A saúde mental dos profissionais da segurança pública e a urgência de ações para a promoção da saúde e prevenção de adoecimento no setor foi tema de discussão de uma audiência pública realizada nesta quarta (6), pela Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), no auditório Ênio Guerra, na sede da instituição.
Uma das principais dificuldades apresentadas no encontro, realizado, foi a necessidade de ampliar os atendimentos para responder à demanda das polícias Militar e Civil. De acordo com a psiquiatra do Centro Médico Hospitalar da Polícia Militar e Corpo de Bombeiro de Pernambuco, capitã Ludmilla Vasconcelos, a unidade “só conta com três psiquiatras vinculados à PM para atender a todos os profissionais do estado e o último concurso para médicos foi em 2008”, informou.
O diretor de Recursos Humanos da Polícia Civil, Benedito de Oliveira, acrescentou que a situação da instituição é ainda mais delicada. “Se a PM tem três psiquiatras, nós não temos nenhum. Contamos com cinco psicólogos e dois assistentes sociais”, acrescentou Oliveira.
O estigma relacionado ao cuidado com a saúde mental também foi apontado no encontro como um desafio dentro das corporações.
“O meio policial não vê com simpatia a fragilidade e a vulnerabilidade. É importante ter clareza que isso são preconceitos. Esconder o que não está bem pode ser pior”, avaliou a chefe da Unidade de Estudos e Gerenciamento de Saúde e Valorização da Polícia Civil de Pernambuco, a psicóloga Ana Paula Veloso, que atua há 21 anos na instituição.
No entendimento da tenente-coronel Vanessa Santos, psicóloga do Núcleo de Saúde Mental da PMPE, “o grande desafio é humanizar o profissional sem fragilizá-lo”. Segundo ela, a PMPE adotou algumas medidas para enfrentar a questão como a criação do Núcleo que promove palestras, visitas e atendimentos online e presencial.
De acordo com a tenente-coronel, em 2024 foram realizados 334 atendimentos presenciais e 2.329 online para policiais da ativa. Ela informou, ainda, que 95% dos policiais acompanhados por psicólogos também são atendidos por psiquiatras.
"Temos psicólogo de plantão, publicamos a doutrina de saúde mental da instituição, estamos acompanhando a tropa de perto”, destacou.
O presidente da Associação Pernambucana de Cabos e Soldados, sargento Luiz Torres, ressaltou a necessidade de aumentar os atendimentos.
“É preciso trazer os profissionais de saúde para dentro dos batalhões, realizar palestras, aumentar o Programa Tamo Junto. Precisamos romper com o preconceito”, observou. “Em cada batalhão deveria haver atendimento”, reforçou o presidente da Associação de Praças Policiais e Bombeiros Militares, José Roberto Vieira.
O presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Saúde Mental da Alepe, deputado Joel da Harpa, comunicou durante o encontro que o colegiado seguirá acompanhando a situação dos profissionais de Segurança do Estado.
“A partir do que foi levantado neste encontro, vamos elaborar um diagnóstico geral e apresentar ao Poder Executivo. Vamos acompanhar e buscar do Governo uma atenção maior a essa área”, pontuou.
A iniciativa do debate foi da Frente Parlamentar em Defesa da Saúde Mental da Alepe, presidida pelo deputado Joel da Harpa (PL). Participaram ainda da audiência pública a diretoria de Articulação Social e Direitos Humanos da PMPE, representando o comando geral, e a representante do Conselho Regional de Psicologia de Pernambuco.