Crime organizado
Fama de matador e aliado da Okaida: quem é o líder de facção preso em Glória do Goitá
Esdras Rodrigues Barros da Silva, conhecido como Deda Vaqueiro, já foi acusado de chefiar o Bonde Mete Bala e acabou detido na quinta-feira (31)
Por: Felipe Resk
Publicado em: 04/11/2024 17:08 | Atualizado em: 04/11/2024 17:47
Armas e dinheiro foram apreendidos com acusado de liderar facção (Divulgação/SDS) |
Com fama de matador e apontado como chefe do tráfico de drogas em cidades litorâneas de Pernambuco, Esdras Rodrigues Barros da Silva, conhecido como Deda Vaqueiro, de 40 anos, foi preso em Glória do Goitá, na Zona da Mata Sul, na última quinta-feira (31). Ele estava foragido da Justiça.
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) acusa Deda Vaqueiro de ser o cabeça de uma facção que controla o tráfico em Rio Formoso, no Litoral Sul, e também atua em Tamandaré e no Grande Recife. Em 2022, ele foi investigado na Operação Manguezais, da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco-PE), que resultou em denúncia contra 41 pessoas em junho de 2024.
Cinco anos antes, a promotoria já o havia acusado de ser o chefe do Bonde Mete Bala (BMB), gangue ligada a uma série de assassinatos, em ações de “acerto de contas” pela disputa do tráfico na região, segundo os investigadores. As vítimas foram executadas com tiros no crânio.
Com vários antecedentes, Deda Vaqueiro responde por crimes de homicídio, organização criminosa e tráfico de entorpecentes. Ao todo, ele já foi condenado a mais de 30 anos de reclusão, ficou mais de 10 anos na cadeia e era alvo de sete mandados de prisão distintos.
Ele também chegou a ser acusado de arquitetar roubos em Sirinhaém em 2011. “O assalto acima descrito foi planejado pelo ex-presidiário Esdras Rodrigues Barros Silva, vulgo Deda, o qual havia se beneficiado com liberdade condicional”, diz a denúncia da época. Na peça, a promotoria o descreve como “possuidor de extensa ficha criminal”, “com fama de matador” e “conhecido como maior traficante da região de Rio Formoso”.
Aliança com facções do Nordeste
Já na denúncia da Operação Manguezais, obtida pelo Diario de Pernambuco, o MPPE afirma que Deda Vaqueiro conseguia usar celular e coordenar as atividades do bando, mesmo estando detido no Presídio de Igarassu, na Região Metropolitana, na época. A mulher do acusado também ajudaria a transmitir as mensagens.
Segundo o documento, o grupo liderado por ele tinha alianças com duas facções maiores: a Okaida, que atua na Paraíba, e o Sindicato do Crime, organização criminosa do Rio Grande do Norte. Os grupos atuavam como fornecedores das drogas que eram vendidas em Pernambuco.
O bando de Deda Vaqueiro faturava com o comércio de cocaína, maconha e crack, de acordo com a investigação. O esquema também envolveria lavagem de dinheiro, por meio da compra de patrimônios e de movimentações junto a empresários e comerciantes.
“Ele faz uso do dinheiro ilegal para comprar cavalos, terrenos e veículos, bens incompatíveis com o patrimônio lícito do ora denunciado”, afirma o MPPE, na denúncia.
Prisão
Os passos de Deda Vaqueiro já eram monitorados pela Polícia Civil e pelo setor de inteligência da Polícia Militar. Por informações coletadas pelos investigadores, ele teria chegado a se esconder em Exu, no Sertão.
O foragido foi capturado após os policiais localizarem e abordarem o veículo blindado usado por ele, um Toyota Hilux, que estava estacionado na Praça Joaquim Nabuco, em Glória do Goitá. Eram 16h40 da quinta passada.
Segundo os agentes, Deda Vaqueiro apresentou uma identidade falsa e, no momento da abordagem, estava desarmado. Já em um sítio que havia sido alugado pelo criminoso, na zona rural da cidade, os policiais encontraram três capas de colete balístico, além de uma pistola 9 mm e de uma metralhadora calibre .40, cada uma com três carregadores.
Também foram encontrados um alongador .45, um adaptador de carabina 9 mm e mais de 300 munições de diversos calibres. Os policiais apreenderam, ainda, uma pequena quantidade de maconha, uma balança de precisão, uma peixeira, cinco celulares, uma balaclava, dois binóculos, um relógio e R$ 1.025,50, em espécie.
As armas estavam escondidas embaixo da cama e o foragido foi autuado em flagrante. Em depoimento, os policiais afirmaram que ele não contribuiu com a investigação.
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