Por: Raquel Lima - Diario de Pernambuco
Publicado em: 20/06/2015 15:00 Atualizado em: 11/12/2015 17:12
"Demolidor" foi vista por 4,4 milhões de norte-americanos. Foto: Barry Wetcher/Reprodução |
São Paulo - Vigilante disfarçado de advogado, Matt Murdock (Charlie Cox) é o primeiro a peitar o maquiavélico presidente dos Estados Unidos Frank Underwood (Kevin Spacey). Os mundos fictícios dos dois não se cruzam, mas bastaram onze dias no ar para que Demolidor, primeira adaptação de quadrinhos da Marvel feita pelo Netflix, alcançasse 4,4 milhões de norte-americanos, ultrapassando o terceiro ano da aclamada House of cards, visto por 2,98 milhões de assinantes, nas contas do instituto Luth Research.
Com a estratégia de manter o máximo possível em segredo, o que se sabe, até agora, é que os roteiristas Douglas Petrie (Buffy) e Marco Ramirez (Sons of anarchy) assumem a cadeira do chefão Steven DeKgnight e devem mostrar uma versão ainda mais sombria do bairro de Hell’s Kitchen. Jon Bernthal, de The walking dead (Fox), foi contratado como Justiceiro, figura das mais queridas dos quadrinhos. Agora os rumores/teorias de fãs: Elektra está vindo; Wilson Fisk (Vincent D’Onofrio) sai da cadeia; o passado de Karen é revelado e Bullseye aparece. Será?
A jornalista viajou a convite do Netflix
"Desde o começo da série, tive a certeza de que nada estava no script por acaso", disse Charlie Cox. Foto: Alex J. Berliner/Reprodução |
Entrevistas >> Charlie Cox e Deborah Ann Woll
Demolidor não alivia na violência. Quão necessária ela é para contar a história de Matt Murdock?
Charlie Cox: Desde o começo da série, tive a certeza de que nada estava no script por acaso. Existia uma razão. Todos os movimentos tinham uma intenção e acho que um dos benefícios de ser assim é que você vê que a violência não é gratuita. Matt continua tendo que lidar com a natureza de se tornar um vigilante em busca da justiça. Essa consideração é importante para ele.
Deborah Ann Woll: Eu gosto de como a violência tem um preço para os personagens. De como não é fácil para Matt, nem fisicamente. Socar alguém causa dor.
Como foi aprender a lutar como cego?
Charlie: Quando o soco vem, Matt não o vê. Não com os olhos. O que é difícil, pois eu consigo ver os socos que vou levar. Então, tentei reagir de maneira diferente. Sustentando essa ideia na cabeça, de que ele não precisa virar para saber quem vem ou se esquivar. Teve muita coreografia. Os coreógrafos das lutas, com certeza, merecem crédito.
Depois da rejeição ao filme de 2003, com Ben Affleck, você se sentiu pressionado?
Charlie: Acho que quando se faz um papel que não é inédito, imediatamente, tem uma pressão. Você quer que as pessoas gostem da sua versão, mas - sejamos realistas - não há como agradar todo mundo. O tom e o personagem passaram por muitas mudanças nas HQs. A Netflix e a Marvel me escolheram, então, eu tive que identificar os elementos que eu já tinha para viver o papel e os que eu não tinha.
Karen é um personagem forte. Ela é um bom modelo para as mulheres?
Deborah: Espero que sim. Adoro os momentos em que ela é pressionada e vai além. Às vezes, você pensa que não pode ser assim e é importante para as mulheres, principalmente, as da nova geração, se sentirem confortáveis com seu próprio jeito.
Há essa ideia fixa na cabeça dos fãs de todos os personagens da Marvel estarem juntos. Como o Demolidor se encaixaria em um universo de super heróis?
Charlie: Em comparação com Os vingadores, Demolidor é completamente diferente, como Guardiões da galáxia também é. Mas, nos quadrinhos, o Demolidor não compete com ninguém. Ele não tem superpoderes, mas cumpre um papel dentro desse universo. Como a interação do Capitão América com o Homem de Aço. Acho que há, sim, um jeito de Demolidor coexistir nessa realidade.
Deborah: Se pensar em Os Vingadores, eles são diferentes, mas juntos funcionam. E os roteiristas conseguem encontrar um jeito de colocá-los todos juntos.
Vocês estiveram em outras séries de TV. Como esse processo de filmar todos os episódios de uma só vez é diferente?
Charlie: Adoro essa estrutura. Você não precisa convencer o espectador a voltar na semana seguinte, não há cliffhanger (recurso de suspense no fim do episódio). É mais parecido com gravar um filme.
Deborah: Outra diferença é que você não precisa contextualizar para o espectador no início do episódio o que já aconteceu. E o roteiro também não muda devido a críticas.