Literatura Motéis brasileiros inspiram livro de escritor francês O antropólogo Jérôme Souty lança o livro Motel Brasil: uma antropologia dos Love Hotels, no qual analisa essa instituição tipicamente brasileira

Por: Correio Braziliense

Publicado em: 16/01/2016 15:46 Atualizado em:

Motéis brasileiros ganham fotos e análises no livro francês. Foto: Jerome Souty/Divulgação
Motéis brasileiros ganham fotos e análises no livro francês. Foto: Jerome Souty/Divulgação


O motel como local destinado ao sexo é uma concepção tipicamente brasileira. Esse detalhe fisgou a atenção do antropólogo francês Jérôme Souty. Radicado no Rio de Janeiro desde 2004, ele começou a observar e a pesquisar o lugar dessa instituição na sociedade brasileira. O resultado está em Motel Brasil: uma antropologia dos Love Hotels, recém-publicado, em francês, pela Riveneuve Éditions, e já em processo de tradução para o português.

“No começo, estranhei muito esse lugar”, conta Souty. “Na Europa, o motel não existe, eu não entendia aquilo. Tem esse estranhamento e também a parte visual, que me interessou bastante, a dimensão dos prédios, as fachadas, o cenário e a decoração interna dos quartos. É muito heteróclito, misturado.”

Fotografias e muitas entrevistas com clientes, empregados e gerentes, assim como a etnografia de alguns estabelecimentos, formaram a base para a pesquisa. Aos poucos, Souty passou a compreender o motel como um lugar central no modo de viver brasileiro: todo mundo vai, independentemente da idade, desde que maior de 18 anos, e da orientação sexual. “Quase todo mundo já foi uma vez num motel”, constata o antropólogo.

Ele entendeu também que podia falar da sociedade urbana contemporânea e da sociedade brasileira inteira a partir da reflexão sobre o hábito de frequentar o motel. “É um lugar limiar, é um pouco afastado, transgressivo e tem a questão do mau gosto. Por outro lado, é muito central, todo mundo vai. Achei muito interessante, é um lugar diferente, singular da sociedade contemporânea”, reflete.

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