HOMOFOBIA
Passageiro é vítima de homofobia por parte de motorista por aplicativo: ''Parasita, vira homem''
O caso aconteceu no dia 7 de novembro em Candeias, em Jaboatão dos Guararapes
Por: Adelmo Lucena
Publicado em: 12/11/2024 19:08 | Atualizado em: 13/11/2024 15:32
O caso é investigado pela Polícia Civil de Pernambuco como ''racismo por homotransfobia'' (Foto: Reprodução/Whatsapp) |
Eram por volta das 6h de quinta-feira (7) quando o coordenador financeiro Paulo Rodrigo Lamenha, de 35 anos, abriu o aplicativo de corrida da empresa 99 para chamar um motorista para ir ao trabalho. Ao ver que alguém tinha aceitado a solicitação, Paulo pegou o celular e se deparou com a seguinte mensagem: “Você não passa de um pedaço de lixo na terra. Parasita, vira homem”.
Sem reação, o coordenador financeiro apenas fez uma captura de tela para registrar as mensagens homofóbicas que recebeu, antes do motorista, identificado no aplicativo 99 apenas como Matheus, cancelar a carona.
Paulo Rodrigo mora em Candeias, em Jaboatão dos Guararapes, e contou ao Diario de Pernambuco que já havia feito uma corrida com aquele motorista poucos dias antes. Na primeira viagem, não houve nenhuma intercorrência grave e, segundo Paulo, o motorista teria sido apenas rude nas atitudes.
No entanto, foi na solicitação da segunda corrida que o caso de homofobia ocorreu. “Eu não lembrava que era o mesmo motorista e só me toquei quando recebi as mensagens. Minha única reação foi ‘printar’, pois eram 6h10 da manhã e eu nem sabia direito o que estava acontecendo”, relatou o coordenador financeiro.
Paulo reportou o caso à empresa de corrida por aplicativo, que pediu desculpas pelo “desconforto”causado pelo motorista. Ainda na mensagem enviada ao cliente, a empresa informou que “não tolera tal conduta” e que o perfil do motorista será revisado e uma penalidade será aplicada com base no relato da vítima.
A 99 ainda destacou que não permitirá o emparelhamento entre o motorista e o passageiro para futuras viagens e ofereceu um cupom de desconto.
Após isso, Paulo conversou com uma advogada e decidiu denunciar o caso na Delegacia de Piedade. de acordo com a Polícia Civil de Pernambuco, o caso foi registrado como homotransfobia.
“A vítima alegou que solicitou uma viagem por aplicativo e após o aceite do autor, homem de idade desconhecida, passou a receber mensagens ofensivas. As investigações seguem em andamento”.
A LGBTfobia, também conhecida como homotransfobia, é o termo utilizado para as violências cometidas contra a população LGBTQIA+. São atitudes ou sentimentos negativos motivadas pela orientação sexual ou identidade de gênero.
A homotransfobia é considerada crime desde 2019, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) equiparou-a ao crime de racismo, com pena de 2 a 5 anos de reclusão. No entanto, muitos estados brasileiros ainda não fazem a coleta dos dados do crime
O caso é investigado pela Polícia Civil de Pernambuco como “racismo por homotransfobia” - seguindo a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou que os atos de homofobia e transfobia sejam enquadrados como injúria racial, sem direito a fiança, nem limite de tempo para responder judicialmente.
“Sou uma pessoa que teve o privilégio de fazer terapia, que a mãe aceitou e que vive em uma rede de amigos de suporte e que fortalece, acolhe e ampara. É pensando naqueles que não têm este privilégio que vou levar esse caso para frente [na Justiça]. O que a gente precisa como comunidade LGBT é se unir para que cale o opressor ”, declarou Paulo.
O que diz a 99
Por meio de nota, a 99 informou que “ lamenta e repudia veementemente qualquer tipo de discriminação. Assim que o relato foi registrado, uma equipe foi mobilizada para apurações internas e realizou o bloqueio do motorista e realizou contato com o passageiro para oferecer todo o suporte e acolhimento necessários”.
Segundo a empresa, há treinamentos e conscientização dos motociclistas parceiros por meio de iniciativas como a do Guia da Comunidade 99.
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