Aniversário do Diario de Pernambuco

199 anos do Diario: as memórias de um observador do mundo

Quase bicentenário, o Diario de Pernambuco faz seu papel de observador histórico, de registrador de fatos e de "guardador" de memórias em diversas plataformas

Publicado em: 07/11/2024 07:20

 (Foto: Sandy James)
Foto: Sandy James

 
Começa hoje o último ano da contagem regressiva para um marco: os 200 anos do Diario de Pernambuco, que ostenta o há muito um festejado posto de "jornal mais antigo em circulação da América Latina".
 
Nesses 199 anos, o Diario fez seu papel de observador histórico, de registrador de fatos e de "guardador" de memórias em diversas plataformas - desde o papel "impresso" no primeiro prelo, em 1825 (foto), até o Instagram (@diariodepernambuco) com mais de 1,3 milhão de seguidores. 

"Temos a construção de um acervo histórico como poucos. São quase 200 anos de um jornalismo comprometido, sério e de credibilidade que está registrado e protegido aqui. Acredito que este será um grande ano para o Diario e chegaremos ainda mais fortes ao próximo aniversário", diz o presidente do jornal, Carlos Vital.
 
Uma boa parte dessa memória está guardada no Centro de Documentação (Cedoc) do Diario, criado com este nome em 2006 e hoje coordenado por Fernando Correia, que convive com os mais diversos registros históricos do país e do mundo: eleições, mudanças de moeda, visitas ilustres, acontecimentos científicos e sociais, carnavais, copas do mundo. Como coordenador do Cedoc, Fernando conhece a fundo o acervo que reúne fotografias, cópias, radiofotos, negativos e livros e jornais impressos.
 
Fernando Correia, coordenador do Centro de Documentação (Cedoc) (Foto: Sandy James/DP Foto)
Fernando Correia, coordenador do Centro de Documentação (Cedoc) (Foto: Sandy James/DP Foto)
 

Fernando foi contratado pelo Diario em 1987, aos 21 anos, como contínuo do acervo. "Eu cuidava dos jornais publicados, encadernados todos os meses, como é feito até hoje. Foi seu primeiro emprego", conta. Historicamente, os arquivos do Diario já foram comandados por nomes como Manoel Barbosa e Leda Rivas, ambos jornalistas. Antes dos arquivos fotográficos digitais, relembra Fernando, o trabalho diário do arquivista era levar envelopes de fotografias aos editores, que escolhiam as que iam ser publicadas no jornal, e depois recolhê-los e novamente arquivá-los. São inúmeras gavetas separadas por assuntos, cheias de envelopes datados e de registros históricos. Dentre os muitos fotógrafos que já passaram pelo Diario, e que são os autores do acervo, Fernando cita Ricardo Fernandes como seu preferido. "Como não gostar dele, né?".

A visita do Papa (João Paulo 2º) ao Recife, recebido por dom Helder Câmara, em 7 de julho de 1980 (Foto: Arquivo/DP)
A visita do Papa (João Paulo 2º) ao Recife, recebido por dom Helder Câmara, em 7 de julho de 1980 (Foto: Arquivo/DP)

 
"Tanta coisa importante está preservada aqui. Mesmo que os arquivos digitais se percam, sei que continuam aqui. Reconheço muito o valor do meu trabalho, minha maior satisfação é atender a redação, encontrar a fotografia. O cuidado principal é nunca colocar o arquivo no lugar errado", diz Fernando.

"Aqui tem foto da visita do Papa (João Paulo 2º) ao Recife, recebido por dom Helder Câmara, tem da visita da Rainha Elizabeth. Tem foto da comemoração do Tetra, quando os jogadores vieram ao Recife, e da Copa de 1958, que o Diario cobriu na Suécia", enumera Fernando.

Há ainda gavetas e mais gavetas e fotos do carnaval pernambucano, dos desfiles dos corsos (que nem existem mais) e dos primeiros desfiles do Galo Da Madrugada, só para citar alguns.

Hoje, além da rotina, Fernando está trabalhando na pesquisa para os 200 anos do Diario, focado em registros a partir de 2016, que serão publicados em comemoração aos dois séculos de existência do jornal.