Fora os EUA, são poucos os países que conseguem fazer bons filmes de ação. Japão, Inglaterra, Índia, França, Hong Kong e Coreia do Sul são algumas das exceções. O Brasil às vezes tenta, mas as melhores produções nacionais são aquelas que fazem rir e restringem-se ao circuito B. Entre os últimos casos brasileiros estão 2 Coelhos, Entrando numa roubada e Segurança nacional, mais criticados do que elogiados, além dos policiais Operações especiais e Alemão. Mais uma tentativa acontece com Reza a lenda, que está nos cinemas.
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Por causa dos atores famosos, dos patrocinadores, da campanha publicitária e da maneira como são usados alguns recursos (imagens aéreas, perseguições, câmeras lentas, explosões), Reza a lenda parece uma superprodução. Entretanto, o resultado fica mais divertido se o público encará-lo como um filme B. O longa-metragem com Cauã Raymond e Sophie Charlotte não chega a ser um clássico trash como Cinderela baiana ou A paixão de Jacobina, mas gera risadas irresistíveis em cenas que foram feitas para transmitir tensão.
Algumas sequências e personagens funcionam. O ator pernambucano Jesuíta Barbosa, como coadjuvante, está bem para o que lhe pediram e o global Humberto Martins combina com o papel do coronel violento e caricato. O visual punk da gangue liderada pelo personagem de Cauã Raymond não faz vergonha, apesar de ser um grupo totalmente deslocado do contexto do sertão nordestino onde se passa a trama.
Já a seita comandada por um messias interpretado por Julio Andrade, com rituais ao som de um iPod, beira o ridículo, situada entre uma rave tribal e um acampamento malabarista. Há ainda cenas que não transmitem a alta velocidade pretendida e outras que parecem esconder a ação por falta de recursos (ou porque algo não funcionou nas filmagens). A personagem de Sophie Charlotte começa forte, mas, por causa de ciúme, aos poucos revela submissão em relação ao namorado. A estreante Luisa Arraes é praticamente um objeto na história, apesar do esforço da atriz.
Ambientado em um sertão seco coberto pela caatinga, Reza a lenda combina elementos de faroeste, cangaço e ficção científica pós-apocalíptica, com influência de videoclipes de artistas como MIA (mas sem o mesmo conteúdo político). A época em que se passa a história não é explícita, mas parece atual (apesar da improvável combinação de aspectos culturais). A direção é do cineasta paulista Homero Olivetto, que dedicou a carreira à publicidade e a vídeos musicais (além de ser um dos roteiristas de Bruna Surfistinha).
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PERNAMBUCANOS
Filmado entre Petrolina e cidades da Bahia, Reza a lenda tem a participação de alguns artistas atuantes em Pernambuco, como o músico Maciel Salu e os atores Pedro Wagner, Arilson Lopes, Sandro Guerra, Márcio Fecher, Soraya Silva e Clébia Souza, além de Jesuíta Barbosa e a carioca Luisa Arraes (filha dos pernambucanos Virgínia Cavendish e Guel Arraes, co-produtor do filme).
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