Aos 39 anos, o baiano Wagner Moura ainda desfruta dos primeiros momentos como estrela internacional em ascensão na cena do showbusiness norte-americano. Embora tenha contracenado com Matt Damon e Jodie Foster em Elysium, ficção científica de 2013 dirigida por Neill Blomkamp, foi somente no ano passado, com o papel de Pablo Escobar, em Narcos, que os holofotes de Hollywood viraram para ele. Entrevistado na última sexta-feira (8) por Jimmy Fallon em um dos principais talkshows da tevê estadunidense, Wagner concorre neste domingo (10) ao Globo de Ouro de Melhor Ator pelo protagonismo na série da Netflix. Os concorrentes são Liev Schreiber (Ray Donovan), Bob Odenkirk (Better call Saul), Rami Malek (Mr. Robot) e Jon Hamm (Mad men).
Apesar de dar as caras ao público mundial com ar de estreante, o brasileiro tem vasta e consolidada carreira no teatro, na tevê e no cinema. E não estamos falando apenas do fenômeno Capitão Nascimento, seu personagem mais marcante, nos longas Tropa de Elite e Tropa de Elite 2. No currículo, são 23 filmes, nove séries, sete peças e pelo menos duas dezenas de prêmios.
No horizonte de próximos trabalhos, está a direção de um longa-metragem sobre o guerrilheiro Carlos Marighella, baseado na biografia escrita por Mário Magalhães. Como ator, está confirmado no elenco do remake do clássico de 1960 Sete homens e um destino, com estreia prevista para 2017.
Envolvido com dramaturgia desde muito jovem, em grupo surgido no colégio, Wagner Moura se formou em jornalismo e chegou até a trabalhar na área. A intimidade com o palco, contudo, falou mais alto e o fez investir na carreira ao lado de Vladimir Brichta e Lázaro Ramos. Hoje bastante popular, o trio baiano ganhou evidência em 2000, ao estrelar a peça A máquina, do pernambucano João Falcão, que chegou a circular por várias capitais, inclusive o Recife. No mesmo ano, estreou no cinema, atuando em dois curtas e com um pequeno papel em um longa.
Os papéis de destaque só vieram em 2003, quando a carreira engrenou com filmes como Deus é Brasileiro e Carandiru. A partir de então, se dividiu entre o cinema e a televisão, onde atuou em produções como A lua me disse e JK. A trajetória de ascensão o levou até outro ponto de virada, o ano de 2007, quando explodiu nas telonas, com Tropa de Elite, e também nas telinhas, como o vilão Olavo, da novela Paraíso tropical, de Gilberto Braga.
Mais recentemente, mostrou versatilidade ao interpretar o vigarista Marcelo Nascimento em VIPs e bastante sensibilidade nos papéis dramáticos de A busca e Praia do Futuro. Na preparação para Narcos, passou seis meses na Colômbia estudando o idioma. Também precisou engordar bastante. Quando a série foi finalmente disponibilizada, Wagner teve a atuação elogiada, mas o sotaque criticado. A indicação ao Globo de Ouro, portanto, vem somente coroar a excelente fase do brasileiro.