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Nação Zumbi lembra Gonzagão, Lia e critica pessimismo na volta ao palco do último show com Science no Recife

Grupo mesclou músicas históricas dos mais de 20 anos de carreira com canções mais recentes

Banda pernambucana subiu ao palco por volta de 1h30. Foto: Brenda Alcântara/Esp. DP/D.A. Press

Foi uma noite de pouca conversa e muita música, cantada em uníssono pela plateia e acompanhada por rodas de pogo durante quase toda a apresentação da Nação Zumbi. No palco onde fez o último show no Recife com Chico Science, em 27 de setembro de 1996, a banda pernambucana desfilou, neste sábado, vários sucessos compostos pelo ex-líder da banda ícone do movimento manguebeat, mas também canções recentes, como Cicatriz, o primeiro single do disco lançado no ano passado.

[SAIBAMAIS]O clima de nostalgia contrastava, visivelmente, com as idades dos fãs presentes. Garotos de 20 e poucos anos – certamente crianças quando CSNZ estourou e quando a música pernambucana perdeu precocemente um dos principais ídolos, em um acidente de carro, no dia 2 de fevereiro de 1997 – gritavam empolgados, especialmente as músicas mais antigas, concentradas na segunda metade do show.

O repertório de cerca de uma hora e meia, iniciado pouco depois de 1h30, foi basicamente o mesmo apresentado no festival SummerStage, no Central Park, em Nova York, no dia 2 de agosto. Duas décadas depois, eles voltaram ao mesmo palco onde fizeram o primeiro show nos Estados Unidos, com participação de Gilberto Gil.

Poucas horas antes dos protestos contra o governo da presidente Dilma Rousseff, marcados para este domingo, Jorge mandou o recado dele. "A gente tem que ter otimismo. Reclamar é muito fácil. Já passei por situações piores", disparou, antes da canção Novas auroras, faixa do último álbum.

"Quando a gente entrou para passar o som, veio tudo de novo. É um prazer estar aqui de novo", comemorou o vocalista Jorge du Peixe, em uma das poucas alusões diretas aos quase 20 anos do histórico show. "Vamos fazer uma pequena viagem no tempo aí, para o tempo de Chico Science e Nação Zumbi", gritou, para delírio da plateia cheia e com ingressos esgotados, mas confortável em espaço, apesar do forte calor.

Fãs que eram crianças ou adolescentes quando Chico morreu eram maioria na plateia. Foto: Brenda Alcântara/Esp. DP/D.A. Press

Luiz Gonzaga foi lembrado dentro de Rios, pontes e overdrives, com trecho de O fole roncou, durante a apresentação da banda. O momento teve direito a roda de ciranda armada entre o público e performance de dança do percussionista Toca Ogan. Antes do bis, uma pausa para gritos das torcidas rubro-negra e tricolor, impulsionadas pela camisa do Santa Cruz empunhada pelo guitarrista Lúcio Maia, o mais empolgado sobre o palco.

As três músicas escolhidas para encerrar a noite, tirar todos do chão e transformar a pista em uma grande roda foram Etnia, A praieira (com Quem me deu foi Lia) e Quando a maré encher.

O rapper Black Alien, ex-integrante da lendária banda Planet Hemp, fez o show de abertura, já para uma casa cheia. A DJ pernambucana Lala K ficou responsável pela discotecagem antes e durante as apresentações.

Confira o repertório da noite:

Monólogo ao pé do ouvido

Defeito perfeito
Foi de amor
Bossa nostra
Infeste
Bala perdida
Hoje, amanhã e depois
Novas auroras
Meu maracatu pesa uma tonelada
Cicatriz
No olimpo
Cidadão do mundo
Maracatu atômico
Manguetown
Um sonho
Blunt of Judah
Banditismo
Rios, pontes e overdrives
Risoflora
Da lama ao caos

BIS

Etnia

A praieira

Quando a maré encher

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