ENTREVISTA

''Minha filha sofreu agressão durante 8 minutos e ninguém sequer a escutou para ajudá-la'', diz mãe de menina machucada por outra criança em berçário

Em entrevista ao Diario, nesta sexta (11), a mulher afirmou que, desde o fato, em setembro, a criança "acorda apavorada e chorando muito"

Publicado em: 11/10/2024 11:49 | Atualizado em: 11/10/2024 12:00

 (Foto: Igor Fonseca/DP)
Foto: Igor Fonseca/DP

 

A mãe da menina de 1 ano e 2 meses agredida por outra criança no berçário CFC Baby, no Rosarinho, Zona Norte do Recife, não teve condições psicológicas de assistir ao registro da câmera de segurança da sala onde as duas estavam. Segundo ela, sem supervisão, sua filha foi machucada por oito minutos.


“Me garantiram que todas as vezes que crianças estivessem na sala do sono, teria um adulto lá, presencialmente, monitorando. E não foi o que aconteceu. Monitoravam por babá eletrônica, sem ciência dos pais, e nesse dia, que eu particularmente duvido que tenha sido o único, sequer a ligaram. Minha filha sofreu agressão durante oito minutos, e ninguém sequer a escutou para ajudá-la”, disse, em entrevista ao Diario.

 

As imagens da agressão, que aconteceu no dia 25 de setembro, estão com o Departamento da Criança e do Adolescente (DPCA) da Polícia Civil de Pernambuco, que investiga o caso. A mãe relata que o laudo traumatológico do Instituto de Medicina Legal (IML) atestou que a menina sofreu múltiplas lesões. 

 

"Bochechas, cabeça, olho, mãos, joelho, boca. Lesões sérias que a fizeram ter que passar dois dias sob efeito de medicação para dor, o que teve de ser estendido por mais dois dias, pois ela chorava de dor. Inclusive, usou uma medicação para aplicação local e oral antes de fazer qualquer refeição, tendo em vista as lesões nas partes internas da boca, superior e inferior", diz a mulher.

 

 

CONSEQUÊNCIAS

 

De acordo com a mãe, a menina, que é o "xodózinho" da família, não consegue mais dormir uma noite inteira depois do acontecido no berçário e está começando um tratamento ludo-terapêutico.  

 

"Acorda apavorada e chorando muito, fica agarrada em meu pescoço e volta a dormir na minha cama. Em determinadas situações, que acredito que a remetam ao cenário de terror que viveu, entra em completo desespero e chora impiedosamente. Reage a situações de dificuldade e contrariedade com repulsa agressiva, o que jamais acontecera antes do fato. Minha filha sempre foi doce, meiga. Rezo para que esses traumas sejam superados", afirma a mãe.

 

Na quarta-feira (9), o Diario revelou que até o fim de setembro, o berçário não tinha licença sanitária nem alvará de funcionamento.

 

O Diario procurou a assessoria de imprensa do berçário, mas não houve, até o momento, novo posicionamento a respeito da agressão. Em comunicado emitido quando o caso foi divulgado, o CFC BABY afirmou que “envidou todos os esforços para remediar a situação” e “realizou a reavaliação das suas práticas e rotinas, de modo a elevar ainda mais os níveis de monitoramento e segurança das crianças, a fim de evitar ocorrências desta natureza”. 

 

Leia a íntegra:

O CFC BABY, em atenção aos pais e mães da nossa comunidade, esclarece que, no último dia 25 de setembro, ocorreu um lamentável incidente envolvendo duas crianças do nosso berçário. Na ocasião, identificamos que uma das crianças praticou agressões contra uma coleguinha. Diante do ocorrido, nossa equipe envidou todos os esforços para remediar a

situação, dando afeto e cuidado às crianças e, ao mesmo tempo, apoio às famílias.


Até o momento, no intuito de proteger a imagem, presente e futura, das crianças, nenhuma publicidade havia sido dada ao caso. Entretanto, movido pelo dever de transparência, se fez necessário este esclarecimento.


É importante ponderar que não se afigura coerente lançar quaisquer juízos prévios de censura à criança de apenas dois anos que desferiu mordidas e arranhões em uma coleguinha de um ano e dois meses.


No mais, o CFC BABY espera que, apesar do ocorrido, a criança atingida possa se recuperar integralmente o mais breve possível e, neste momento, assim como o fizemos desde o início, emprestamos nossa consternação, solidariedade e apoio, seja para ajudar na recuperação da criança, seja para dirimir quaisquer dúvidas relacionadas ao incidente.


Por fim, o berçário realizou a reavaliação das suas práticas e rotinas, de modo a elevar ainda mais os níveis de monitoramento e segurança das crianças, a fim de evitar ocorrências desta natureza, garantindo a continuidade daquilo que nós vimos fazendo há quase 40 anos: cuidar, educar e proteger nossos alunos.