Conforto e sobriedade. Essas devem ser as palavras de ordem na composição do guarda-roupa do próximo ano - ou, ainda, na seleção de peças entre o figurino já acumulado no armário. O primeiro vislumbre dessa tendência veio em setembro, quando a Pantone cumpriu a tradição de anunciar as cores do novo ano e substituiu o tom marsala (bordô) de 2015 pelo rose quartz (rosa pastel) e pelo serenity (azul pastel). Na ocasião, Leatrice Eiseman, diretora executiva do Instituto de Cor da Pantone, justificou a escolha com a aparente necessidade de tornar o mundo mais calmo.
Tons como peach echo (laranja queimado), snorkel blue (azul cobalto) e lilac gray (lilás acinzentado) também integram a cartela de cores recomendada pela pesquisa. Ajudam a balancear a combinação clássica entre preto e branco, aposta dos bastidores da moda para 2016. O visual andrógino, as peças mais soltas e confortáveis, a estética grunge dos anos 1990 e o minimalismo também acompanham o novo calendário, recebido com apostas e dicas de estilistas pernambucanos listadas pelo Viver.
Cris Moura
Para Cris Moura, roupas mais confortáveis serão a tendência principal. “Peças que remetam à estética dos anos 1990, à cultura punk, grunge. A moda de rua aliada ao minimalismo”, explica o estilista. Em relação à paleta de cores, ele prefere não limitar as opções, mas aponta o preto e o branco como promissores - “são elegantes, básicos.” Produções sportwear e modelagens com lycra ou tecidos mais soltos ganham espaço, compondo visual despojado, despretensioso. O objetivo, segundo ele, é causar o efeito “não me arrumei muito, mas estou legal porque já sou incrível, sem esforço.” Na maquiagem e nos acessórios, o minimalismo também é palavra de ordem, extensão do boom do street style da década de 1990. “Quando você está com uma camiseta básica, porém, tem liberdade de ousar, escolher acessórios mais extravagantes”, comenta Cris.
Flávia Azevedo
A partir da escolha da Pantone para 2016, o tom rose, Flávia valoriza a busca pelo “aconchego perdido com a tecnologia” e aponta o uso de tons de rosa como tendência - entre roupas, maquiagem e decoração de ambientes. Os vestidos em formato “A”, característicos dos anos 1960, voltam à tona. “Além disso, texturas, sobreposição, acabamentos esfiapados, assimetria, brasilidade”, lista Flávia. Apesar de beber na fonte da Pantone nas próximas coleções, ela pretende continuar a assinar peças com predominância do preto e do branco, já tradicionais na marca Club Noir, criada pela estilista.
Eliane Mello
Para a estilista, cuja última coleção explorava os cactos e as palmas do Sertão pernambucano, as estampas são tendência em 2016. Peças mais amplas e confortáveis devem dominar as modelagens. “Refletem a busca pelo conforto, a adaptação ao calor intenso do nosso verão”, comenta Eliane. Seda, linho e malha de algodão vão compor a trama do figurino. As peças desenham o corpo sem marcá-lo - “criando uma sensualidade despretensiosa.” Para os complementos, peças manufaturadas: produtos artesanais, sementes, biojoias. O salto alto dá lugar, segundo Eliane, às rasteiras e sandálias mais confortáveis.
Sindel Medeiros
Dedicada à moda festa, a estilista pernambucana Sindel Medeiros aponta os anos 1950 como referência para o ramo no próximo ano. “Comprimento midi, modelagem acinturada, recortes que valorizam o busto e as costas”, detalha. A renda e a transparência, em voga há muitas temporadas nos vestidos de baile, devem permanecer. As modelagens, porém, ganham ares de nobreza. Bordados feitos à mão e roupas artesanais ganham destaque, com aplicações que exigem até 40 horas de produção manual. Dos anos 20, Sindel aposta no retorno das pedrarias, do brilho e da estética jazz. “Rosa antigo, azul marinho, vinho escuro, cinza chumbo, prata e dourado metalizados”, elenca Sindel, em relação às cores do próximo ano.
Chico Marinho
A androginia, para Chico Marinho, é o ponto mais forte entre as previsões para 2016. “Essa tendência de misturar roupas do guarda-roupa masculino e feminino vem se fortalecendo nas passarelas, nas ruas”, comenta o estilista. Para ele, o equilíbrio está entre o visual andrógino roqueiro (Mick Jagger) e o andrógino romântico (bastante desfilado nas passarelas da Gucci). “O perfil andrógino é jovial, nerd, meio romântico. É difícil definir se os personagens são homens ou mulheres”, define. O branco, para o estilista, será a cor do ano, acompanhado do preto e, em menores proporções, dos tons de rosa queimado. “O azul deve ganhar força no segundo semestre, assim como um amarelo forte.” Os anos 1920 e 1960 devem ditar as modelagens e trazer de volta as saias godê. Dos anos 1980 e 1990, vêm as silhuetas esportivas e amorfas do grunge e do street style.
João Battista
A paleta de cores de fim de ano e dos próximos meses é fria, segundo João Battista, que toma por base a demanda da clientela do atelier. “A moda é reflexo do contexto social”, crava o estilista, que aposta nos tons pastéis e na cor cinza. O grafite escuro, próximo do chumbo, também está na lista de cores. A modelagem feminina, segundo ele, ganha toques da alta costura, mais estruturadas e com cintura marcada. Cores neutras devem dominar os acessórios, enquanto os calçados surgem mais firmes, básicos. “Cores e estampas estão cada vez mais sóbrias.”
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