Antes de arriscar os primeiros acordes ao violão e as primeiras melodias com a voz, Ana Carolina já demonstrava afinidade com a vitrola da casa onde morava na infância, em Minas Gerais. Entre os nomes que ressoavam no aparelho, Luiz Gonzaga, Chico Buarque, Maria Bethânia, Caetano Veloso e João Bosco. "Eles fazem parte do meu 'caldeirão' de influências. Conheço e me relaciono com suas obras desde que me entendo por gente", lembra. Após 25 anos de aulas intuitivas ao som de canções como Beatriz (Chico Buarque e Edu Lobo), a mineira uniu em um álbum, pela primeira vez, toda a musicalidade que havia desenvolvido a partir da observação. A fórmula que marcou, em 1999, o primeiro passo importante da carreira da cantora foi retomada no projeto Solo. O resultado será apresentado nesta sexta-feira (15), no Teatro Guararapes, a partir das 21h30.
No repertório, além de Garganta, Confesso, Pra rua me levar, entre outras composições próprias, Ana Carolina vai interpretar obras como Um amor puro, de Djavan, Coração selvagem, de Belchior, e Linha de passe, de João Bosco e Aldir Blanc. Das canções escolhidas para compor o show, Canção e silêncio, do petrolinese Zé Manoel, sintetiza a relação entre a artista e a música pernambucana. “Meu mundo musical não estaria completo se eu não tivesse conhecido, por exemplo, a obra de nomes como Luiz Gonzaga, Alceu Valença, Lenine, Johnny Hooker, Chico Science, Bezerra da Silva e tantos outros”, destaca. Sem banda, a cantora subirá ao palco acompanhada apenas por um violão, instrumento com o qual tem intimidade desde a adolescência.
Ao longo da carreira, a mineira somou mais de dez álbuns lançados e parcerias de sucesso como É isso aí, com Seu Jorge, e Entreolhares, com o norte-americano John Legend. Quando não está envolvida com a música, busca se expressar através de telas: “Há menos de 5 anos, comecei a me aproximar mais das tintas”. Para o show na capital pernambucana, a artista reservou o lado mais conhecido pelo público: “Vão ver Ana Carolina fazendo a música que ama”.
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No repertório de Solo há nomes como Chico Buarque, Caetano Veloso e Djavan. Eles estão entre suas influências musicais?
Eles fazem parte do meu "caldeirão" de influências. Conheço e me relaciono com suas obras desde que me entendo por gente. João Gilberto, Bob Dylan, Luiz Gonzaga, Gilberto Gil e tantos outros também fazem parte desse time, que deve ter algumas dezenas de componentes. Esse show é justamente a chance que tenho para cantar mais músicas de outros compositores do que minhas. Estou adorando fazê-lo e minha intenção é justamente a de variar esse "cardápio" e, aos poucos, poder homenagear os diversos compositores que me inspiram e provocam artisticamente.
Além desses compositores, há, também, uma canção do pernambucano Zé Manoel, Canção e silêncio. Qual sua relação com a música pernambucana?
Sou uma artista da MPB, e a produção pernambucana sempre esteve presente em minhas pesquisas. Gostaria de dar um destaque ao genial Dudu Falcão, que é um parceiraço, um cara que, além de talentosíssimo, é gente boa, e está sempre pronto pra resolver uma canção com boas ideias. Meu mundo musical não estaria completo se não tivesse conhecido, por exemplo, a obra de nomes como Luiz Gonzaga, Alceu Valença, Lenine, Johnny Hooker, Chico Science, Bezerra da Silva e tantos outros. A lista é enorme.
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Você também vai cantar Hoje, da funkeira Ludmila. Qual sua opinião sobre a atual música popular brasileira?
Pergunta complexa, precisaria de tempo e espaço para me aprofundar. A música é essa " caixa de ressonância" da nossa sociedade, é força de expressão do povo e, a cada nova "era", tem características próprias. De tempos em tempos, surgem movimentos, como o chamado Brock, ou clube da esquina, a tropicália e a jovem Guarda. Ritmos e estilos brotam do chão. É um país musical e cheio de personalidade, somos filhos da mistura. Essa canção surgiu de um pedido do Multishow para que eu fizesse um cover que fosse diferente do que já havia feito. Ouço muito o rádio do carro e Hoje é daquelas músicas que grudam na cabeça, como um bom hit que é. Trouxe ela para o meu universo, gostaram do resultado e eu também.
Um dos seus hobbies é pintar, como você começou a explorar esse outro lado artístico?
Já em meu CD Estampado comecei a desenhar, mas foi há menos de cinco anos que comecei a me aproximar mais das telas e tintas. Foi a partir de um projeto ligado à doença diabetes que a pintura chegou para ficar. Pintei diversos quadros para expor nos salões do show Ensaio de Cores. Parte da renda da venda dos quadros revertíamos para a causa. Queria que as pessoas fizessem o teste para descobrir essa doença, que muitas vezes é irreversível, se não detectada. O show, que seria feito apenas em duas temporadas, acabou durando dois anos, e pintei intensamente. Depois, acabei tomando gosto e mantenho a frequência. É algo que me transporta para um lugar que a música não havia me levado.
Além de pintar, o que você gosta de fazer quando não está trabalhando com música?
Gosto de ler e viajar, mas, invariavelmente, vou a museus, lojas de instrumentos, assisto a shows e tudo volta para a música. Não me lembro, sinceramente, de um só dia em que a música não estivesse presente. Também passei a editar meus vídeos, mas a música é o principal, é meu ofício, meu vício, meu meio de expressão.
No ano passado, você acompanhou a Parada da Diversidade de Pernambuco. Acredita que a fama deva ser usada para levantar bandeiras em prol da igualdade de direitos?
Como seres humanos devemos tornar nossa vida melhor, e isso acaba esbarrando no outro. É justamente esse o maior desafio da humanidade: conviver em sociedade, trocar experiências e informações. É válido tentar diminuir os preconceitos, mostrar que ninguém é melhor do que ninguém, e que todos queremos a mesma coisa: amar e ser amado.
O que os pernambucanos podem esperar do seu show?
Ana Carolina fazendo a música que ama.
Serviço
Solo
Onde: Teatro Guararapes (Avenida Prof. Andrade Bezerra, s/n, Salgadinho)
Quando: sexta-feira (15), às 21h30
Ingressos: R$ 160 (Balcão), R$ 200 (Plateia) e R$ 240 (Plateia especial), todos com meia entrada
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