Depois de percorrer quase todo o Brasil para respirar a essência das manifestações populares e vivenciar os mais diversos cantos e danças que contemplam a cultura brasileira, o recifense Antônio Carlos Nóbrega defende que é preciso rever os conceitos de cultura popular e cultura erudita. Como explica o artista, “a gente tende a guetificar o conceito de cultura popular”. Ao unir diferentes símbolos brincantes, Nóbrega criou o próprio estilo e concepção artística, e, por meio da dança contemporânea, procura expor o diálogo entre as matrizes corporais do mundo popular brasileiro.
[SAIBAMAIS] “Meu trabalho com a dança busca fazer o diálogo entre as matrizes construídas dentro de um extrato sócio cultural”, afirma o artista. Ao defender que a nossa raiz cultural também comporta certos aspectos ocidentais, Nóbrega ressalta que os padrões técnicos formais dialogam com a matriz popular: “Se a gente continuar colocando a cultura popular de um lado e a erudita de outro, criamos um distanciamento dentro da nossa própria história”.
Autor de inúmeros espetáculos e um dos nomes mais marcantes da arte no Brasil, o dançarino e pesquisador acredita que, pela mescla conceitual existente nas manifestações artísticas, a divisão tradicional de popular e erudito já está ultrapassada. “Há determinadas obras menos complexas e outras mais complexas, além daquelas que se requer um aprimoramento intelectual”, explica.
Ao misturar passos do frevo com o caboclinho, por exemplo, Nóbrega mostra como é possível contemporanizar o mundo simbólico e lúdico na dança contemporânea, e assim, misturar os conceitos de popular e erudito. “Quero fazer com que o universo simbólico fique mais compreensível dentro da realidade”, completa o artista.
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