CIÊNCIA

UFPE participa de missão científica da Antártica

O Brasil lidera a expedição inédita que envolve cientistas de sete países

Publicado em: 25/10/2024 09:14

 (Foto: Divulgação/UFPE)
Foto: Divulgação/UFPE
De 22 de novembro deste ano a 25 de janeiro de 2025, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), coordenará uma missão inédita à Antártica liderada pelo Brasil. A Expedição Internacional de Circum-Navegação Costeira Antártica, a missão percorrerá mais de 20 mil quilômetros da costa do continente antártico para chegar o mais perto possível das frentes das geleiras. A saída dos pesquisadores será na manhã do dia 22 de novembro, no Porto de Rio Grande, litoral sul do Rio Grande do Sul.

A expedição contará com cientistas de sete países. No total, serão 61 cientistas, incluindo 27 brasileiros vinculados a instituições associadas ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera (INCT) e a projetos vigentes de pesquisa do Programa Antártico Brasileiro (Proantar/CNPq). 

A missão será coordenada pelo pesquisador e explorador polar Jefferson Cardia Simões, do Centro Polar e Climático (CPC) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A UFPE participa da expedição com o professor Moacyr Araújo, vice-reitor da Universidade, também com o docente Pedro Augusto Mendes de Castro Melo, do Departamento de Oceanografia, junto com outros três pesquisadores do Projeto Mephysto, coordenado pelo vice-reitor.

De acordo com o professor Moacyr Araújo, “trata-se de uma expedição audaciosa, pela sua abrangência científica, e que buscará identificar indicadores da rápida alteração que vem sendo observada no continente gelado, resultante das mudanças climáticas”.

Objetivo

O objetivo é coletar amostragens ao longo da costa, envolvendo estudos biológicos, químicos e físicos, focando dados atmosféricos, geofísicos, glaciológicos e oceanográficos do manto de gelo antártico e seu entorno. 

Também haverá um levantamento aéreo inédito das massas de gelo, monitorando o comportamento das geleiras diante das mudanças climáticas. A tecnologia avançada do satélite Starlink permitirá a troca de informações via texto, áudio e vídeo, com acesso ilimitado à internet durante todo o percurso antártico, facilitando a comunicação e a transmissão de dados em tempo real.

A ação busca ampliar os estudos sobre a biodiversidade, a resposta da fauna polar às variações climáticas, a circulação oceânica e os sinais de poluição na região.

Segundo Jefferson Cardia Simões, expedições antárticas que avançaram pelo continente ou fizeram circum-navegação existem há mais de dois séculos, cada vez mais perto da costa.

“Em 2016/2017, com a participação de cientistas gaúchos, tivemos uma expedição mais ao norte. O pioneirismo desta nova expedição está em ser realizada o mais perto possível da costa da Antártica. Esperamos ter dados sobre a linha de flutuação dessas geleiras e, simultaneamente, apoiaremos um levantamento geofísico dessas frentes de geleiras para entender como elas respondem ao aquecimento da atmosfera e do oceano”, explica ele.

Operação

Para percorrer toda a costa e acessar o continente antártico será usado o navio quebra-gelo científico Akademik Tryoshnikov, do Instituto de Pesquisa Ártica e Antártica (São Petersburgo, Rússia).

A expedição é 97% financiada pela fundação suíça Albédo Pour la Cryosphère, dedicada ao estudo e à preservação da massa de neve e do gelo planetário. E conta com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs).

Participação

A liderança brasileira marca esta iniciativa, conduzida pelo pesquisador Jefferson Cardia Simões, do CPC/UFRGS, delegado do Brasil no Comitê Científico para Pesquisa Antártica (SCAR, da sigla em inglês) do Conselho Internacional de Ciência (ISC).

O projeto contribui para as ações do Proantar. Participam pesquisadores da UFRGS e da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Universidade de Brasília (UnB), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Maranhão (UFMA)Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e Universidade Federal de Viçosa (UFV).