor em dinheiro vivo.
Pesquisas apontaram, no entanto, que o vendedor nem sequer tinha o bem registrado no seu nome. “Em consulta ao ONR (Operador Nacional do Registro Eletrônico de Imóveis) no dia 24/11/2023 às 14:05h, (...) não há nenhum imóvel no Estado de SP, em nome do CPF indicado por Dayanne, que ela forneceu à gerência do banco e quem fez o provisionamento do saque”, diz o documento.
À época, Deric também já respondia a processo na Justiça paulista, de acordo com a Polícia Civil pernambucana. Neste ano, ele e Nino acabaram presos, em São Paulo, acusados de assassinar a tiros, em um ato de vingança, um pedreiro que matou o avô deles.
No alerta, o Coaf apontou que Dayanne teria cotas nas empresas Bezerra Comércio de Artigos em Geral Ltda (50%), DSDD Cobranças e Informações Cadastrais Ltda (25%), Bezerra Produções Artísticas Ltda (10%) e Bezerra Publicidade e Comunicação Ltda (1%).
A conta analisada recebeu R$ 6.155.188,24, entre os dias 1 de abril e 30 de setembro de 2023, dos quais 93% foram transferidos via Pix, segundo o relatório. Já os débitos totalizaram R$ 6.125.108,96, sendo 50% aplicação em investimento e 36% movimentação via Pix.
“Chama atenção a movimentação a crédito apresentada não ser possível atestar que a origem dos recursos seja proveniente da atividade comercial, tendo em vista que a maior parte dos valores recebidos são oriundos de empresas de meio de pagamento, onde não é possível identificar o real remetente desses recursos”, diz o documento.
O suposto contrato de compra e venda do imóvel não foi apresentado ao banco, de acordo com a investigação. O saque de R$ 2 milhões acabou barrado pela instituição financeira que também decidiu encerrar as contas da influenciadora e da família dela.
Deolane e Solange alegam inocência e negam participação em esquema de lavagem de dinheiro. O Diario de Pernambuco também procurou Dayanne Bezerra, mas não obteve resposta até o momento. O espaço segue aberto para manifestação.
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