[SAIBAMAIS]"Voltei Recife, foi a saudade que me trouxe pelo braço. Quero ver novamente Vassoura na rua passando abafando. Tomar umas e outras e cair no passo". Todo mundo acaba errando um trecho ou outro dos principais frevos tocados no carnaval do Recife e Olinda.
Com a proximidade da Folia de Momo, o Viver resolveu listar os dez frevos que (quase) todo mundo canta errado, para garantir que os foliões façam bonito nas ladeiras da Cidade Alta e nas ruas do Bairro do Recife, sem errar uma vírgula sequer.
Confira o roteiro de prévias e shows no Divirta-se
Na letra do Frevo nº 1 do Recife, de Antônio Maria, até Maria Bethânia, que gravou para a coletânea 100 anos de frevo, em 2007, tropeçou. Na canção, ela diz "Haroldo Matias", mas o correto seria "Haroldo Fatia", o autor do primeiro gol marcado no estádio da Ilha do Retiro.
Segundo o Maestro Forró, um dos homenageados do próximo carnaval, o improviso é recorrente na canção Oh bela!, de Capiba. "No refrão tem uma parte que todo mundo inventa, até cantores profissionais. Fica engraçado", comenta.
Os frevos Evocação nº 1 (1957), de Nelson Ferreira, e Valores do passado (Edgard Morais), são verdadeiros trava-línguas. Os versos citam diversos personagens e agremiações pernambucanas, uma casca de banana para os foliões pouco experientes. O maior desafio é no trecho "Lira do Charmion, Sem Rival/ Jacarandá, a Madeira da Fé/ Crisântemos, Se Tem Bote e /Um Dia de Carnaval", de Valores do passado.
"Até o Hino Nacional é comum as pessoas não saberem a letra", compara J. Michiles. Compositor de frevos como Bom demais e Me segura senão eu caio, famosos na voz de Alceu Valença, ele dá a fórmula para o sucesso. "Quando a letra é extensa, fica mais difícil decorar. O desafio é fazer aquela música que se ouve pela primeira vez e já sai cantarolando", comenta.
Confira as letras corretas dessas e outras canções tradicionais, como os hinos do Elefante de Olinda e do Ceroula.
Confira - e aprenda - as letras:
Frevo nº 1 do Recife (Antônio Maria)
Afinal, quem desconfiaria da interpretação de Maria Bethânia?
Ô ô ô saudade
Saudade tão grande
Saudade que eu sinto
Do Clube das Pás, do Vassouras
Passistas traçando tesouras
Nas ruas repletas de lá
Batidas de bombos
São maracatus retardados
Chegando à cidade, cansados,
Com seus estandartes no ar
Que adianta se o Recife está longe
E a saudade é tão grande
Que eu até me embaraço
Parece que eu vejo
Valfrido Cebola no passo
Haroldo Fatia, Colaço
Recife está perto de mim
Evocação nº 1 (Nelson Ferreira)
É como tabuada: tem que ler, reler, decorar e repertir nas ladeiras.
Felinto, Pedro Salgado,
Guilherme, Fenelon
Cadê teus blocos famosos?
Bloco das Flores, Andaluzas
Pirilampos, Apôis fum
Dos carnavais saudosos
Na alta madrugada, o coro entoava
Do bloco a Marcha-regresso
Que era o sucesso dos tempos ideais
Do velho Raul Moraes
Adeus, adeus, minha gente
Que já cantamos bastante
Recife adormecia
Ficava a sonhar
Ao som da triste melodia
Valores do passado (Edgard Morais)
Outro desafio de memória!
Bloco das Flores, Andaluzas, Cartomantes
Camponeses, Apôis Fum e o Bloco Um Dia Só
Os Corações Futuristas, Bobos em Folia
Pirilampos de Tejipió
A Flor da Magnólia
Lira do Charmion, Sem Rival
Jacarandá, a Madeira da Fé
Crisântemos, Se Tem Bote e
Um Dia de Carnaval
Pavão Dourado, Camelo de Ouro e Bebé
Os Queridos Batutas da Boa Vista
E os Turunas de São José
Príncipe dos Príncipes brilhou
Lira da Noite também vibrou
E o Bloco da Saudade, assim, recorda tudo que passou
Me segura que senão eu caio (J. Michiles)
Aqui, tem que segurar a respiração para não cair nos primeiros versos!
Nos quatro cantos, cheguei
E todo mundo chegou
Descendo ladeira
Fazendo poeira
Atiçando o calor
E na mistura colorida da massa
Fui bater na praça a todo vapor
Descambei, passando pelos bares
Cheirei a menina e voei pelos ares
No pique do frevo, caí como um raio
Me segura que senão eu caio
Me segura que senão eu caio
Voltei, Recife (Luiz Bandeira)
Vassoura passando, né? Não. Abafando!
Voltei, Recife
Foi a saudade
Que me trouxe pelo braço
Quero ver novamente "Vassoura"
Na rua abafando
Tomar umas e outras
E cair no passo
Cadê Toureiros?
Cadê Bola de Ouro?
As Pás, Os lenhadores
O Bloco Batutas de São José?
Quero sentir
A embriaguês do frevo
Que entra na cabeça
Depois toma o corpo
E acaba no pé
Hino do Elefante de Olinda (Clídio Nigro / Clóvis Vieira)
Muita gente insiste em puxar para si, mas a ideia é saudar o carnaval das ladeiras...
Ao som dos clarins de momo
O povo aclama com todo ardor
O elefante exaltando as suas tradições
E também seu esplendor
Olinda, este meu canto
Foi inspirado em teu louvor
Entre confetes, serpentinas, venho te oferecer
Com alegria o meu amor
Olinda, quero cantar
A ti, esta canção
Teus coqueirais, o teu sol, o teu mar
Faz vibrar meu coração
De amor a sonhar, minha olinda sem igual
Salve o teu carnaval
Hino do Ceroula
Quando a letra chega nos nomes dos astronautas, todo mundo dá um gole na cerveja...
Eu vou esse ano pra lua não é privilegio foguete já tem
Eu quero ver se o carnaval de rua
De Collin, Aldrin e Armstrong falam que vai bem...
Eu quero ver se tem troça que escolha
Como em Olinda que tem a Ceroula
Pois para mim já seria legal
Passarei lá na lua todo o carnaval (bis)
Eu quero ver se tem troça que escolha
Como em Olinda que tem a Ceroula
Pois para mim já seria legal
Passarei lá na lua todo o carnaval
Oh Bela! (Capiba)
Esta foi denunciada pelo maestro Forró
Você diz que ela é bela
Ela é bela sim senhor
Também poderia ser mais bela
Se ela tivesse meu amor (BIS)
Bela é toda natureza, ô bela
Bela é tudo que é belo, ô bela
O sorriso da criança
O perfume de uma rosa
O que fica na lembrança
Bela é ver um passarinho, ô bela
Indo em busca do seu ninho, ô bela
Todo mundo se amando
Com amor e com carinho
Um sorrindo, outro chorando
De amor, de amor
Bom Demais (J. Michiles)
Mesura significa cumprimento cerimonioso, reverência, cortesia. Você sabia?
Eu tenho mais que tá nessa
Fazendo mesura na ponta do pé
Quando o frevo começa
Ninguém me segura
Vem ver como é
O frevo madruga
Lá em São José
Depois em Olinda
Na Praça do Jacaré
Bom demais, bom demais
Bom demais, bom demais
Menina vem depressa
Que esse frevo é bom demais
Bom demais, bom demais
Bom demais, bom demais
Menina vamos nessa
Que esse frevo é bom demais
Frevo Mulher (Zé Ramalho)
Não é tão fácil explicar "Veneno meu companheiro/ Desata no cantador"...
Quantos aqui ouvem os olhos eram de fé!
Quantos elementos amam aquela mulher...
Quantos homens eram inverno outros verão...
Outonos caindo secos no solo da minha mão!
Gemeram entre cabeças a ponta do esporão
A folha do não-me-toque
E o medo da solidão
Veneno, meu companheiro
Desata no cantador
E desemboca no primeiro açude do meu amor
É quando o tempo sacode a cabeleira
A trança toda vermelha
Um olho cego vagueia
Procurando por um!
Leia a notícia no Diario de Pernambuco