Patrimônio

Com quase 100 anos, Hotel Central do Recife passará por requalificação

Estabelecimento é o mais antigo em funcionamento da capital pernambucana

Publicado em: 18/11/2024 13:16 | Atualizado em: 18/11/2024 13:20

Hotel central do Recife fica na Avenida Manoel Borba  (Foto: Marina Torres/DP)
Hotel central do Recife fica na Avenida Manoel Borba (Foto: Marina Torres/DP)
O Hotel Central, o mais antigo em funcionamento na cidade do Recife, com quase 100 anos, passará por uma requalificação. 
O prédio é um ícone da arquitetura histórica da cidade e o primeiro arranha-céu da capital pernambucana.

A intervenção será concentrada na recuperação estrutural da cobertura do edifício, incluindo a marquise de apoio dos reservatórios e a casa de máquinas do elevador. 
 
Entre os serviços planejados estão o reparo de lajes e paredes danificadas por infiltrações de águas pluviais, lavagem e higienização das telhas francesas antigas, com substituições das que se encontram deterioradas, além da higienização, desinfestação e imunização do madeiramento do telhado e impermeabilização da laje do elevador, danificado por óleo proveniente de casas de máquinas.

Após a obtenção das licenças da Prefeitura do Recife, o projeto deve começar no primeiro semestre de 2025, e deve durar de três a quatro meses. 
 
A liderança do projeto será de Marina Russel, coordenadora técnica e arquiteta do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan /PE), Mestra em Preservação do Patrimônio Cultural e Especialista em Restauração do Patrimônio Cultural Edificado.

 “Essas medidas são essenciais para preservar o prédio, que continua recebendo olhares de turistas e recifenses, sempre admirados por sua arquitetura única e história vibrante”, destaca a arquiteta Russel. 



Sobre o Hotel Central

Situado no coração do Bairro da Boa Vista, na Av. Manoel Borba, 209, o prédio será submetido a uma série de intervenções que buscam estancar o desgaste de sua estrutura e recuperar características originais que remontam aos anos 1920, década de sua construção. 

Durante quase um século de existência, o edifício recebeu hóspedes ilustres como Getúlio Vargas, João Dantas, Carmem Miranda, Luz Del Fuego, Luiz Gonzaga e os passageiros e tripulantes do Zeppelin, em 1930, quando o dirigível alemão aportou na capital pernambucana. Atualmente, o hotel vem agregando artistas, fortalecendo a cultura e o turismo sob a batuta da proprietária Rosa Maria onde também dirige o Tempero da Rosa no local.

O edifício já possui o título de Imóvel Especial de Preservação (IEP), foi tombado pela Fundarpe em dezembro de 2018, conforme publicação no Diário Oficial, garantindo suas prerrogativas de proteção conforme a Lei nº 7970/79. 

Antes disso, havia recebido status de semi-tombamento em 2010, o que conferiu ao Hotel Central um grau de preservação excepcional, com levantamento técnico em 2012 e reforçado pelo incentivo do Funcultura em 2016-2017, quando a fachada do prédio foi restaurada com sucesso.

A execução da requalificação também conta com o Incentivo do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura SIC - Funcultura, da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco - Fundarpe e da Secretaria de Cultura e Governo do Estado. 


Social

Como contrapartida social do projeto, será realizada a Oficina de Preservação Patrimonial Cultural, voltada ao treinamento e à sensibilização de técnicos, estudantes e moradores da região sobre práticas de preservação de bens culturais.

Essa ação, que faz parte das exigências para aprovação do projeto cultural, promoverá aulas aos sábados a partir de novembro, abordando a preservação material e imaterial do patrimônio cultural. A oficina será gratuita e possui vagas limitadas, com inscrições abertas para a comunidade e profissionais da área.

Para os organizadores do projeto de reestruturação, preservar o Hotel Central é uma maneira de garantir que a história cultural e arquitetônica do Recife seja apreciada por gerações futuras. 

“Nossa missão é manter viva a essência e a estrutura do edifício para continuar a ser um ponto de referência histórica e turística, além de um elemento ativo na identidade de Pernambuco e do Brasil”, conclui Saturnino de Araujo, proponente do projeto.