Denúncia
Coren-PE encontra cenário de abandono e uso de medicamentos vencidos no único hospital público de Itamaracá
Estrutura precária e falta de profissionais de enfermagem também estão entre os problemas identificados durante a fiscalização
Por: Malu Mendes
Publicado em: 13/11/2024 13:51 | Atualizado em: 13/11/2024 18:21
Investigação de denúncia feita ao Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (Coren-PE) encontrou problemas estruturais graves, déficit de profissionais de enfermagem e o uso de medicamentos vencidos no Hospital Municipal Alzira Figueiredo, único hospital público da Ilha de Itamaracá, Região Metropolitana do Recife (RMR).
O Alzira Figueiredo, vinculado à Prefeitura Municipal da Ilha de Itamaracá, atende a mais de seis mil pacientes por mês. No entanto, a fiscalização do Coren-PE expôs ainda condições de descaso na infraestrutura, com mofo, sujeira e equipamentos sucateados. Segundo funcionários, a sala de raio X, por exemplo, está inoperante há mais de 12 anos, mantendo equipamentos deteriorados no local.
A fiscalização do Coren-PE identificou também que o ambulatório do hospital não estava funcionando, os pacientes que passavam pela triagem eram medicados em cadeiras improvisadas nos corredores da unidade e encaminhados para hospitais no Recife.
Na sala vermelha, destinada a casos de urgência, foram encontrados insumos e medicamentos vencidos, como a atropina, que é usada em casos de parada cardiorrespiratória, e o gluconato de cálcio, utilizado para reversão de hipertensão em mulheres grávidas.
"Encontramos um cenário de abandono, principalmente na estrutura física. As condições precárias das salas de atendimento colocam em risco a vida dos profissionais e da população. Além disso, não há protocolo de atendimento estabelecido, ou seja, o passo a passo para saber a gravidade de saúde do paciente, o que impossibilita garantir uma assistência de qualidade", afirmou a Dra. Ivana Andrade, Chefe do Departamento de Fiscalização do Coren-PE.
A situação já havia sido constatada pelo Coren-PE em 2022, quando um relatório apontou um déficit de 12 profissionais de enfermagem (2 enfermeiros e 10 técnicos). Na época, a gestão municipal, a direção do hospital e o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) foram notificados, mas as condições permanecem as mesmas.
"Há dois anos, identificamos a ausência de Responsabilidade Técnica de enfermagem e de protocolos para transporte e classificação de risco, além da carência de pessoal. Percebemos que, nesse tempo, pouca coisa mudou", destaca Ivana Andrade.
A Procuradoria Jurídica do Coren-PE será acionada, e um novo relatório será encaminhado à Prefeitura de Itamaracá e ao MPPE, exigindo providências para sanar as irregularidades.
Resposta
Procurada pela reportagem do Diario, a Prefeitura da Ilha de Itamaracá informou que "em relação a escala dos enfermeiros a denuncia não procede" e disse ainda que "em relação aos outros fatos a Secretaria de Saúde vai averiguar para tomar as medidas cabíveis".
O Alzira Figueiredo, vinculado à Prefeitura Municipal da Ilha de Itamaracá, atende a mais de seis mil pacientes por mês. No entanto, a fiscalização do Coren-PE expôs ainda condições de descaso na infraestrutura, com mofo, sujeira e equipamentos sucateados. Segundo funcionários, a sala de raio X, por exemplo, está inoperante há mais de 12 anos, mantendo equipamentos deteriorados no local.
Medicamento vencido foi encontrado pela fiscalização do Coren-PE (Foto: Everson Teixeira/Coren-PE) |
A fiscalização do Coren-PE identificou também que o ambulatório do hospital não estava funcionando, os pacientes que passavam pela triagem eram medicados em cadeiras improvisadas nos corredores da unidade e encaminhados para hospitais no Recife.
Na sala vermelha, destinada a casos de urgência, foram encontrados insumos e medicamentos vencidos, como a atropina, que é usada em casos de parada cardiorrespiratória, e o gluconato de cálcio, utilizado para reversão de hipertensão em mulheres grávidas.
"Encontramos um cenário de abandono, principalmente na estrutura física. As condições precárias das salas de atendimento colocam em risco a vida dos profissionais e da população. Além disso, não há protocolo de atendimento estabelecido, ou seja, o passo a passo para saber a gravidade de saúde do paciente, o que impossibilita garantir uma assistência de qualidade", afirmou a Dra. Ivana Andrade, Chefe do Departamento de Fiscalização do Coren-PE.
Hospital Municipal Alzira Figueiredo é a única unidade hospitalar pública da Ilha de Itamaracá, na Região Metropolitana do Recife. (Reprodução/Google Maps) |
A situação já havia sido constatada pelo Coren-PE em 2022, quando um relatório apontou um déficit de 12 profissionais de enfermagem (2 enfermeiros e 10 técnicos). Na época, a gestão municipal, a direção do hospital e o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) foram notificados, mas as condições permanecem as mesmas.
"Há dois anos, identificamos a ausência de Responsabilidade Técnica de enfermagem e de protocolos para transporte e classificação de risco, além da carência de pessoal. Percebemos que, nesse tempo, pouca coisa mudou", destaca Ivana Andrade.
A Procuradoria Jurídica do Coren-PE será acionada, e um novo relatório será encaminhado à Prefeitura de Itamaracá e ao MPPE, exigindo providências para sanar as irregularidades.
Resposta
Procurada pela reportagem do Diario, a Prefeitura da Ilha de Itamaracá informou que "em relação a escala dos enfermeiros a denuncia não procede" e disse ainda que "em relação aos outros fatos a Secretaria de Saúde vai averiguar para tomar as medidas cabíveis".
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