Polêmica
"Espero que revejam a punição", diz Cláudio Assis, sobre ser vetado da Fundaj por um ano
Diretor de Febre do Rato enxerga a punição como castigo para toda a equipe envolvida nas produção e aos espectadores
Por: Luiza Maia - Diario de Pernambuco
Publicado em: 31/08/2015 21:01 Atualizado em: 02/09/2015 17:05
Próximo filme de Cláudio Assis, "Big Jato", será lançado ainda em 2016. Foto: Asley Ravel/Divulgação |
O cineasta Cláudio Assis (Febre do rato, Baixio das bestas) lamentou a punição imputada a ele e ao colega de profissão Lírio Ferreira, após a celeuma causada pelos comentários e comportamento inconvenientes dos dois no sábado passado, no Cinema do Museu, em Casa Forte. De acordo com pessoas presentes ao debate com Anna Muylaert, diretora do filme Que horas ela volta?, após a exibição do longa, os dois tiveram posicionamento machista, misógino, homofóbico e gordofóbico.
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"Eu acho que cada coisa é uma coisa. Não tem que punir o filme, o público, os atores, a equipe, que trabalhou exaustivamente. Está punindo todo mundo. Se o erro foi meu e de Lírio, por que ninguém chegou lá e disse que estava incomodando? Espero que revejam a punição. Não tem nada a ver uma coisa com a outra", acredita. Durante o debate, após perceber o constrangimento causado, ele mudou de lugar (foi para as últimas cadeiras da sala) e permaneceu em silêncio.
Roteirista de Big Jato, próximo filme a ser lançado por Cláudio, e outros filmes dele e de Lírio, o cineasta Hilton Lacerda (Tatuagem) pondera. "Entre erros, opiniões pertinentes, oportunismos e tantas outras derivações, a proibição dos filmes nas duas salas me parece de um engano tão absurdo que me custa acreditar que isso siga adiante. Sejamos razoáveis", escreveu, no Facebook.
Nas redes sociais, vários artistas e espectadores se posicionaram com relação à proibição, como Karina Buhr, Marcelo Pedroso e Lais Vieira, além do diretor de Thales Junqueira, diretor de ator do filme, presente ao debate. "A cachaça bota pra lascar na gente, sim e muitas vezes amplifica nossas merdas, mas a merda amplificada aqui é bem séria e tem um nome: MACHISMO", escreveu Karina.
"Quanto ao que aconteceu, me acusar de machista, homofóbico? Interferi porque ela é minha amiga, queria mostrar meu orgulho. É a primeira vez que alguém é atrapalhado em um debate? Eu já fui. Houve excesso, e já pedi desculpas. E o que eu fiz com (Hector) Babenco", insiste. Em 2004, quando Babenco recebia o troféu de melhor direção por Carandiru no Grande Prêmio Tam de Cinema Brasileiro, foi chamado de imbecil e escroto pelo pernambucano, embriagado. Dias antes, Babenco havia chamado de burros os brasileiros, por terem elegido Lula.
O maquiador Marcos Freire, conhecido como Marquinhos, chamado de "viado" durante a sessão, reforça a amizade e o respeito dedicados a ele por Cláudio. "Eu sou amigo do Cláudio há mais de dez anos. Eles nunca foram homofóbicos. No momento em que deixaram entrar bebendo, eles se sentiram em um bar. E, num bar, se fala qualquer coisa. Ele não me chamou de bichona, mas viado, que é como sempre me chama. Quando cheguei ao palco, disse 'tu arrasa demais, viado' e me deu um beijo", relata.
Marquinhos questiona a punição imputada aos cineastas e chama Big Jato, de Cláudio Assis, cuja estreia deve ser ainda em 2015, de filmaço. "Acho que foram inconvenientes. Mas o Cláudio foi dormir lá no fundo, de tão bêbado que estava", complementa. Diante da repercussão, uma juíza o procurou para saber se ele queria tomar alguma medida legal.
O próximo filme de Claudio, Piedade, a ser rodado na praia pernambucana, tem roteiro de Anna Muylaert. Ela fez questão de solicitar a presença dele no evento no Cinema do Museu. Em seguida, os dois saíram, com outros conhecidos, para confraternizar em um bar na Zona Norte recifense.
Que horas ela volta? foi premiado nos festivais de Sundance, nos Estados Unidos, e Berlim, na Alemanha, e visto por mais de 350 mil pessoas - 150 mil na França. O longa é o principal candidato brasiliero a uma vaga entre os indicados a melhor filme estrangeiro do Oscar.
Confira o trailer:
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